Com versões em diversos países, sendo fundada nos Estados Unidos, a revista Rolling Stones é uma das mais importantes no quesito musical e de cultura pop no mundo, sendo sua importância no cenário musical de diversos países reconhecida mundialmente, inclusive no Brasil. Neste aniversário de 10 anos do lançamento do primeiro álbum de estúdio de Lady Gaga, o “The Fame”, a revista publicou uma matéria tratando sobre o impacto de Gaga na indústria musical desde seu início de carreira, bem como relembrando uma entrevista a respeito de seus primeiros passos como uma cantora pop de destaque nos Estados Unidos e no mundo.

Leia a entrevista traduzida:

"'The Fame’ de Lady Gaga em seus 10 anos: Como a sua estreia foi uma profecia que se cumpriu

Com seu LP de 2008, Stefani Germanotta foi de um desejo pelo estrelato para a personificação do mesmo.

“Eu costumava caminhar pela rua como se eu fosse uma estrela do caralh*”, Lady Gaga disse à Rolling Stone na sua primeira entrevista de capa em 2009. Ela estava falando sobre seu estado de espírito um ano antes de sua grande revolução, mas quando ela falou com a Rolling Stone, Gaga não precisava fingir. Ela tinha se tornado uma mega estrela e uma herdeira do trono do pop, assim como as Madonnas, Janets e Britneys antes dela. E foi tudo graças à sua profecia auto cumprida do seu álbum de estreia, ousadamente intitulado "The Fame".

Antes de "The Fame", Gaga estava definhando no Lower East Side em New York assim como qualquer outro artista esperançoso. Stefani Germanotta, nascida em Manhattan, deixou a NYU, onde estudou música e apresentava baladas no piano no lendário e próximo Bitter End. Ela se integrou na cena de boates, lançando Lady Gaga e a Starlight Revue com Lady Starlight. O show do par pop-burlesco fazia homenagem aos anos 70 e ajudou a moldar a personagem de Gaga no palco, a mesma que o mundo conheceria alguns anos depois.

"Suponho que é de onde veio a vaidade do álbum", continuou Gaga em sua entrevista à Rolling Stone. "Eu opero a partir de um lugar de ilusão - é disso que é o ‘The Fame’". Gaga também admitiu os hábitos viciosos que se misturavam com seu narcisismo e seu perfeccionismo artístico. Ela lembrou que, depois de deixar a faculdade, ela passava na frente de um espelho em seu pequeno apartamento no centro da cidade, rico em cocaína, treinando seu penteado e maquiagem até se sentir como uma estrela.

A fama e as consequências de sua busca estão no centro do álbum. Estes eram temas ambiciosos de alguém que era um desconhecido no meio musical até que o single “Just Dance” e um vídeo que o acompanha, dirigido por Melina Matsoukas (Lemonade, Insecure), assumiram as paradas, chegando ao número um nos EUA e em outros cinco países. Na faixa-título, ela propõe a tese do álbum: "Eu não posso me ajudar / Eu sou viciado em uma vida material / É uma espécie de piada / eu sou obsessivamente oposta ao que é típico"; músicas que pareciam tão luxuosas quanto ela queria ser (embora álbuns posteriores como “Born This Way” e “Joanne” tenham prosperado com seu retorno às raízes mais corajosas de seu passado). Gaga usou o poder da estrela, o desejo por ela e a falta dela no momento em que ela escreveu o álbum como metáforas para o amor, sexo e sua identidade.

Essa abordagem é mais eficaz em "Paparazzi", talvez o momento mais subestimado do álbum de brilho lírico. Ela se torna o paparazzi em questão quando se trata do amor obsessivo e imersivo que ela tem pelo homem-centro da canção. A música é um conto pop de amor tóxico: romance ruim, algo que ela tem provado uma e outra vez para saber uma coisa ou duas sobre - servido em uma bandeja de prata incrustada de diamantes.

O desejo de uma estranha do pop se transformar em uma realidade inevitável iria se tornar uma das melhores histórias da Cinderela. Durante anos, o nome de Lady Gaga tornou-se sinônimo da palavra “pop”, porque canções como “LoveGame”, “Poker Face” e “Just Dance” não eram apenas megahits de platina, mas também peças de música e arte que desafiaram o caminho que pensávamos que o pop pode percorrer, olhar, agir e soar. Falando sobre “disco sticks”, metáforas para bissexualidade e histórias de clubes hipnotizantes, [as canções] possuíam grande distância do chiclete virginal do final dos anos 90 e construídas sobre a proto-EDM dos maiores sucessos do ano ( “Low” foi, em 2008, a música de mais longa duração em #1 de FloRida). Até mesmo a forma como Lady Gaga se vestia, abandonando as tendências convencionalmente “princesas do pop” para conceitos de alta moda, mudou a ideia do mundo da música do que “sexy” poderia significar.

O que se seguiu foi uma série de altos e baixos artísticos. A edição de luxo do “The Fame” (“The Fame Monster”) foi uma extensão ainda mais ambiciosa do trabalho de mudança do mundo que ela havia feito em sua estreia. Seus vídeos se tornaram mais ambiciosos (veja o harém alienígena inspirado em Alexander McQueen de “Bad Romance” ou a futurística aventura de Thelma & Louise, co-estrelada por Beyoncé em “Telephone”). “Born This Way” reafirmou sua postura como uma estrela pop frente outras estrelas; ela também retornou aos clubes de metal de seus dias pré-pop e fundiu os dois mundos juntos, com resultados variados. “ARTPOP” e “Joanne” ainda a desafiaram musicalmente, levando-a aos extremos mais distantes de seu alcance (autora de Warhol e rainha de um country despojado, respectivamente). Nesse meio tempo, ela ganhou um Globo de Ouro por sua atuação, trabalhou como cantora de lounge ao lado de Tony Bennett e se viu fechando acordo em uma residência em Las Vegas - fazendo dela uma das mais jovens estrelas populares do pop - sem mencionar um papel mais importante em Hollywood.

Uma década de Gaga tem a sensação de ter sido uma geração completa de mudança na história musical. A fama dela apenas começou.

Confira aqui a matéria completa.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz e Gustavo Duarte Martins

Revisão por Vinícius de Souza