Em entrevista ao InStyle, o diretor do documentário Gaga: Five Foot Two, Chris Moukarbel, falou sobre como foi gravar Lady Gaga nesses oito meses.

Ele contou que Lady Gaga tem um grande diferencial por escrever suas próprias músicas. Moukarbel acompanhou Gaga enquanto ela produzia o álbum Joanne.

Abaixo, leia a entrevista na íntegra (contém spoilers na introdução):

"Por que algumas pessoas ainda pensam na Lady Gaga como a mulher do vestido de carne e não como a vencedora de seis Grammys e atriz vencedora de um Globo de Ouro?"

No seu novo documentário da Netflix, Five Foot Two, a pop star de 31 anos nos leva para os bastidores do seu processo criativo quando ela começa a trabalhar no seu quinto álbum, Joanne, e depois se prepara para a performance de intervalo do Super Bowl 2017. O filme oferece um relance cru e emocionante da artista eletrizante que aprendemos a amar. Ela fala sobre o fim do noivado com Taylor Kinney, fala sobre sua dor crônica, a luta com a fibromialgia e até mesmo aborda seus sentimentos sobre Madonna, que já a chamou de ‘’redutiva’’ publicamente.

‘‘Ela não me olhava nos olhos e me dizia que eu era redutiva ou algo assim’’, Gaga diz, explicando que ela ficou sabendo da notícia na TV. ‘Me dizer que você pensa que eu sou uma merd* - através da mídia? É como um cara me mandando recado através do amigo’’.

Talvez mais interessante, no entanto, nós vemos Gaga, nascida Stefani Joanne Angelina Germanotta, revelar seu alter ego ‘’Lady Gaga’’, despindo-se da pessoa que ela levou para o mundo por anos, mostrando um lado mais suave. Especificamente, ela e sua equipe discutem sua moda enquanto explicam o motivo dela escolher tirar as enormes perucas, sapatos altíssimos e as roupas escandalosas para Joanne.

‘’Honestamente, todos já me viram muito glamourosa por quase 10 anos. É entediante. Muito entediante’’, ela diz em uma conversa com Ruth Hogben, sua diretora criativa. ‘’A verdade é que eu queria ter um uniforme e acho que deveria ser uma camiseta preta, jeans pretos e botas pretas. Eu só usava isso e fazia outras versões disso’’.

No filme, eles voltam a discutir seu estilo no set de ‘Perfect Illusion’, o que melhor ilustra o novo look. ‘‘Você acha que alguns dos meus fãs mais antigos ficarão decepcionados que eu não estou toda vestida?’’ Gaga diz, adicionando, ‘’Não é sobre eu estar na frente com o meu cabelo ao vento com roupas de alta costura, você entende o que eu digo? Não que eu não ame isso’’.

Em outra cena, ela explica que acha que o mundo não está pronto para ver quem ela realmente é, porque nem ela mesma estava. Falando com seu estilista Brandon Maxwell, ela discute a ideia de se vestir como ‘‘Lady Gaga’’.

‘‘Eu não preciso usar um milhão de perucas e toda essa merd* para fazer uma declaração. Eu sei que nós queremos elevar tudo. Eu estou tentando elevar tudo, mas eu não posso fazer isso até o ponto de me tornar Lady Gaga de novo. Porque senão fica tipo, por quê então eu fiz esse álbum?’’, ela diz a ele.

Para entender como é trabalhar com Gaga com exclusividade, nos encontramos com o diretor Chris Moukarbel, que passou oito meses com a estrela.

Você teve a chance de vê-la se transformar na persona Lady Gaga enquanto gravava. Qual é a diferença entre essas duas?

‘‘Uma é mais suave e a outra é mais durona. Eu acho que é a única maneira que consigo descrever. Sua energia fica mais forte. Seu corpo fica mais forte. Como tudo que é exigido dela fisicamente e mentalmente para que ela consiga sustentar ser Lady Gaga, ela meio que aprendeu como fazer a transformação da forma dela. Então foi uma mudança física e de energia que lentamente começou a acontecer’’.

Por que você escolheu não fazer nenhuma entrevista com ela ou sua equipe para o filme?

‘‘Eu não queria entrevistar seu empresário para ele me dizer o quanto ela trabalha duro. Eu queria ver isso acontecer. Significa ter que gravar muito mais e realmente me comprometer com o estilo vérité de fazer o filme a partir daquilo que vi, ao invés de alguém me contar. Eu acho que funcionou na maior parte do tempo… Ela conversa muito com a câmera, então há esses tipos de entrevistas momentâneas… Ela vai tratar a câmera casualmente, como se eu fosse uma pessoa lá no cômodo, então ela fingir como se eu não estivesse lá não seria verdadeiro porque ela estava apenas sendo ela mesma’’.

O que você acha que a diferencia de outros artistas?

‘‘Essa é a maior diferença para mim: quando você pensa nela como uma estrela pop, é que ela escreve sua própria música e é muito boa nisso. Não é como se ela tivesse as músicas entregues a ela. Muitas estrelas pop fazem isso e está tudo bem, são grandes performers e cantoras. Mas há uma grande diferença entre escrever sua própria música e não escrever… Ela realmente tem esse talento artístico que ela traz. Assistir ela trabalhar foi muito legal porque ela estava ‘’construindo a casa do zero’’.

Você capturou alguns dos momentos mais difíceis na vida de Gaga. Vocês dois discutiram sobre incluir esses tópicos antes de gravar ou apenas foram se desenvolvendo?

‘‘Eu não sei, porque para ser honesto, eu não tenho referência da forma como a vida dela era fora aqueles oito meses. Eu tinha a sensação de que a vida dela sempre foi traumática, emocionante e insana. Não importa se ela está lidando com uma coisa ou outra, é sempre interessante. Parecia que havia muita coisa acontecendo no mundo dela e no seu interior no tempo que eu estava filmando, e eu pensei que seria ótimo ser capaz de capturar muitas das coisas… seja sobre sua separação com o noivo ou seus problemas de saúde, você sabe, ela estava passando por isso e eu tentei ser respeitoso… Eu deixei ela saber que ela mandava e que eu não estava lá para fazer uma exposição.

Eu fiquei surpreso que a sua relação com a Madonna foi um tópico. Ela aborda o fato de Madonna ter chamado sua música de ‘’redutiva’’ anteriormente para a mídia.

‘‘Ela estava tentando fazer uma abordagem mais ampla sobre artistas se ‘‘referenciando’’... eu acho que enquanto ela estava falando sobre isso, ela viu como uma oportunidade de falar sobre Madonna e ‘Born This Way’ porque obviamente é algo que as pessoas constantemente têm falado sobre, e ela e Madonna têm sido colocadas uma contra a outra. Ela estava tentando dizer, diretamente, tipo, ‘Eu respeito ela e sempre a admirei musicalmente, criativamente e como um ser humano’. E ela iria deixar assim…

Mas então ela meio que chegou na parte sobre como ela sentiu que a Madonna lidou com qualquer tipo de tensão ou competição que as pessoas estavam colocando entre elas. Eu acho que ela sentiu que Madonna lidou mal com isso, ou não do jeito que ela teria feito. E o que eu respeito sobre isso e o motivo de ter colocado no filme é porque, pelo menos para mim, eu não conhecia a Gaga tão bem naquela época, me ajudou a entender que tipo de pessoas ela é e quais são seus valores. Tudo que ela estava dizendo não pareceu como se ela estivesse tentando desenterrar o assunto. Pareceu que ela estava dizendo, ‘É assim que eu trato as pessoas. É assim que eu espero ser tratada, então o fato de ela não me tratar assim ou me respeitar foi desagradável para mim naquela situação. Não foi nada além disso’. Eu achei um máximo’’.

O quão difícil foi gravar as cenas nas quais ela está sofrendo com as dores crônicas?

'Foi uma das poucas histórias que ela sentiu a necessidade de colocar no filme. Muitas das outras coisas, ela não deu muita opinião. Mas ela estava ciente da sua plataforma e sua posição, e sempre estava tentando ver se tinha oportunidade de encontrar uma mensagem positiva no que ela estava fazendo. Ela viu o filme como um veículo potencial para falar sobre a dor crônica e o fato de que muitas pessoas sofrem com coisas parecidas e não possuem os mesmos recursos que ela… Se ela estivesse tendo uma crise de dor crônica enquanto eu estava filmando, as pessoas tentavam ajudá-la. Eu falava palavras de conforto quando podia, mas também só deixava gravar e entendia que estava tudo bem para ela, a não ser que ela pedisse para eu desligar. Algumas vezes ela pedia'".

Gaga: Five Foot Two será lançado nesta sexta-feira, dia 22 de setembro.

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Revisão por Kathy Vanessa