Na noite de ontem (31), Lady Gaga se apresentou em Birmingham com a "Joanne World Tour", no primeiro show da turnê no Reino Unido.

Neste show, Gaga apresentou Scheiße duas vezes por conta de um problema no palco e gravou a apresentação com câmeras profissionais para um futuro projeto.

O conhecido jornal britânico "The Guardian" marcou presença no concerto e publicou hoje (01) sua review, classificando-o com 4 estrelas de 5.

Leia a tradução:

Lady Gaga review – uma estrela humana única em um mar de conformidade

Como ela apontou mais de uma vez esta noite, a explosão comercial de Lady Gaga aconteceu há quase uma década. Uma eternidade no pop - Taylor Swift ainda era uma cantora country, Miley Cyrus ainda era Hannah Montana e os primeiros singles de Gaga competiam com Duffy e os Ting Tings pelo topo dos charts no Reino Unido.

Mas é evidente desde a primeira data britânica da sua turnê mundial - adiada no ano passado por causa da luta da cantora contra a fibromialgia, uma condição de dor crônica - que se a música pop mudou desde então, Lady Gaga também mudou. É notavelmente uma fera diferente nos shows ao vivo daqueles que ela fazia na virada da década, onde sangue jorrava, sofás aparentemente feitos de carne eram posicionados e a cantora fazia um entrada através de uma vagina gigante.

Você lutaria pra chamar isso de subestimado - envolve inúmeras trocas de roupas, quatro palcos acessados por pontes que descem do teto e um enorme piano cheio de luzes multicolor - mas a estranheza que antes era seu cartão de visitas tem sido consideravelmente redimensionada: é reservada para interludes de vídeos, nos quais Gaga aparece com grandes chifres saindo de seu nariz e testa, e inalando um gás alucinógeno em uma máscara de oxigênio que ela segura com mãos parecidas com garras. Existe a sensação de que aquilo que você está assistindo parece as performances de arte consolidadas no centro de Nova York dado que não possuem orçamento multimilionário, a não ser que você dê a dica de Leigh Bowery sobre as roupas dos dançarinos de apoio dela.

Ao invés disso, você recebe algo mais próximo de um show pop dos EUA mais objetivo, repleto de baladas cantadas em uma Stetson enquanto toca um violão: meio vitoriosa, a técnica de Gaga no instrumento é tão rudimentar que faz sua grande rival Madonna parecer Julian Bream. É harmonioso o modo como a carreira dela foi reposicionada ao longo dos anos. Presumivelmente esmagada pela crítica relativa e o fracasso comercial do seu álbum de 2013, "ARTPOP" (uma performance cintilante de Applause indica que é um álbum melhor do que sua reputação sugere), ela mudou para mais perto do entretenimento mainstream americano: fazendo álbuns de clássicos com Tony Bennett, estabelecendo uma carreira de atriz e anunciando uma residência em Vegas.

É difícil não sentir que algo foi perdido pelo caminho, embora claramente não seja a habilidade dela de nocautear as músicas pop, como evidenciado pelos recentes números de A-Yo e Perfect Illusion, e você teria que fazer um esforço para não ser entretido pelo que acontece no palco, as pontes flutuantes, pirotecnias e tudo. Enquanto isso, as multidões ainda são devotadas o suficiente para tratarem a parada de show de Gaga e repetição da música inteira - em benefício da filmagem do show que ela estava fazendo - mais como um bônus do que uma intrusão. Mais que isso, a devoção deles a ela é claramente em um tom diferente e mais profundo do que a maioria das estrelas pop de arena conseguem.

O inesperado clímax emocional do show não vem com a performance solo no piano de The Edge of Glory, que provoca um canto sincero e vasto de todos, mas quando alguém joga uma bolinha de papel amassada no palco. É uma mensagem de um adolescente na fileira da frente que viajou de Belfast para o show: uma horrível saga familiar de solidão e sofrimento de bullying na escola, agradecendo a cantora por fazer seu almoço sem amigos mais tolerável por causa de sua música. Ela lê tudo, então escala na multidão para falar com ele particularmente, parando o show para que ele tire fotos com ela. É um momento curioso e um pouco embaraçoso que é genuíno e emocionante, um mundo fora da tendência usual da música pop, que oferece um serviço de celebrar a individualidade e diferença enquanto promove uma conformidade perfeitamente decorada em todos os outros momentos.

De pé no meio da multidão, Lady Gaga ainda parece uma estrela única como o pop produziu nos últimos anos.

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Vinícius de Souza