Sexta-feira (22), estreou na plataforma de streaming Netflix o documentário “Gaga: Five Foot Two”, que, conforme pudemos verificar pelos teasers e trailer divulgados, prometia ser bastante intimista e criaria uma atmosfera de proximidade dos fãs em relação à Gaga. Bom, o prometido foi cumprido e superado, pois no documentário pudemos vislumbrar o âmago da menina Stefani: risonha, insegura, meiga, amante da família, apaixonada pela música e com problemas em sua vida amorosa (sugiro que você assista ao documentário, caso não queira ser bombardeado por spoilers).

Logo no início do documentário, Gaga encontra-se na cozinha de sua mansão, na companhia de algumas amigas, e, enquanto prepara algo para comer, a artista declara, de forma extremamente espontânea, que ela e Taylor Kinney (atualmente, seu ex-noivo), têm brigado e, de relance, somos redirecionados ao processo criativo da música Million Reasons, ocasião em que Gaga está tocando piano e cantando simultaneamente, ao passo que Mark Ronson a auxilia na gravação.

Um dos mais aguardados trechos do documentário é o que Gaga fala sobre Madonna. A cantora declarou que gostaria que a veterana, ao invés de falar sobre ela na mídia, o fizesse diretamente com sua pessoa. Gaga deu um toque de humor à polêmica declaração, alegando que o que Madonna com ela fez é o mesmo que um namorado enviar à namorada um bilhete através de um amigo, tendo Gaga, ainda dito através de uma genial figura de linguagem, para Madonna vir logo lhe empurrar contra a parede, beijar e dizer a Gaga que ela é um "pedaço de m#rda".

Após o referido trecho, o telespectador é arremessado ao processo criativo de A-YO e nele é gritante a sintonia entre Gaga e o produtor musical Mark Ronson. Posteriormente, é possível que o público sinta o gostinho dos bastidores da série “American Horror Story: Roanoke”, momento em que são exibidas cenas do make-up da personagem de Gaga, Scáthach, e mostrado a artista praticando as falas dos takes que iria rodar, utilizando-se do delicioso e, ao mesmo tempo, aterrorizante sotaque escocês misturado ao inglês, que pudemos ver na série.

Um dos momentos mais divertidos do documentário foi quando Gaga, ao chegar para mais um dia de gravação do álbum Joanne, bateu no carro de Mark Ronson. A reação dos dois foi hilária e Florence Welch presenciou essa cena maravilhosa. Destaca-se, ainda, que a edição aproveitou o gancho e mostrou ao público o processo criativo da canção Hey Girl, parceria de Gaga com Florence, em seu último álbum de estúdio.

O curioso de “Gaga: Five Feet Two” é que nos é proporcionada uma volta numa montanha-russa de sentimentos, pois, logo após um momento de descontração, Gaga recebe uma ligação de sua grande amiga Sonja – que infelizmente veio a falecer, em consequência de uma batalha contra o câncer –, ocasião em que esta diz à cantora que está internada, tendo Gaga prometido a ela que, quando pousasse, iria diretamente ao hospital em que ela se encontrava – neste trecho é perceptível que a voz de Gaga ficou embargada e, logo após, ela começou a chorar.

Um trecho extremamente delicado e tocante do documentário é quando Gaga, em visita à sua avó paterna, declara que sua tia, Joanne, foi parar no hospital e os médicos queriam amputar suas duas mãos, em decorrência do lúpus, pois na época não se sabia o que era – não existia nem sequer tratamento –, entretanto, a avó de Gaga não permitiu que Joanne passasse por tal procedimento, dirigiu-se à capela do hospital e orou para que sua filha partisse. Logo após essa declaração impactante e inesperada, Gaga mostra, pela primeira vez, a canção intitulada “Joanne” à sua avó e ao seu pai.

Conforme divulgado pela própria artista, Gaga é portadora de fibromialgia (doença que causa um colapso no sistema nervoso central, por motivos desconhecidos, que faz com que a pessoa sinta dores crônicas por todo o corpo) e, no documentário, vemos a cantora em seu apartamento, em Nova York, deitada e chorando em um sofá, sentindo dores no lado direito de todo o seu corpo, advindas da citada patologia. Gaga sofreu com as citadas dores crônicas justamente no dia em que seria a festa de comemoração do nonagésimo aniversário de seu grande amigo, Tony Bennett. Contudo, tal fato não impediu que ela marcasse presença e, ainda, surpreendesse os presentes cantando Bad Romance, enquanto tocava piano, animando a festa de seu fiel parceiro do jazz.

Outros trechos que merecem destaque são o processo de gravação do clipe do single Perfect Illusion, que mostra Gaga e os figurantes pulando e dançando do jeito que amamos, a finalização do álbum Joanne e o seu envio à gravadora – em dado momento, Gaga, enquanto passa por um tratamento para aliviar suas dores crônicas, diz que enquanto ela está numa sala de atendimento médico, seu novo álbum se espalha pela internet, pois uma loja belga começou a comercializá-lo antes do lançamento oficial.

Por fim, Gaga confessa que não consegue aliar seus êxitos profissionais à sua vida amorosa. Segundo a artista, sempre que ela atinge algo fantástico em sua carreira, seu relacionamento é arruinado. Após isso, o documentário nos proporciona algo fenomenal: os indescritíveis ensaios/bastidores do Super Bowl. São cerca de vinte minutos maravilhosos que deixam um gostinho de "quero mais".

Depois desse documentário e da antecipação do lançamento do filme A Star is Born, o que devemos esperar de Gaga em 2018? Será que ano que vem já seremos presenteados com o lançamento do LG6? O que nos resta é aguardar, esperar que Lady Gaga se recupere de suas dores crônicas, jogue suas próximas cartas artísticas na mesa e continue ditando a cultura pop.

Revisão por Kathy Vanessa