Com suas exibições ocorrendo no TIFF 18 (Toronto Internacional Film Festival), o filme em que Gaga e Cooper atuam como protagonistas, "Nasce Uma Estrela", vem ganhando aos poucos novas reviews, que estão sendo liberadas por críticos midiáticos, os quais tiveram oportunidade de assistí-lo, e agora comentá-lo.

A Slant Magazine (revista que se caracteriza por reviews de filmes, música, DVD e shows de TV, assim como interviews de atores, diretores e músicos), também deu seu parecer sobre o filme, expondo sua opinião em nova review, na qual comenta os acertos, e no geral elogia o filme, dando uma boa nota ao remake.

Leia a review completa (pode conter spoilers):

Não mexa com uma boa fórmula. Essa é a coisa principal do último remake da era de ouro de 1937 do melodrama de Hollywood de "Nasce Uma Estrela" que é feita de forma espetacularmente certa. Não importa se você gosta muito da produção original de William Wellman protagonizada por Janet Gaynor e Frederic March, ou duas versões posteriores de 1954 (protagonizada por Judy Garland e James Mason) e 1976 (protagonizada por Barbra Streisand e Kris Kristofferson), você verá que a estrutura dessa história de amor trágica é descaradamente a mesma. E familiaridade, no caso de "Nasce Uma Estrela" de Bradley Cooper, não deveria provocar desprezo.

Começa, assim como deve ser, com um encontro do destino. Aqui é entre Jackson Maine (Cooper), um roqueiro country adorado, mas que está em declínio, e Ally (Lady Gaga), uma garçonete durante o dia e cantora durante a noite cuja estrela está em ascensão. Jackson é um alcoólatra que usa a bebida e as drogas para combater um caso de zumbido. Enquanto está procurando por um bar, qualquer bar, depois de um dos seus shows, ele vai para um bar drag onde Ally é a performer feminina solo. Ela aparece em um palco com a elegância de Edith Piaf, cantando a sua música de assinatura, "La Vie En Rose", da cantora que muitos se referiam como a francesa que se equivale à Judy Garland.

Já está claro que Cooper, que também co-escreveu e dirigiu, entende e respeita o roteiro e as sensibilidades queer de onde são tiradas a história real. Mas existe um limite para a lealdade. O cineasta também precisa criar um ambiente crível que é apropriado para a era atual, assim como invocar uma química palpável entre ele e sua protagonista.

Para esse fim, há mais sucesso no último filme do que no antigo. Esse "Nasce Uma Estrela" não tem nada especialmente interessante para dizer sobre o atual estado da indústria da música, apesar de que um esforço é certamente feito com todas as performances de larga escala no Coachella, uma viagem nos bastidores de um episódio apresentado por Alec Baldwin no SNL e as tensões que naturalmente crescem entre a sensibilidade musical de Jackson e o estilo charmoso de Ally. No nível de romance (ruim), no entanto, o filme de Cooper certamente é melhor.

Quem iria imaginar que Will Tippin do filme "Alias" e a Mother Monster tinham tantas faíscas entre eles?

Jackson anda como um garotinho cabeludo perdido e tem uma pronúncia demorada parecida com a de Sam Elliott, o que é apropriado já que Elliott interpreta o irmão mais velho do personagem, Bobby, e as similaridades dos irmãos se torna um enredo emocionalmente potente. Jackson é uma paródia ambulante de masculinidade viril, então o encontro dele e de Ally sendo em um bar drag neutraliza qualquer dominação ou tolices de homens que pode chegar a ocorrer. Machismo é apenas outra postura do filme; todo mundo está usando o que eles acreditam ser a melhor expressão deles, embora isso não signifique que seja.

Apesar disso, quando Jackson e Ally cruzam os olhares pela primeira vez — Gaga deita no chão do bar e fixa seu olhar na direção da câmera, deixando os olhos azuis de Cooper fazer o resto — é positivamente elétrico. Quem iria imaginar que Will Tippin do filme "Alias" e a Mother Monster tinham tantas faíscas entre eles? De lá há uma pequena jornada calma para momentos cada vez mais difíceis. Jackson sente que Ally tem talento e lentamente a tira da concha. Depois eles se tornam co-performers. Então os chefões aparecem, principalmente na forma do empresário musical arrogante Rez (Rafi Gavron). Ciúmes, casamento, sucesso, fracasso, constrangimento público, reconciliação e tragédia acontecem pouco depois. E Ally, é claro, tem que ter um momento final transcendente no qual ela memoriza seu amor tempestuoso por toda a eternidade diante de um público gigantesco.

O personagem de Elliott soma à temática do filme em uma cena onde ele fala sobre o amor de Jackson e a oitava de 12 notas. Uma vez que você passar da primeira oitava, Bobby diz, as notas se repetem. É o trabalho de cada artista usar essas mesmas notas de forma diferente. Como justificativa para a existência de um novo "Nasce Uma Estrela", a observação é banal e descaradamente na cara. Mas como entregue por Elliott, em seu singularmente sábio e cansado tom, o clichê se torna profundo. Cooper entende que a mensagem só é tão ressonante quanto o mensageiro, ele se rodeia de colaboradores, velhos e novos, que podem vender até mesmo o clichê mais interminável.

Cooper retribui ao oferecer aos seus companheiros antigos de "Alias", Greg Grunberg e Ron Rifkin, papéis pequenos, mas importantes como motorista de Jackson e seu médico na reabilitação, respectivamente. Cooper também atribui funções para o magnífico cineasta Matthew Libatique, como a de criar com a palheta visual que se prova a veia de "The Wrestler" de Darren Aronofsky (ficando perto dos protagonistas na maior parte do tempo, então o espectador tem um senso da visão do estilo de vida de celebridade), mas sem as tendências masoquistas daquele filme. Ele corretamente e sensitivamente trata Gaga como uma pessoa primeiramente e depois como um ícone, o que permite que ela se abra em formas diversas, no microfone e em momentos mais dramáticos e íntimos do filme, que são constantemente crus e surpreendentes. O objetivo é derramar lágrimas e, o mais cínico, ganhar prêmios, mas quando uma história antiga é tão bem contada, prova ser difícil de se resistir.

Nota: 3/4

No Brasil, "Nasce Uma Estrela" tem sua estreia marcada para 11 de outubro.

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Fonte

Imagem: Reprodução / Slant Magazine

Tradução por Vanessa Braz De Queiroz

Revisão por Kathy Vanessa