Nesta sexta-feira (21), Joanne ganhou mais uma crítica positiva no Metacritic pelo portal The Line Of Best Fit.

Confira a review completa traduzida:

NOTA: 75

Lady Gaga é um nome forte na música, ocupando o seu espaço próprio e dividindo opiniões desde a sua chegada repentina em 2008.

Para alguns, o seu nome é uma abreviação do nome de uma canção, alguém que é uma imitadora assídua, apenas um produto de suas influências. Para outros, ela é um ícone pop inovador, uma força carismática e uma sacudida no sentidos. Para muitos outros, ela é as duas coisas.

Gaga comanda diferentes personas em vários níveis de efetividade, mas é às vezes acusada de insinceridade (embora artistas masculinos tenham a total liberdade de brincar com as suas identidades). Apesar de que seja direito dela de brincar com personagens, o problema vem quando alguns desses personagens parecem menos completos que outros. Por exemplo, a sua última tentativa com ARTPOP, em 2013, foi recebida com diversas críticas, e parecia que ela estava se afogando em suas próprias ideias sobre o que era ser um artista. O álbum tinha músicas boas e singles fantásticos, mas pareceu que Gaga estava atrás de uma ideia, um conceito, para se prender. Não pareceu completamente honesto.

Quando ela erra, muitas vezes parece ser porque ela pensou demais, focou demais em um conceito ao invés da música, obcecada com a entrega mas esquecendo o conteúdo, adotando uma ideia que não se encaixava; como um esforço constante em ser uma pop star, o que meio que a transforma em uma criação de Josie and the Pussycats feito por um magnata dos cartoons, e tudo o que ela diz para evitar a sua própria expressão. Ao contrário, quando ela está em seu melhor, quando ela apenas consegue — Paparazzi, Applause, Bad Romance, The Edge Of Glory — somos presenteados com refrões matadores, melodias incríveis e ganchos inegáveis. Tudo se encaixa perfeitamente sem esforço algum; é real, eletrizante, pop.

Um tempo atrás, quando se começou a falar de seu novo álbum, nos foi prometido uma Gaga de volta às suas raízes, deixando de lado poses supérfluas. Nós ficamos animados. Esperamos ansiosos para o seu retorno em Perfect Illusion. Nós queríamos tanto tê-la de volta. Mas o resultado pareceu sem inspiração, como um exercício vocal ao invés de uma música. Em um irônico resultado refletindo o seu título, pareceu um testemunho falso, um novo vestido de carne. Não parecia que ela estava se divertindo tanto. Ela queria nos lembrar o porque a amamos e pensou que fosse a sua voz, quando era apenas ela, e nós não conseguíamos ver por de trás da cortina, através de seus vocais gritantes. Pareceu tão fora de ordem que nós não poderíamos fazer nada além de temer por Joanne.

A faixa de abertura, Diamond Heart, nos lembra que não deveríamos ter nos preocupado nunca; Gaga está de volta ao trabalho. Merda, é eletrizante, o refrão voltou para o topo de suas prioridades — apesar de ser um pouco baixo, mais do que deveria — mas parece que ela está se divertindo de novo. A letra remete aos seus dias de go-go dancing; você consegue dizer que ela está te levando às suas raízes, mas tudo bem, já que a música é tão divertida. Um espírito cheio de energia que te carrega à obscena e viciante A-YO.

Depois temos a faixa título, que é muito bonita, um tributo à sua tia falecida e é um toque genuíno. Sua voz é encantadora, porque como tudo relacionado à Gaga, é melhor quando é permitido acontecer, segurando um poder cheio de emoções.

John Wayne é música teatral, country, servindo da propaganda de Gaga para outro “homem selvagem” em sua vida com solo de guitarra por Josh Homme, embora você poderia ouvir sem perceber nada. A gente apenas deseja que ela o tivesse deixado se perder naquele solo, mas do jeito que está, qualquer potencial para um solo épico é apagado por conta das edições. Ela carrega o espírito country até Sinner's Prayer que, apesar de sólida, se beneficiaria se não soasse como se ela estivesse cantando em um karaokê.

Dancin' in Circles é uma canção meio reggae que lembra o No Doubt, cheia de promessas, onde Gaga fala sobre o seu eu esforçado: "Acordada a noite toda tentando esfregar a dor” (oras, uma garota tem que ter um hobby). Ela se prova como uma verdadeira mestra das baladas com a narrativa de Million Reasons enquanto Come to Mama é a sua tentativa de nos falar que devemos todo nos amar — algo que soaria falso vindo de qualquer outra pessoa, mas cantado com uma convicção idealista por ela em uma canção que lembra a Broadway e é apenas pop brilhante. Ela colabora com Florence Welch na inspirada Hey Girl, uma música que nos remete ao Prince, que valoriza a solidariedade feminina. Talvez alguns ajustes nos vocais teriam caído bem, mas mesmo assim temos uma momento genuíno aqui.

Existem peças soltas que se tivessem sido encaixadas, teriam feito esse álbum perfeito. O CD conta com uma vasta lista de colaboradores — Beck, Josh Homme e Father John Misty — mas eles não deixam suas marcas muito aparentes e isso talvez seja culpa de Gaga; um pouco mais de refinamento teria feito muito bem. Ainda, a presença Mark Ronson é bem pesada aqui, ele parece que tenta moldar Gaga a músicas de comerciais de tv.

Um álbum Pop com P maiúsculo, quando Gaga falou sobre voltar às raízes, ela obviamente quis dizer fugir das pretensões - Joanne é um inconfundível passo escorregadio. Mas ela voltou a apenas escrever músicas boas e isso é maravilhoso. É sem vergonha. Ter um álbum tão pessoal e cru de Gaga é um pouco confuso enquanto ela está acostumada ao grandioso, mas não tem nada de errado com isso. Quem sabe quanto tempo essa era da Gaga irá durar, se ela vai ou não se cansar de um alter-ego sendo tão próximo de sua personalidade? Esperamos que ela fique.

É fácil ser crítico sobre alguém quando a pessoa se eleva a uma altura tão grande e pode ser difícil julgar o esforço da Gaga, independente das suas às vezes caóticas trajetórias, julgando o Joanne pelo o que ele é. Ele não é perfeito, pois vemos a Gaga jogando para todas as direções, mas são músicas que combinam por causa de um sentimento em comum. Há bastante calor aqui, muito o que é humano, e muito para se amar. A sua presença é visível. O sentimento da dramática, dedicada a violenta faixa de encerramento, Angel Down, onde ela expressa a sua esperança ("eu sou crente")* é uma despedida decente, expressando a fé abalada do ouvinte sendo restaurada.
* crente no sentido de crer, acreditar.


Notas de álbuns anteriores:

ARTPOP: 60

FONTE

Tradução por Aloisio Kreischer

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Revisão por Vinícius de Souza