A edição batizada de V99, da conceituada revista de moda V Magazine, está prestes a ser lançada. A editora convidada para essa edição, Lady Gaga, publicou no site da revista, uma carta falando sobre a edição histórica de 16 capas. Leia a tradução completa.

V Magazine V99

"Há algo na moda que é crucial para a minha existência. Não apenas pelo significado de sua definição, que é essencial e necessária para minha felicidade, sim – mas, mais importante, a moda é a cruz pendurada na minha igreja. É a âncora no meu artístico local de culto.

Quando eu pensava no que escrever para vocês, eu conjurei uma visão dos meus amigos como a “guarda da moda”. Todas as pessoas que influenciaram não apenas a mim, mas o mundo, por décadas e gerações. Eu queria que eles se enfileirassem em sua glória. Esta edição seria a academia real da moda, na qual eu usaria a V Magazine como uma carta de amor apropriada para a comunidade da moda e da arte.

Mas eu não posso usar este conceito para a edição porque isso deixaria de fora muitas pessoas lendárias e significativas que ainda agraciarão as capas da V. Eu nem comecei a me aprofundar sobre o meu relacionamento com Donatella e Allegra Versace e Nicola Formichetti, as minhas colaborações com Hussein Chalayan e Alaïa, o meu interior adorando Marc Jacobs quando jovem, o arco íris de jovens designers com quem eu tenho várias histórias do tipo “Eu os conheci quando...”, meus encontros engraçados com Anna Wintour, ou os segredos que eu conheço dos muitos lugares que fui – nada muito bom ou que valha a fofoca (bem, alguns são, na verdade). Eu apenas comecei a arranhar a superfície do que eu conheço com esta edição.

Então o que eu tive que encontrar em mim mesma foi algo muito maior do que um conceito para uma edição. Eu entrei fundo na floresta do meu coração para o conceito de todas as edições. O manifesto. O local de culto. Eu quero que isso exploda a conversa da moda com as coisas mais polêmicas e incríveis: moda e imagens que não querem vender nada, um parque para que todos os grandes nomes se juntem e quebrem as regras, um lugar onde podemos nos sentir livres para deixar a política da moda para trás.

Os meus “humanos das capas” dividem algo profundo que eu observei em mim mesma desde que eu era uma jovem criança. É a habilidade de, através de nossa tristeza, como criativos, encontrar uma fresta de fantasia e esperança através da nossa arte. Todas as pessoas na capa exemplificam a arte ou tema de alguém que é o curador chefe de sua própria vida. Eu escolhi a palavra “curador” para insinuar, também, a natureza curativa do meio em que eles estão. Eles curam a si mesmos criando, e depois nos curam ao dividir isso. Todas as pessoas nas minhas capas me curaram de alguma forma, e eu acho que se criou uma paz entre nós quando colaboramos entre nossas histórias elaboradas. O que eles deram para mim e para uns aos outros foi um entendimento único da solidão e da paixão – quando você pode olhar diretamente para o abismo de seu próprio vazio, como uma tela em branco, e se sentir encantado."

Tradução por Daniel Corzo