O disco novo de Lady Gaga, Joanne, tem sido recebido de forma diversificada pela crítica especializada. No site Metacritic, que reune as críticas dos sites mais importantes sobre música, o álbum possui 11 reviews positivas e 11 mistas, com uma pontuação final de 68 pontos.

Nos charts, o disco estreou de forma positiva, dando a Gaga seu 4º topo na parada de álbuns mais importante da Billboard e seu 5º disco a ser o mais vendido em uma semana no mundo inteiro. Ele ainda encontra-se no topo do iTunes Mundo, no top 10 do iTunes EUA, e tem previsão para continuar no top 5 da Billboard 200 em sua segunda semana.

Baseado nisso, a MTV publicou, no site da emissora, um artigo tentando explicar o motivo pelo qual o álbum tem sido bem recebido de forma geral, em um paralelo entre o que o público espera hoje em dia e em como Lady Gaga reinventou a própria imagem. Leia na íntegra:

APÓS ANOS DE PERFEIÇÃO NO POP, ALMEJAMOS ESTRELAS QUE SÃO APENAS MEROS MORTAIS.

Esta semana, Lady Gaga lançou seu quarto álbum, Joanne, em número 1, tornando-se a artista feminina com o maior número de álbuns #1 nessa década.

Um grande feito! E foi bem merecido - Joanne tem sido justamente elogiado por críticos e ouvintes. Uma das coisas mais interessantes sobre o álbum e a personagem mais nova de Gaga é, como que esta última é quase inexistente. Ao que parece ser a primeira vez em quase 10 anos, a música da cantora e as performances são simultaneamente despojadas, pessoais e enérgicas. Seus shows limitados com a turnê Dive Bar foram um retorno às origens, ou seja, Gaga fazendo pequenos shows em locais pequenos da mesma forma que ela fez anos atrás. Só agora sabemos quem ela é e o que é capaz de fazer, e isso torna sua última encarnação ainda mais especial.

A década de 2010 progrediu, a perfeição que uma vez exigiu de nossas estrelas pop perdeu seu brilho. Nós notamos a exuberante realidade do estrelato das boy-bands, e reconsideramos a perfeição radiante dos superstars de carreira solo. Hoje em dia celebramos a humanidade em nossos heróis, seja através da honestidade dolorosa do Lemonade, da Beyoncé ou das recentes revelações de Adele sobre sua depressão pós-parto. Então, faz sentido ver Lady Gaga confiar apenas em seu talento, e isso tem repercutido de forma muito profunda. Onde ela poderia fazer turnê em estádios, saltar com efeitos especiais, e adornar-se em ainda mais vestidos de carne, ela preferiu não fazer nada do tipo (pelo menos até agora). Em vez disso, ela é como nós: suada, dançando, vulnerável e viva, comemorando seu álbum mais pessoal trazendo emoções não forçadas, apenas reais.

Ela não é a única seguindo neste caminho. Enquanto Gaga tem usado seus recentes shows para mergulhar na multidão, começamos a ver mais e mais artistas optarem em direção ao minimalismo com a finalidade de fazer algo verdadeiro. A turnê Saint-Paul, do Kanye West, o tem elevado sobre multidões num palco suspenso como um deus, mas ele é apenas um homem atado a uma plataforma, sozinho sem "fator x" algum para fazer o trabalho por ele. Em outras partes do pop, Alessia Cara ganhou elogios por fazer algo semelhante, interpretando sua música em roupas "normais" e confiando em suas letras e seu vocal - assim como Adele, cuja brincadeira no palco serve como co-estrela de sua voz extraordinária.

Isso não quer dizer que os estilos mais extravagantes estão mortos, ou que usar fantasias ou dançar ou atirar fogos de artifício de seu sutiã como Katy Perry é uma coisa ruim. (Se você quiser fazer isso, ouse sonhar!) Mas é um testemunho do que nós como ouvintes, parecemos estar ansiando agora. Onde grandes produções como a turnê The 1989 de Taylor Swift ou a turnê On the Road Again do One Direction (DESCANSEM EM PAZ) direcionaram e exploraram nossos sentidos, parece que começamos a questionar a magia que fez esses espetáculos funcionarem. Graças à acessibilidade dos músicos através de redes sociais ou dos bastidores, temos a chance de espreitar por trás da cortina o suficiente para conhecer os detalhes da infraestrutura dos estádios e como isso pode ser impessoal. Agora queremos ver as versões reais (ou "a real") dos nossos heróis. Queremos que a sua realidade nos faça sentir menos sozinhos, para fazer nossos sonhos serem atingíveis. Queremos ter a sensação de intimidade, quer se trate de saber que eles estão no palco com um casaco jeans que qualquer um de nós poderia comprar, ou vê-los mergulhar do palco para a multidão, de modo que pareça que estejam ali com a gente, ou ouvi-los se abrirem sobre a ansiedade ou lutas pessoais com as quais podemos nos relacionar, como Zayn e Kid Cudi.

Esse tipo de honestidade pode ser muito a pedir aos artistas, mas cria verdadeiras participações em seu trabalho. Nós desejamos uma conexão mais profunda com os músicos, e prestamos mais atenção à sua música quando eles nos dão essa conexão. Queremos sentir que são nossos amigos - mesmo que nunca saibamos se essa realidade é parte de uma personalidade maior, ou obviamente, menos artificial. Mesmo assim, só para constar, isso pode ser um pouco sensacionalista ou completamente genuíno, eu estou realmente disposta a ser amiga da Joanne.

Tradução por Genilson Junior

Revisão por Vinícius de Souza