O site The Daily Beast esteve na última quarta-feira (11) no show da Joanne World Tour em Inglewood, nos EUA, e publicou uma review positiva do concerto.

Confira a tradução completa:

A turnê mundial super gay de Lady Gaga é o espetáculo emocional e extravagante que nós estávamos esperando

A Joanne World Tour da mega talentosa cantora pop iniciou-se com amor por seus fãs LGBTQ e provas de que ela ainda está em seu auge.

Seis meses atrás no Super Bowl, Lady Gaga tinha algo a provar. Culpe a criança teatral que há nela, mas Gaga sempre sentiu-se como a irmã mais nova do pop, causando comoção para ser levada a sério. Comparações logo cedo com Madonna e Christina Aguilera não ajudaram em nada, e mesmo em suas colaborações com Beyoncé (Telephone, Video Phone) era impossível ofuscar uma mulher que parecia a maior estrela do planeta.

Depois de dois álbuns que dividiram a crítica, ARTPOP e Joanne, Gaga apostou em sua presença de palco atlética para provar à América que ela fez por merecer seu lugar no panteão do pop. Como Doreen St. Félix escreveu para a MTV News na época: “Ela foi excelente, sem dúvida, cumprindo cada marca e alcançando cada nota. Ela provou seu atletismo. Sabemos que ela pode comandar a atenção da audiência de um estádio inteiro. Mas ela pode aproveitá-la?”

Entra a Joanne World Tour.

Gaga não faz nada além de aproveitar durante sua obra-prima de duas horas, como eu pude testemunhar quarta-feira à noite no The Forum em Los Angeles. Gaga sutilmente falou sobre as críticas que levantaram quanto a ela por sua política silenciosa durante o Super Bowl, enquanto ela frequentemente chamava os membros LGBTQ do público e pontuava que o Super Bowl para ela não era uma comemoração de si própria, mas uma celebração da comunidade queer. E reconheçamos, não há nada como apresentar “Born This Way” nacionalmente dias após a posse de Donald Trump, que tem desde então mostrado uma retórica anti-LGBTQ, junto a seu vice Mike Pence que possui um histórico igualmente intolerante.

Mas sutileza não é a palavra-chave tratando-se da Joanne World Tour. O set extravagante, roupas brilhantes e ostentosas e a atitude colocar-tudo-para-fora de Gaga deixam a popstar confortável como eu jamais a vi antes. Até mesmo em roupas restritivas como seu maiô branco tradicional em Bad Romance ou a fantasia de Bram Stoker que é seu vestido vermelho sangue para Bloody Mary, Gaga jamais parece perder o controle. Ela é uma performer natural e essa turnê é seu melhor papel até agora.

Iniciando com Diamond Heart e A-Yo, Gaga dá atenção especial a Joanne nesta turnê, enquanto esteve presa a hits pop seguros da era The Fame em sua apresentação do Super Bowl. Aqui, Joanne tem um público que pode apreciar sua dignidade. Levando o nome de uma tia falecida, de quem Gaga recebeu seu nome do meio, Joanne, ela usa as canções country de seu último disco para criar laços com a audiência. Dancin' in Circles permite que ela exalte as virtudes da masturbação, Come to Mama é seu adeus à homofobia, e John Wayne simplesmente deixa que Gaga cresça sua estética country-rock-and-roll com um dos números mais extravagantes do show.

Através da apresentação, pontes descem do céu para formar caminhos quando ela precisa chegar a um dos quatro palcos empregados. O palco principal é onde seus números estridentes mais espetaculares se localizam, como Perfect Illusion, Alejandro e The Cure. O desenho dele é entregue de forma bela e assimétrica para mostrar Gaga e seus dançarinos ao fundo em toda sua glória. Ela usa os palcos no meio da audiência – a pista contém fãs em pé para que possam dançar livremente – para apresentações mais íntimas como Dancin' in Circles, Joanne ou Angel Down (que ela canta após descer do teto como uma profetisa). Há um pequeno palco do lado oposto ao palco principal onde seu piano surge quando Gaga abraça completamente a criança teatral interior e se exibe um pouco.

Sua perspicácia não se estende apenas à linguagem visual que emprega ou seus números de dança vibrantes, mas também ao seu talento musical e voz grandiosa. Gaga canta ao vivo o show inteiro e usa seu instrumento com sabedoria, intercalando números grunge rock como Bloody Mary com momentos mais emocionantes como uma versão acústica de Edge of Glory. Como se estivesse possuída pelo Elton John de décadas passadas, Gaga está em sua melhor forma quando bate nas teclas, interagindo e brincando com o público ou ficando em pé em cima do piano e cantando hits rock como Million Reasons.

O clímax do show é The Cure, canção que Gaga estreou no Coachella e tem um significado especial para ela. Nos últimos anos de sua carreira, Gaga teve suas habilidades questionadas e examinadas. Apesar de ser uma compositora talentosa e excelente performer que nos deu hits como LoveGame e Paparazzi, Gaga é feita com frequência de saco de pancadas para críticos que querem apenas ridicularizar estrelas do pop. Seja isso, ou o insucesso comercial de projetos como ARTPOP deram corda à falsa noção de que os melhores dias de Gaga teriam ficado para trás. Mas The Cure, a canção mais recente que Gaga escreveu, é um hino vibrante que rivaliza com seus grandes sucessos e é também uma carta de amor para os fãs que continuam a lhe apoiar quando ela mais precisa. The Cure é sobre como a música cura feridas entre todos nós e como quando ela estiver na pior, pode cantar essa música e lembrar-se de como se tornou o dínamo que é. Durante o show, Gaga fala algumas vezes sobre a resiliência da comunidade LGBTQ, porém a mais impressionante é sua própria.

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Tradução por Pedro Marinho

Revisão por Vinícius de Souza

Imagem: Reprodução/Instagram