Referindo-se à artista como uma tripla ameaça, expressão usada para dizer que uma pessoa possui múltiplos talentos, a Billboard publicou, nesta semana, uma lista contendo as 10 canções mais ousadas de Lady Gaga.

Algumas das canções listadas são de autoria da própria cantora, enquanto outras, como o medley em tributo à David Bowie, executado na cerimônia do Grammy Awards 2016, ela apenas usou sua voz para interpretá-las.

Confira a seguir o artigo:

"Lady Gaga merece ser celebrada como uma das cantoras que mais se supera na música pop. Gaga é remanescente de um clássico do showbiz de ameaça tripla, como Judy Garland e quem mais desde os dias de Madonna e Michael Jackson tem desejado tudo isso tão claramente?

A mulher por trás dessas músicas não é somente uma estudante de canto e dança, mas também de teatro e outras dimensões da arte e de palco que são mais complexos de abordar. Basta dizer, seus talentos de improviso tanto musicais quanto líricos são tão bem adequados, tanto nos moldes do pop clássico como são em explorar novos territórios criativos. Nesse espírito, nós celebramos 10 de seus trabalhos mais aventureiros.

Speechless, The Fame Monster, 2009

O debute do álbum The Fame de Lady Gaga foi quase uniformemente devotado ao certeiro dance-pop, mas seu apêndice, The Fame Monster, se alongou em pastiches diferentes de qualquer coisa dos charts contemporâneos de 2009. No caso em questão, seria a balada com piano de corda e guitarra que poderia ser a melhor música do Elton John dos últimos 20 anos. E sem o formato compacto de sintetizadores e bateria programados, essa foi a primeira vez que os fãs puderam realmente ouvir sua voz e se elevar para capacidades completas. "Bad Romance" foi o clássico instantâneo, mas "Speechless" foi nossa introdução do quanto Gaga pode fazer.

**Pastiche é um trabalho de arte visual, literatura, teatro ou música que imita o estilo ou as características do trabalho de um ou mais artistas. É uma espécie de montagem, mas não significa necessariamente uma paródia.

Americano, Born This Way, 2011

O vídeo de Gaga de "Paparazzi" e a performance inovadora no VMA, nos mostrou o seu desejo de casar os saltos e investidas da Broadway para o eletro pop, mas a batida modulada de Mariachi de "Americano", do seu segundo álbum, teve o mesmo efeito sem um elemento visual. Ela faz um dueto com ela mesma em Espanhol e Inglês, chamando e respondendo um animado choro de "A la la, Amer-i-ca, Americano", tudo seria impressionante o suficiente se a então artista que mais vendia no país, não estivesse se esgueirando em uma história de amor lésbica e em um protesto sutil das leis do casamento gay.

Hair, Born This Way, 2011

Born This Way foi um álbum longo, uma flexão de músculos estilistas feitos do uso inovativo de dispositivos pop que ainda não tinham sido escavados, mesmo em uma era cheia de retornos de sons nostálgicos. Mas enquanto há muito a dizer sobre a E Street Band, de Bruce Springsteen, e o sax icônico de Clarence Clemon levando o fora do comum "Hair" acima do topo como um híbrido da E Street Europop, na época era muito notável por ser a música mais pessoal de Gaga até o momento. Para todas as máscaras que ela usa juntamente com as roupas de chamar a atenção, os vídeos de encher os olhos, Gaga humanizou sua imagem maluca com uma música sobre como o controle de sua própria identidade física pode a empoderar. Se a sua mãe corta seu cabelo enquanto ela dorme, ela "tem pouca identidade" e ela não tem medo de admitir que ela colocaria mechas ou luzes vermelhas "apenas porque eu quero que meus amigos pensem que eu sou demais". Isso não é Andy Warhol ou Tom Waits se distanciando da arte deles; Gaga nunca quer que pensemos que ela é qualquer coisa acima de um humano que quer ser legal como qualquer outro em momentos que simplesmente significam "Eu sou o meu cabelo".

You and I, Born This Way, 2011

Em "You and I", Gaga cria a maior melodia de karaokê de todos os tempos e mesmo se nunca se tornar uma "Total Eclipse of the Heart" ou "Bohemian Rhapsody", é difícil imaginar uma competição mais determinada de 2010. Isso significa que ela precisou do coração e do balanço do piano de "Will You Be There", de Michael Jackson, para chutar o tributo à "Mutt" Lange: um híbrido épico de Shania Twain - Def Leppard, que não é o maior hit simplesmente porque não é como músicas metal-country funcionavam em 2010, mas será certamente a música escolhida para tocar nos créditos do filme biográfico de Lady Gaga daqui 30 anos.

The Lady Is a Tramp, Duets II: The Great Performances (com Tony Bennett), 2011

Lady Gaga é tão multifacetada que mesmo suas aparições mais "seguras" são impressionantes. Quando Sinead O’Connor acompanhou seu estouro "I don’t want what I Haven’t Got" com músicas de grande banda na "Am I Not Your Girl?", foi considerado que ela nunca iria se recuperar comercialmente. Mas a retirada de Gaga do excessivamente grande techno de ARTPOP com Cheek to Cheek, um álbum corajoso de clássicos de jazz-pop ao lado da lenda Tony Bennett, não era só um movimento esperto ou um controle de prejuízos. A maioria das performances eram ótimas, especialmente "I Can’t Give You Anything" e "Anything Goes", com Bennett cantando como se tivesse 27 anos e Gaga murmurando com um peso muito além da sua idade. Três anos antes, os dois já haviam se reunido no álbum de duetos de Tony Bennett fazendo algo novo com "The Lady Is a Tramp", a colaboração deles mais impressionante de todas, com Gaga e seus improvisos histéricos e a inabilidade de Bennett de segurar a risada uma vez ou duas.

Aura, ARTPOP, 2013

Em traços simples, o controverso ARTPOP de 2013 é onde os fãs pop decidiram que os riscos de Gaga estavam maiores que as recompensas, um obstáculo que exigia uma mudança na carreira. Esta é uma vergonha genuína: vendeu mais que você pensa quando lê sobre o álbum e é o álbum dela mais eletrizante até agora, uma campo de insanidade divertido e um EDM mais agitado e mais novo e divertido. Mas muitos sentiram sua abertura começar de forma errada, com uma mulher branca escrevendo da perspectiva de uma muçulmana devotada, esperando mostrar sua parceira "por trás da Burqa". Apropriadamente ou inapropriadamente, suas batidas sintetizadas faziam mímicas daquelas danças e músicas do Oriente Médio como o dabke Sírio. É, sem dúvidas, o momento mais ousado de Gaga, particularmente como a abertura de um álbum, e é compreensível se você não pode ouví-la sem careta (mesmo os colaboradores da música "Infected Mushroom" a repudiaram). Mas é uma montanha russa vertiginosa com uma melodia e seu intento presumido - para entrar na cabeça de uma mulher de uma caminhada de vida completamente diferente e encontrar um espírito de parentesco em uma repressão sexual - não é sem mérito.

Jewels 'N Drugs, ARTPOP, 2013

É justo dizer que a impopularidade de ARTPOP foi devido, em parte, a suas interações com pessoas de cor. Uma mulher branca apostando na eletrônica do Oriente Médio ("Aura"), o obcecado por sexo R. Kelly do R&B ("Do What U Want") e especialmente a armadilha do rap ("Jewels N’ Drugs") foi recebida com apreensão em uma época quando apropriação cultural estava se tornando um tópico de conversação mainstream. Mas essas músicas tiveram sucesso em todas as frentes, grosseiramente. Pelo menos, a colaboração rap sem noção, Gaga escolheu a dedo os melhores rappers para a música: um tipicamente suave T.I, um anasalado Too $hort e Twista fazendo o seu usual fluxo "Sonic - The Hedgehog" para o encantamento comum. Poderia ser muito pior e você até poderia dizer que compensou.

David Bowie medley, Grammy Awards, 2016

É absolutamente verdadeiro que Gaga fez seu furacão de um tributo no Grammy para o falecido e grande David Bowie ser tudo sobre ela. Não houve profundidade, realmente, em colocá-la em uma rodada relâmpago de seus maiores hits, tampouco exemplificou a grandeza de seu próprio herói. O que fez foi fazer um caso para ela mesma como sua sucessora, uma artista que muda rapidamente e ilusionista pop constantemente colocando o mundo fora dos trilhos - e nem sempre com bom gosto ou de maneira sóbria. E daquele jeito, foi meio adequado para os dois. Apesar do que o filho dele pensa, Bowie não teria performado uma coisa como essa de forma mais modesta.

Sinner's Prayer, Joanne, 2016

Joanne não é bem um álbum de retorno como é indefinidamente claro de onde Lady Gaga está voltando, mas continua sua excentricidade disciplinada e ambição de conquistar o mundo com músicas surpreendentemente countrys, assim como é subestimado, peças de blues que poderiam ser destaque para Miranda Lambert. É, como Gaga canta, "tão boa, boa como, boa como ouro".

Come to mama, Joanne, 2016

O enredo de volta ao básico de Joanne faz o álbum menos centrado de Gaga até agora, particularmente com a falta surpreendente de singles matadores, mas é cheio de charmes pequenos e a inspirada nos anos 50, "Come to Mama", é sua primeira tentativa de trazer o swing de Cheek to Cheek para suas músicas solo. Ela continua ameaçando as páginas mais cheias de poeira do livro universal de músicas com reverência e frescor, uma combinação que é sempre complicada e rara".

Lady Gaga lançou seu novo álbum, Joanne, que inclui as canções Perfect Illusion, Million Reasons e A-YO. Adquira nas lojas Fnac, Saraiva ou Livraria Cultura.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Kathy Vanessa