Ontem (19), o primeiro álbum de estúdio da cantora norte americana Lady Gaga, “The Fame”, completou uma década, e diversos sites fizeram matérias e artigos especiais para comemorar o aniversário do CD.

O site “E! News” não ficou de fora e, aproveitando o embalo, fez uma matéria sobre os bastidores da vida de Lady Gaga, após o lançamento do álbum, que tornou Gaga uma das maiores estrelas pop da atualidade e uma das pessoas que mais impactaram a história da música.

A matéria fala do começo do sucesso estrondoso e relâmpago da cantora, mostrando que não foi um caminho fácil para Gaga trilhar, e que continua não sendo.

Também citam as doenças que Gaga teve e descobriu durante esse tempo, como o problema no quadril, o lúpus, fibromialgia e depressão, falando em sua recuperação após o cancelamento da “Born This Way Ball Tour”, os preparativos para o lançamento de "ARTPOP", e como a má recepção dele a afetou profundamente. Logo após, também fala sobre Tony Bennedit e o papel para o qual foi convidada em “American Horror Story”, que lhe ajudou a se recuperar e encontrar pessoas que realmente se importavam com sua vida.

Em determinadas partes, também falam sobre a vida amorosa de Lady Gaga, como a história da cantora com o Taylor Kinney.

Confira a matéria completa e traduzida abaixo:

“Eu não sei muito bem como explicar isso, eu realmente não fui feita pra qualquer outra coisa. ”

Quando Lady Gaga compartilhou aquele sentimento sobre ela mesma, logo após ter estourado na cena em 2008, em uma entrevista com o SongwriterUniver.com, foi difícil medir o quão bem ela conhecia a si mesma. Afinal, que pop star em ascensão não acredita fielmente que foram colocados no planeta somente para entreter?

Mas enquanto nós celebramos uma década de Lady Gaga, com o aniversário de 10 anos do seu álbum de estreia 'The Fame' caindo dia 19 de agosto, é abundantemente claro o quão certeira ela era. Há poucos artistas que fizeram um tipo de impacto imediato em toda a cultura pop do jeito que ela fez, menos ainda são aqueles que a carreira parecem tão vigorosa 10 anos depois. Isso não é dizer que a jornada foi fácil. Fora do palco, a vida para a cantora, nascida com o nome de Stefani Germanotta, tem sido uma montanha russa, cheia de reviravoltas inesperadas, com pontos altíssimos e desvios dramáticos.

Esses são os primeiros 10 anos de Lady Gaga

Depois de passar anos preparando o território nas baladas de Nova York, e alguns projetos iniciais cancelados, ela era contratada da Def Jam em 2006. Depois de ser demitida apenas três meses depois, Gaga explodiu como uma supernova quando The Fame foi lançado uma década atrás. O álbum foi um sucesso imediato, dando início a uma explosão de synth-pop na indústria musical, que está presente até hoje, o outro personagem era Lady Gaga, com fantasias excêntricas, seu jeito de falar, o espetáculo geral em si, deu a ideia de que uma pop star podia ser uma criação, uma combinação sensacional em moda, pop, arte e teatro. O nome artístico? Tirado de ‘Radio Ga Ga’ do Queen, foi alegadamente concebido a ela pelo produtor Rob Fusari, que trabalhou com ela desde o começo de sua carreira.

Enquanto ela estava passando por um sucesso enorme quase que da noite pro dia e aproveitando os benefícios que vem com isso, as armadilhas de uma fama estratosférica começaram a aparecer imediatamente. Por mais que ela não tenha admitido na época, Gaga tinha problemas em sair do personagem enquanto não estava em público.

“Eu chegava em casa e lembro que minha mãe ficava me vendo ter um problema em deixar isso, sabe?” Ela disse ao Lee Cowan do CBS News em 2016. “Eu continuava vestindo as asas, e ficava com a maquiagem, e com as roupas. Eu estava tentando, eu nunca queria decepcionar meus fãs. Eu queria que eles sempre me vissem na minha forma artística.”

Enquanto sua carreira continuava a subir de disparada, sua primeira turnê mundial, The Fame Ball Tour, começou em março de 2009, seguida do lançamento do EP The Fame Monster naquele ano; as indicações ao Grammy, e entradas no livro de recordes Guiness Book vieram logo depois. A fascinação mundial também chegou, e onde há uma atenção nessa escala em alguém, normalmente um conhecido antigo aparece pronto pra atacar. Em março de 2010, Fusari, que estava escrevendo e produzindo os primeiros Hits de Gaga como ‘Paparazzi’ e ‘Beautiful, Dirty, Rich’, processou Gaga em uma quantia de $30.5 milhões de dólares, acusando ela de ter usado ele, já que ele a ajudou a conseguir um contrato com uma gravadora. Em setembro, eles chegaram em um acordo privado.

Já em relação à suas escolhas de moda, quem pode esquecer a roupa feita de bolhas de plástico, ou aquela feita inteira de cabeças do sapo Kermit, ou o insano vestido feito de carne no VMA de 2010, que rendeu manchetes? Quando ela viajou o mundo pela segunda vez na Monster Ball, problemas com sua saúde começaram a aparecer, por que as estrelas do pop mais bem-sucedidas no planeta sempre estão colidindo?

“Minha agenda é tão cheia que eu não tenho tempo nem pra comer” ela explicava ao Times Online em 2010. “Mas eu certamente não tinha um problema em comer” ela continua. “Um pouco de MDMA (êxtase) de vez em quando nunca matou ninguém, mas eu não uso drogas de fato, nem toco mais na cocaína. Eu não fumo. Bem, talvez um único cigarro (com whisky) enquanto estou trabalhando, porque abre a minha mente um pouco. Mas eu realmente me importo com a minha voz. A alegria da minha voz estar saudável nos palcos é algo muito especial. Eu tomo conta de mim mesma.”

Foi nessa mesma entrevista que a ideia de doenças recorrentes apareceu pela primeira vez, algo que virou um ponto importante na história de Gaga nos últimos anos. Também foi a primeira vez que o mundo tinha aprendido sobre Joanne, a tia cuja morte abalou a família Germanotta e depois viraria uma musa para a estrela do pop.

“Eu tenho uma conexão muito forte com minha tia, Joanne, que morreu de lúpus. É uma coisa muito pessoal. Eu não quero que meus fãs se preocupem comigo,” ela disse à entrevistadora, que depois perguntava se ela já tinha feito um teste para ver se tinha a doença genética. “Sim, ” ela respondeu, pausando antes de continuar seu raciocínio. “Mas eu não quero que ninguém se preocupe. ” (Um mês depois enquanto falava com Larry King na CNN, ela então admitia que sim, o teste tinha dado positivo para a doença, mas ela não tinha demonstrado nenhum sinal de sintomas e atualmente também não tem.)

Seu terceiro álbum de estúdio, Born This Way, foi lançado em maio de 2011, trazendo com ele mais recordes quebrados, indicações ao Grammy, e o primeiro romance de alto nível da artista. Enquanto filmava o clipe para o single ‘Yoü and I’ em julho, Gaga conheceu o ator de Chicago Fire Taylor Kinney, que estrelava no vídeo de 6 minutos como seu par romântico, e as faíscas foram instantâneas. “Eu me lembro que eu me levantei, e nós estávamos gravando, e eu beijei ela, mas ela não estava esperando, "Kinney disse à Andy Cohen em 2015. “Eles pararam as gravações, e ela me bateu. Depois foi muito estranho. Então no próximo take, eu fiz a mesma coisa, mas dessa vez ela não me bateu. Ela não me bateu dessa vez."

“Nós tivemos um momento bom. Eu acho que teve química,“ o ator continuou. “Eu me lembro que era uma gravação demorada. Nós estávamos gravando até umas 4 ou 5 da manhã ou alguma coisa do tipo. Nós trocamos informações. Se passaram algumas semanas e mantivemos contato, e então foi isso.“

Depois de meses com especulações, o casal contente confirmou que eles estavam de fato juntos por volta do final de ano, quando eles foram fotografados andando com seus brações entrelaçados um no outro perto da casa de praia californiana de Kinney.

Com a maior parte de 2012 no topo do mundo e estar em turnê de novo com a Born This Way Ball, tudo desmoronou no começo de 2013 quando um mês antes da turnê ser encerrada, ela teve que cancelar suas performances finais depois de sofrer o que inicialmente seria uma lesão no quadril. Depois de esconder o prejuízo de sua doença crônica da sua equipo e de seus fãs, ela estava quase impossibilitada de andar.

“Meu prejuízo na realidade foi pior do que apenas uma lesão no quadril,” ela disse ao WWD em julho. “Eu quebrei meu quadril. Ninguém sabia, e eu não disse aos meus fãs ainda. Mas quando eu fiz toda a ressonância, antes eu fui a uma cirurgia e tinha crateras gigantes, um buraco no meu quadril do tamanho de uma moeda de 25 centavos, e a cartilagem estava pendurada no outro lado do meu quadril, eu tinha um rasgo dentro do tecido e uma enorme ruptura.” O cirurgião disse que se eu tivesse feito outro show talvez eu precisasse de uma troca total de quadril. Eu estaria ausente por pelo menos um ano, talvez mais.”

O processo de recuperação deixou Gaga afetada de uma forma que ela não tinha estado desde os 14 anos, e na pior época possível. (Não que tenha um bom momento para quebrar o quadril.)

Enquanto ela afirmava que o tempo que ela passou forçadamente longe dos holofotes por seis meses deram a ela tempo pra “trabalhar o cérebro e o corpo” e “realmente ser criativa”, ela também tinha um novo álbum pra começar a promover. Seu terceiro álbum de tamanho integral, ARTPOP, que saiu em novembro daquele ano. E como muitas estrelas do pop podem te dizer, tempo longe do público não é exatamente o caminho certo para a venda de álbum. E se todo mundo se esquecer de você? Ou a nova onda do momento surgir?

Talvez o público realmente estivesse cansado das suas teatralidades, que estavam no ápice da sua extravagância, nos meses antecedentes ao lançamento, ou o começo do fim do seu reinado marcante, o álbum falhou em mover massas do jeito que os outros tinham feito. Recebeu algumas das críticas mais variadas até hoje, tiveram vendas mornas tirando o fato de ter estreado em número um na Billboard Hot 200, e desanimou fãs casuais. Para piorar, ela passou por separações dolorosas, como a com seu empresário de longo prazo, Troy Carter, e seu estilista, Nicola Formichetti.

“Eu fiquei muito depressiva no final de 2013. Eu estava exausta por brigar com as pessoas. Eu não conseguia nem sentir meu próprio coração bater. Eu estava com raiva, cínica, e tinha essa tristeza profunda como uma ancora me arrastando pra qualquer lugar que eu ia.”

Gaga disse a Harper’s Bazaar em fevereiro de 2014: “Depressão não tira de você seus talentos, só te dificulta de achá-los. Eu sempre os acho. Eu aprendi que minha tristeza nunca destruiu o que era ótimo em mim. Você nunca tem que voltar para a grandeza, ache aquela pequena luz que sobrou. Eu tenho sorte que eu achei um pequeno brilho armazenado.”

Era claro que limpar a imagem estava nos planos. E então começou a reconstruir. Ela achou um novo empresário, virou garota propaganda de uma campanha da Versace, e então virou o grande pivô do jazz, o que levou a um álbum colaborativo com Tony Bennett e usou o velho glamour de Hollywood para fazer o papel. No ano seguinte, ela e Taylor noivaram em fevereiro e Gaga lembrou à todo mundo o talento por baixo de todas aquelas fantasias loucas com uma performance excepcional no 87º Academy Awards, cantando uma mistura de músicas de A Noviça Rebelde, em um tributo a Jullie Andrews.

Aquele exato mesmo mês, ela foi ainda mais longe quando teve o bom senso de ligar para o criador de American Horror Story, Ryan Murphy, e pediu à ele um papel na quinta temporada na série antológica do FX, o que levou a ela o papel principal da Condessa em AHS: Hotel. Quando estreou naquele outono, além de render a ela um Golden Globen para melhor atriz em uma minissérie ou filme de TV, o show teve efeitos profundos em Gaga.

“Voce consegue imaginar se sentir sozinha o tempo todo? ” Ela disse a Kristin Dos Santos do E! News em outubro de 2015. “E trabalhando constantemente e estando em turnê e fazendo coisas como essa e então, vivendo e respirando, e tendo mudanças reais de emoções e drama real o tempo todo? Eu ainda tenho trocas com as pessoas, e olhando nos olhos deles... por que você está disponível. Quando você não está em volta de pessoas que estão disponíveis para você, você desliga, então aqui estou, e estou ligada“

“Eu estou mais feliz que nunca” Gaga continuou, “porque as pessoas com quem eu trabalho se importam de verdade que minha vida está diferente e realmente querem ter certeza de que eu me sinta o mais normal possível, então eu posso ter um ótimo momento e ser apenas uma garota comum, e só ser uma mulher para o Ryan no set ou, você sabe... (risadas) uma hemofílica.“

Mas enquanto a carreira continuava a se recuperar em 2016, e ela teve uma indicação ao Oscar por Melhor Canção Original por ter contribuído ao documentário The Hunting Ground, a oportunidade de cantar o hino nacional no Super Bowl 50 e o papel principal no remake de Nasce Uma Estrela do Bradley Cooper, sua vida pessoal levou um grande tombo quando, em julho, ela e Kinney terminaram. Por mais que a dupla tenha escolhido não discutir a separação de seu relacionamento imediatamente após a notícia, Gaga depois disse que seu sucesso, o papel no filme especificamente, foi o que separou eles.

“Minha vida simplesmente implodiu”, ela disse no documentário de 2017, Gaga Five Foot Two. “Eu vendi 10 milhões de discos e perdi Matt. Eu vendi 30 milhões e perdi Luke. Eu fiz um filme e perco Taylor. É como uma rotatividade. Essa é a terceira vez que eu tenho coração partido desse jeito.”

Enquanto o show tinha que continuar, com Gaga de cabeça pra baixo no maior trauma de sua família, ela explorava a perda de uma tia que ela nunca conheceu para o seu quarto álbum completo, "Joanne", e passou pela sua próxima reinvenção musical (uma pegada mais folk rock-pop dessa vez). E então, ela sofreu outro golpe. Como ela revelou em seu documentário da Netflix citado acima, durante a criação do Joanne, o fim de um relacionamento, e a preparação para seu show de intervalo do Super Bowl LI, no fevereiro seguinte ela estava sofrendo de dor crônica, que depois foi revelado ser fibromialgia, que a Mayo Clinic descreve como “uma desordem caracterizada por se espalhar por dor muscular acompanhada de fatiga, sono, e problemas de memória e humor.”

“Eu sinto dor física” ela disse durante uma entrevista com Elvis Duran em 2016. “Na verdade, eu sofro de dor crônica e é desse medo paralisante que eu passei há quase 10 anos.” Como Gaga explicou, os efeitos de uma agressão sexual nos primeiros anos se manifestavam fisicamente. “Quando algo traumático acontece, seu cérebro desconecta para que ele possa lidar,” ela elaborou. “Mas, fica no seu corpo, nos seus tecidos, fisicamente em você.”

Enquanto ela continuava a procurar tratamento para controlar a dor física, Gaga também começou a reparar a dor emocional persistente do seu término com Kinney quando se viu nos braços de outro homem, Christian Carino. Rumores de um romance com o bem-sucedido agente de talentos começaram quando ele foi visto dando um beijo nela antes de sua performance do Super Bowl. Em setembro, ela estava usando a palavra “amor” quando falava sobre seu novo amor para a plateia em um dos seus shows da Joanne World Tour. Um ano depois, os dois continuam apaixonados como sempre.

Com a primeira década de sua carreira chegando ao fim, ela começa a próxima com muitas coisas pela frente, burburinhos de Oscar em relação ao Nasce uma Estrela, uma residência em Las Vegas e seu próximo álbum, provavelmente nessa ordem. Nesse tempo, uma coisa não mudou, e é a relação da Mother Monster com seus Little Monsters. (Músicos com nomes únicos para os fandoms? Você pode agradecer a Gaga por isso.) Pelo seu apoio dado com a sua Born This Way Foundation e sua contínua devoção aos direitos LGBT (dentro de muitas, muitas, muitas caridades usando a sua fama), sua dedicação perante a sempre dar a eles algo sobre o que colocar suas “paws up”, e sua inigualável vontade de ser inflexivelmente aberta e honesta com eles, há um motivo para ela ter mais de 76 milhões de seguidores no Twitter. E durante todos os altos e baixos, os Grammys e os papeis nos filmes, a dor física e a luta emocional, é essa conexão que parece ser a mais importante.

“O que ligou os Little Monster comigo, desde o começo é compartilhar a mensagem de amor e união e aceitação pelo mundo, então quando os anos vão passando, todos nós crescemos e mudamos, mas nossos valores são os mesmos,” ela disse ao Entertainment Weekly ano passado. “Nos faz forte. Não importa o que aconteça em nossas vidas, na minha, ou no mundo, nós sempre teremos aquele terreno comum e sistema de valor que nós importamos sobre.”

Não há dúvidas de que os Little Monsters mal podem esperar para ver o que a Mother tem guardado para eles a seguir.

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Fonte

Tradução por Vinicius Colombo

Revisão por Kathy Vanessa