Nesta quarta-feira (19), a revista norte-americana Billboard publicou uma matéria falando a respeito de The Cure, nova música de Lady Gaga.

No texto, a revista especulou sobre os possíveis motivos que levaram ao lançamento da música e os prováveis rumos que Lady Gaga tomará a partir de agora. Além disso, ressaltou que, de acordo com uma de suas fontes, a música ainda não é um single oficial, e ainda está sendo testada nas rádios.

Abaixo, confira a matéria na íntegra:

"The Cure" de Lady Gaga é um novo passo corajoso ou uma correção de rumo necessária?

Um pouco mais de seis meses. Foi isso que demorou para Lady Gaga (aparentemente) deixar seu chapéu rosa do Joanne de lado. Na noite de sábado (15 de abril), Gaga tocou um set bem recebido no Coachella, onde ela se tornou a primeira headliner mulher do festival em Indio, Califórnia, dentro de uma década. Ela tocou três músicas do seu álbum Joanne, lançado em Outubro, incluindo a balada de piano Million Reasons, que se tornou o seu mais recente top 10 na Hot 100 em Fevereiro. Mas o fato mais intrigante do show foi o lançamento da sua nova música de amor, The Cure, que não estava no Joanne - e não se parece nem um pouco com ele.

A performance semi-improvisada de Gaga no Coachella (ela estava substituindo sua colega grávida de Telephone, Beyoncé) aconteceu quase quatro meses antes do início da sua Joanne World Tour, que começa em agosto. Naturalmente, Gaga poderia ter celebrado o seu álbum, o primeiro dentro de três anos, e nos dado um preview da sua ambiciosa corrida internacional. Mas "The Cure", que foi liberada nas plataformas digitais e serviços de streaming logo após a apresentação ao vivo, chamou toda a atenção depois da performance, parcialmente porque a música marca um notável distanciamento do pop-cowboy influenciado por guitarras do Joanne.

O último disco da cantora ficava de fora dos bass-drops do Top 40 enquanto se apoiava numa composição básica, decorada com a produção do Mark Ronson e Bloodpop. Mas no seu novo single, a percussão enérgica de John Wayne se foi, e a automação de duplo sentido de A-YO é uma memória distante. Com "The Cure" - que foi co-escrita pelo DJ White Shadow e co-produzida pelo Nick Monson, ambos tocadores de teclado no álbum da Gaga de 2013, ARTPOP - Gaga abandonou a dança de linha e retornou à música dançante reluzente que fez com que ela se tornasse uma estrela.

E era isso que muitos de nós queríamos, certo? A rainha de Poker Face está de volta, com uma batida mais lenta considerando o momento das rádios pop. A Joanne ainda existe para aqueles que a amam, e agora temos um novo hino para o verão! Entre na piscina e aproveite esse gancho de sintetizadores!

Isso tudo está bom, mas o momento dessa reviravolta é no mínimo curioso. Seria uma coisa se The Cure fosse uma faixa extra do Joanne que tivesse sido lançada logo após o álbum para os super fãs - ou uma atração vinda de uma edição deluxe do Joanne, a la The Fame Monster, o que ainda pode acabar sendo. Mas a música representa uma mudança tão radical do estilo do último álbum de Gaga que quase parece uma correção abrupta de rumo, feita para dar energia à sua turnê de verão. (Uma fonte disse à Billboard que a música está sendo testada nas rádios, mas ainda não é oficialmente um single.)

Uma música que Gaga não cantou no Coachella foi Perfect Illusion, o lead-single disco-rock do Joanne que as rádios rapidamente descartaram e Gaga tem deixado de fora das performances ao vivo. E mesmo que Million Reasons tenha conseguido se segurar no Top 40, isso se deve, em parte, ao impacto do show de intervalo do Super Bowl em fevereiro, no qual serviu como peça central. Joanne se tornou o quarto álbum número 1 de Gaga em Novembro, e vendeu 515,000 cópias desde então, de acordo com a Nielsen Music. Esse número se torna ainda mais respeitável considerando o fato de que o álbum não conquistou as rádios pop; até o ARTPOP, considerado por muitos um erro quando lançado em 2013, foi chefiado por um hit que alcançou o Top 10, Applause.

Contudo, se The Cure realmente se tornar o próximo single de Gaga, significa que uma das suas eras mais peculiares - claramente repreendida pelos modernos sucessos pop - acabou inesperadamente cedo, e com poucos sucessos tradicionais para representá-la. Também significa que a Gaga sucedeu a era com um single que se encaixa precisamente nos sucessos modernos, desde a obscuridade rítmica de The Weeknd até a música eletrônica dos Chainsmokers e a influência dancehall que todo mundo absorveu recentemente, desde Drake a Maroon 5.

Enquanto falava com um amigo sobre The Cure, nós dois concordamos que a música em si não é tão surpreendente para carreira da Gaga; meu amigo lamentou que, com a Gaga, "Sempre há algo a mais, algo estranho ou diferente. Isso é normal DEMAIS". E, mesmo que eu ache que essa fala rebaixe as qualidades positivas da música - o estalar de dedos, a produção estremecida nos versos, a forma que a voz da Gaga passa de palpitante no pré-refrão para o modo-ataque no verso "I will be right by your side!" - The Cure de fato parece... normal. Mesmo que a era Joanne não tenha sido o comeback pós-ARTPOP dominante que os fãs esperavam, ela tem sido colorida e singular, porque essa é quem Lady Gaga é. Pra que serve uma música da Lady Gaga que desce bem mas praticamente não traz nenhum gosto depois?

Monitorar as reações dos fãs e o desempenho de The Cure nos charts durante o próximo mês vai ser interessante, uma vez que pode moldar dois caminhos para Gaga. Se a música se tornar um sucesso -- o que poderia ser, já que a música passou os últimos dias no topo do iTunes -- ela poderia se sentir forçada a continuar explorando esses sintetizadores animadores no seu próximo material; se a música não pegar, então ela pode descartá-la como uma ode aos seus fãs, e pular na sua próxima toca de coelho.

Nenhum desses cenários é necessariamente ruim. Mas para uma superstar muito respeitada que irá aparecer em uma turnê enorme, The Cure representa uma encruzilhada criativa que poucos viram chegando tão cedo. Descanse bem, chapéu Joanne; sempre teremos o Super Bowl.

A cantora lançou The Cure de surpresa durante sua apresentação do Coachella, na madrugada de domingo (16).

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Revisão por Vinícius de Souza