A revista Pitchfork, uma das maiores no ramo musical nos Estados Unidos, liberou hoje (09), sua review da trilha sonora do filme Nasce uma Estrela, de Lady Gaga e Bradley Cooper.

Conhecida por ser uma das mais rigorosas análises do mercado fonográfico, a review feita pela crítica Larry Fitzmaurice teve nota 7.4, o que para o padrão deles, podemos considerar uma nota muito boa. A análise é contabilizada no Metacritic.

A review aclamou a trilha sonora como um todo, elogiando muito Gaga e suas performances, e dizendo que podemos encontrar algumas das músicas mais emocionantes do ano.

Confira a crítica completa aqui:

" Trilha sonora de Nasce Uma Estrela/ Lady Gaga e Bradley Cooper

Em seu auge, o álbum cumpre a promessa de sua estrela-potência com algumas das músicas pop mais comoventes e esmagadoramente emocionantes do ano.

Nasce Uma Estrela não tem direito de ser tão bom assim. Dirigido por Bradley Cooper, o terceiro remake do filme de 1937 de David O. Selznick esteve em desenvolvimento por mais de uma década e em um momento contou com Clint Eastwood como diretor e com, inacreditavelmente, Beyoncé no papel de protagonista que agora é ocupado por Lady Gaga. A narrativa imersiva e romântica da cantora-compositora Ally (Gaga) e seu relacionamento com o roqueiro veterano Jackson Maine (Cooper), onde à medida que o último assiste a primeira se lançar ao estrelato pop, está embutido no roquismo que tipicamente desencadeia escárnio a respeito do clima cultural atual. Mas junto de reviravoltas poderosas de Cooper e Sam Elliott, Gaga brilha mais ainda com uma performance empática que apresenta um resumo dos últimos anos de sua carreira.

Desde o ressoar agressivo de ARTPOP de 2013, Gaga se afastou cada vez mais da carreira no pop que a colocou no mapa em sua estreia em 2008 com o The Fame; ela tocou ao lado de Tony Bennett em Cheek to Cheek de 2014 e entrou no estúdio com Kevin Parker do Tame Impala e Father John Misty para Joanne em 2016. Quando a cortina se levanta em Nasce Uma Estrela, ela está fazendo um cover de Edith Piaf com sobrancelhas falsas coladas em seu rosto; duas horas depois, ela é uma super estrela completa, com dançarinos e mudanças de roupa em segundos. Com uma performance inteiramente orgânica e com sentimentos reais, Gaga novamente entra na confusão entre pessoa e persona com a qual ela brincou grande parte de sua carreira iconográfica.

Apesar da performance de Gaga cobrir uma jornada de uma década de mudanças de forma no estrelato pop, não há nada no aparentemente dia moderno de Nasce Uma Estrela que realmente reflete o cenário pop de 2010. Inicialmente, é um pouco difícil imaginar o extremismo country-rock de Maine tocando para um público tão grande no Coachella, como na cena de abertura do filme, em algum outro lugar, uma relevância moderna é alcançada em uma aparição da Halsey e uma cena importante centrada ao redor de uma homenagem, cantada por todas as estrelas no Grammy, que tipicamente transforma as redes sociais em uma manifestação unânime de reclamações. Essa desconexão da nossa realidade não tem problema: Nasce Uma Estrela tenta e consegue alcançar uma vibe atemporal que não exige relevância atual pop-cultural.

A trilha sonora oficial do filme é bem à moda antiga na sua abordagem, mesmo quando seus créditos incluem muitos compositores modernos das esferas do pop, country e rock. Junto de Gaga e Cooper, há contribuições de Jason Isbell, Lukas, filho de Willie Nelson, Mark Ronson, o vocalista Miike Snow de Andrew Wyatt, os feiticeiros pop dos bastidores Julia Michaels e Justin Tranter, a lista é longa. As músicas caem em distintos silos — roqueiros-blue berrantes, baladas acústicas tenras, hinos românticos e eletro-pop robótico — e economiza para um florescimento digital ou dois para as músicas pop que compõem as partes finais do filme, há muito pouco aqui que teria soado fora do lugar nas trilhas sonoras de filmes de grande sucesso de décadas passadas.

Em seu auge, o álbum cumpre a promessa de sua estrela-potência com algumas das músicas pop mais comoventes e esmagadoramente emocionantes do ano. Se você passou metade do dia na internet nas últimas semanas, você provavelmente encontrou o dueto explosivo Gaga-Cooper de “Shallow,” merecidamente; é uma balada tempestuosa tão instantaneamente icônica, que seu lugar no Oscar durante as próximas décadas está praticamente garantido. Correndo o risco de heresia, no entanto, pode até não ser a música mais forte do álbum — no mínimo, atinge um empate de três vias com o balanço descaradamente sentimental de "Always Remember Us This Way" e a música que fica mais perto de partir o nosso coração, “I’ll Never Love Again.”

Esses três principais destaques pesadamente caracterizam Gag a— as últimas duas como performances solo — o que conversa um pouco com a natureza desnivelada dos cortes de Cooper. A simples, sincera e escrita por Isbell “Maybe It’s Time” possui um brilho silencioso, mas por outro lado, as músicas de Cooper como Maine assumem uma forma blues-rock um tanto anônima ao lado dos momentos mais dinâmicos da trilha sonora. Apesar da força das performances de Gaga capturadas nessa trilha sonora — tudo ao vivo gravado durante as filmagens, uma abordagem a qual ela insistiu — ela não está totalmente fora de perigo quando se trata dos pontos baixos; as músicas pop mais explícitas que fazem parte da ascensão de Ally como artista solo, vão de esquecíveis (”Heal Me”) a ridículas (”Why Did You Do That?”).

O próprio ato de envolvimento com as músicas de Nasce Uma Estrela ouvindo em casa apresentam um problema bem moderno: com diálogo ou sem diálogo? Os serviços de streaming atualmente oferecem as duas versões da trilha sonora, a primeira funcionando meio que como um spoiler, mas que é, surpreendentemente, uma experiência imersiva do próprio filme. Escolher qual versão ouvir é um desafio peculiar a ser enfrentado (imagine, por exemplo, comprar duas cópias separadas da trilha sonora de O Guarda-Costas), mas apesar de “I’ll Never Love Again” ser efetiva por conta própria, a versão que inclui o diálogo da música dramaticamente é cortada em seus últimos segundos da mesma forma que o filme: voltando ao tempo da performance de Gaga de parar o tempo para uma cena crucial e comovente que apenas aumenta o quociente emocional da música.

A mudança é um truque interessante na experiência de ouvir as músicas, mas sem querer também destaca o erro acidental da trilha sonora de Nasce Uma Estrela: não representa o soco emocional de assistir as músicas apresentadas no filme. A gravação ao vivo de “Always Remember Us This Way” não captura a entrega física cheia de paixão de Gaga no piano ou seu rosto estampado em um telão atrás dela enquanto Cooper fica com os olhos marejados ao ver o rosto dela de choque. E poderosa como “Shallow” é, nada se compara ao olhar de surpresa genuíno no rosto de Gaga como Ally, quando ela alcança a nota mais alta pela primeira vez e efetivamente lança a música em um cosmo emocional e além. Esses momentos têm tudo a ver com sua força óbvia como performer, bem como com o quão impressionantemente a música funciona junto com a fotografia do filme; você pode recriá-la na sua cabeça enquanto estiver ouvindo, ou tentar seu melhor para fingir ser a Gaga enquanto canta essas músicas no chuveiro, mas não é tão efetivo como a coisa real."

Nota 7.4

Review Original

A trilha sonora teve seu lançamento mundial no dia 05, e você pode ouvi-la em todas as plataformas digitais aqui.

No Brasil, a estreia do filme está marcada para a próxima quinta, 11 de outubro.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Kathy Vanessa