A grande espera para "Nasce Uma Estrela" está chegando ao fim. Em menos de 2 semanas, 10 dias para ser mais exato, o filme estreia no Brasil, no dia 11 de outubro. E então, os fãs e admiradores do trabalho de Gaga poderão finalmente assistir ao seu desempenho como atriz, sendo ela a protagonista. O filme já é aclamado pela crítica especializada e pelos demais que tiveram oportunidade de assisti-lo. É chegada a hora de poupar o seu vocal e as suas lágrimas, pois O NASCIMENTO DE UMA ESTRELA ESTÁ PRÓXIMO.

E claro, não podemos esquecer daquele que nos deu essa oportunidade de assistí-la [Gaga] nos cinemas, o incrível Bradley Cooper (Jackson), que além de atuar com Gaga no protagonismo do filme, exerce também os papéis de roteirista e diretor, como estreante, um grande desafio não?

Nada mais justo do que o famoso ator (agora também diretor) conceder entrevistas, como fez recentemente para a W Magazine, onde falou sobre seu lado pessoal, sobre Gaga, e claro, sobre "Nasce Uma Estrela".

Leia a entrevista completa traduzida:

Bradley Cooper fala sobre fazer "Nasce Uma Estrela" contra todas as probabilidades

Antes de selecioná-la nessa emocionante e ressonante versão de "Nasce Uma Estrela", a quarta encarnação do conto clássico do cinema de romance trágico, Bradley Cooper conhecia Lady Gaga apenas vagamente. "Eu não sabia muito quem ela era", Cooper me contou às 8:30 da manhã em um restaurante no centro de Manhattan no verão passado. Em seu uniforme composto de jeans e uma camisa azul-marinho, Cooper estava enérgico bem antes do café chegar; ele é uma pessoa bem humorada de manhã e estava assim há horas. Ele e sua namorada de longa data, a modelo Irina Shayk, e sua filha, Lea, recentemente se mudaram de Los Angeles para Nova Iorque, e Cooper praticamente não saiu da nossa mesa aconchegante, marcando todos os nossos encontros lá. "Se tornou meu escritório", ele disse, rindo.

Fotografia: Inez & Vinoodh

Eu conheço Cooper, que tem 43 anos, desde sua indicação ao Oscar pelo filme "O Lado Bom da Vida" em 2012, e ele sempre teve um tipo de entusiasmo contagiante, sem limites e fofo por todos os aspectos da sua profissão. Mas essa manhã havia um nível diferente de engajamento. Cooper dirigiu "Nasce Uma Estrela", co-escreveu o roteiro e muitas das músicas do filme e supervisionou cada detalhe da produção. Ele até mesmo aprendeu a cantar e a falar como uma estrela da música country-rock e diminuiu sua voz em uma oitava para parecer rouca e desgastada. Desde o início de sua carreira profissional como ator, Cooper ficou intrigado mais do que o personagem em que ele estava trabalhando, e havia um senso de que seus sonhos mais ambiciosos estavam se tornando realidade com esse filme.

Sua primeira grande chance veio em 2001, como o amigo "legal" na série de TV "Alias", onde ele passou tanto tempo na sala de edição quanto atuando. Cooper estudava obsessivamente todas as diferentes performances, assim como a iluminação e o trabalho com a câmera. "Eu estava fascinado por todas as coisas que estavam conectadas a uma filmagem", ele disse. "Eu era quem fazia perguntas o tempo todo. A adrenalina para mim nunca esteve apenas em atuar".

O que nos leva de volta à Lady Gaga, ou, como Cooper a chama, Stefani (Seu nome de batismo é Stefani Germanotta). "Eu estava em um evento beneficente contra o câncer com minha mãe", Cooper relembrou. "Eu realmente não conhecia a música de Lady Gaga. Eles tinham um convidado musical surpresa e Stefani apareceu com o cabelo penteado para trás e começou a cantar "La Vie en Rose". Eu fiquei fascinado, como naquele comercial antigo da Maxell onde o cabelo do homem fica voando". Cooper a enxergou não como uma estrela famosa mundialmente, mas como uma mulher despida, e imediatamente a idealizou como a mulher protagonista. "Eu liguei para o agente dela no outro dia e disse: 'Posso ir na casa dela e conhecê-la o mais rápido possível?'". Eu dirigi até Malibu, nós sentamos na sua varanda e depois quando fui perceber eu estava comendo espaguete e almôndegas, e eu disse: 'Podemos cantar uma música juntos?'".

Cooper ainda parecia chocado com sua coragem e pegou seu telefone. "Eu tenho um vídeo de nós dois cantando a música", ele disse com orgulho, tentando achar o vídeo. "Lembre-se, a gente tinha acabado de se conhecer. Eu perguntei se ela conhecia a música "The Midnight Special", porque eu sabia ela de cor, e ela disse que não. Mas nós baixamos a partitura e eu me sentei do lado dela no piano".

O vídeo é fascinante: Quando eles começam a cantar Cooper parece nervoso, e Gaga, com o cabelo loiro curto e platinado, parecia confiante, mas cuidadosa. "É constrangedor", Cooper admitiu. Mas depois de um verso, Gaga para de cantar e encara Cooper: "Alguém já ouviu você cantar?", ela pergunta. O reconhecimento do talento cru de Cooper pareceu incentivá-lo. Eles começaram a harmonizar o refrão e no final da música Gaga a transformou em um hino de blues e meio Janis Joplin.

"Surpreendentemente, eu não estava nervosa ou assustada sobre a possibilidade de atuar em 'Nasce Uma Estrela'", Lady Gaga me disse no celular enquanto falava de sua casa em Los Angeles. "Eu tinha ouvido falar sobre um rumor do projeto e desde criança eu queria ser uma atriz. Eu até tive aulas de atuação no Lee Strasberg quando eu era bem jovem. Então quando Bradley veio, ele imediatamente pareceu um espírito familiar - nós comemos as sobras no pátio e começamos a cantar juntos. Quando eu ouvi o quanto a voz dele vinha da alma, eu sabia que o filme iria funcionar".

Quando o vídeo acabou, Cooper olhou para a tela. "Eu estava tão feliz naquele momento", ele disse. "Eu sou italiano, ela também é. Nós imediatamente ficamos confortáveis um com o outro. Nós fizemos um acordo: Eu iria acreditar nela como atriz, e ela iria acreditar em mim como músico. Eu queria que houvesse um aspecto meta no filme, e Stefani me deu aquilo que eu queria. Além disso, nenhuma atriz pode fazer musicalmente o que eu precisava que Stefani fizesse em 42 dias de gravação: Eu precisava de um plutônio. E o plutônio de "Nasce Uma Estrela" é a voz de Stefani".

Infelizmente, a Warner Bros., que estava financiando o filme, não concordou. Cooper teve que fazer vários testes com Gaga para convencê-los de que ela poderia interpretar Ally, a cantora desconhecida que é a "Estrela" do filme. No conto clássico de Cooper da história de um cantor velho, estabelecido e confuso que se apaixona por uma cantora iniciante desconhecida que brilha enquanto a luz dele apaga, ambos os protagonistas já estão no mundo da música. Cooper, na verdade, já estava pensando em "Nasce Uma Estrela" há algum tempo. Clint Eastwood, um de seus mentores, sugeriu que ele estrelasse em um remake que ele estava pensando em fazer. "Aquilo foi há cinco anos. Eu tinha 38 anos na época, e eu achava que eu era jovem demais para o papel", Cooper explicou. "Fingir que eu tinha vivido mais do que eu vivi não teria funcionado. Dizer não para Clint Eastwood foi a coisa mais difícil que eu fiz. Eu fiz teste para cada filme do Eastwood. Ele era meu herói!".

Em 2014, Eastwood e Cooper trabalharam juntos em "Sniper Americano", que arrecadou mais de $ 500 milhões de bilheteria e rendeu a segunda indicação de Cooper ao Oscar por melhor ator como protagonista. Depois ele fez "O Homem Elefante", a peça que o inspirou a se tornar um ator quando era criança. "Eu vi a adaptação do filme "O Homem Elefante" quando eu tinha 12 anos", Cooper relembra. "Aquela história me mudou. Ficou na minha pele e deixou uma marca inesquecível. Foi quando eu pensei, eu quero fazer esse trabalho".

Durante a promoção de "Sniper Americano", Eastwood e Cooper estavam em um evento da indústria no hotel Chateau Marmont, em Los Angeles, onde Annie Lennox estava apresentando "*I Put A Spell On You", sua música de 2015 para o filme "50 Tons de Cinza". Cooper estava impressionado. "Enquanto ela cantava, eu vi as veias saltando em seu pescoço, e eu disse para Clint: "Vamos fazer Nasce Uma Estrela". Ele respondeu: "Esse navio já partiu". Eu fui para a cama naquela noite e vi o começo do filme na minha mente, e eu sabia que eu tinha que dirigi-lo".

Depois de distorcer seu corpo para interpretar John Merrick em "O Homem Elefante" e em Londres por muitos meses, Cooper definitivamente sentiu que ele tinha vivido tempo suficiente para interpretar Jackson Maine, uma estrela country do rock alcóolatra, carismática e mundialmente famosa. Nas versões antigas de "Nasce Uma Estrela", o personagem masculino é famoso, mas passa por uma maré de azar devido ao vício e o comportamento impulsivo. Cooper queria ajustar aquela narrativa. "Eu não me importava com um cara que tem inveja de outra pessoa ficar famosa", ele disse. "Eu gostava da ideia de uma história de amor real, de duas pessoas que são destruídas de diferentes formas, que se encontram, mas que não podem ser consertadas".

De diferentes formas, é esse o poder de Cooper no filme. Os personagens estão perdidos, mas o amor deles é convincente - até a realidade do negócio da música e o custo do sucesso estourarem a bolha. É interessante que Cooper, que se parece mais com o personagem de Gaga, Ally - uma estudante ávida e brilhante encantada com o que é possível - é tão comovente quanto Maine, um homem que não é mais motivado pelos holofotes ou os gritos da multidão.

Para interpretar Maine e coordenar todos os aspectos da produção, Cooper arrumou meio que um acampamento por seis meses em sua casa em Los Angeles. Quando criança, Cooper tocava contrabaixo ("Por causa de Tom e Jerry, o desenho - o gato tocava baixo e parecia tão legal"), mas ele teve que aprender a tocar violão, piano e a cantar como um profissional experiente.

"Nós organizamos minha agenda inteira, dia por dia", Cooper disse. "Eu acordava, ia malhar, depois praticava duas horas de guitarra e duas horas de piano. Almoço. Depois Lukas Nelson [filho de Willie], meu colaborador, vinha para cá e nós escrevíamos músicas por uma hora e meia. Eu escrevia o roteiro o resto do dia. Irina estava grávida, então era perfeito. Lea nasceu uma semana antes de começarmos a gravar".

Eles começaram a produção no festival de música no Coachella. Apesar de Lady Gaga ser a artista principal, ela ainda conseguiu gravar as cenas dela entre intervalos. Cooper até cantou com ela, como Jackson Maine, e percebeu que sua preparação foi recompensada. "No começo eu estava assustado. Você esquece tudo quando está no palco na frente de 30.000 pessoas. Eu quase não consegui respirar, mas então eu olhei para a Stefani e relaxei: Sua crença em mim como músico me deu coragem".

Mais tarde naquele dia, depois de se encontrar no mesmo restaurante com escritores para discutir o que poderia se tornar seu próximo projeto como roteirista e diretor, a biografia sobre o brilhante maestro e compositor Leonard Bernstein, Cooper chegou no estúdio de fotografia em NoLIta para ter seu retrato tirado para a W. Apesar de ele ser muito bonito, com seus olhos azuis Windex e seu jeito descontraído de falar sobre cada parte do processo de fazer o filme (incluindo a tarefa exaustiva de promover filmes), Cooper sempre resistiu às sessões de foto. Ele é claramente muito mais confortável sendo visto no contexto de seu trabalho do que, por instância, como "o homem mais sexy vivo", como ele foi rotulado pela revista People em 2011.

Deve ser por isso que Cooper insistiu em ter um pequeno set e em usar a mesma camisa que ele usa em "Nasce Uma Estrela". Nada de coisas de ator bonitão mas: era hora de ser sério. Ele salientou que apesar da performance ser a chave para o sucesso do filme, ele preferiria ser visto como roteirista-diretor do que apenas ator. Ter um mentor como Clint Eastwood, que faz muitas coisas e também já foi um galã de sua época o ensinou muito. Ele não só respeita os mais velhos como também estuda como eles obtiveram sucesso conduzindo suas carreiras.

Fotografia: Inez & Vinoodh

Cooper cresceu nos subúrbios da Filadélfia e tinha muita admiração por seu pai, um corretor da bolsa que teve câncer no pulmão durante cinco anos até que faleceu em janeiro de 2011. "Eu queria ser meu pai", Cooper me contou. "Quando eu tinha 8 anos de idade, eu usava ternos para ir para a escola e carregava uma maleta". Agora ele usa a aliança do seu pai em uma corrente ao redor de seu pescoço, e sua memória parece motivar Cooper de forma até inconsciente: Ele tem uma sensação intuitiva de que o tempo é curto e que tem muita coisa para conquistar. Às vezes, esse senso de carpe diem significa que Cooper está no lugar certo e no momento certo (sim, aquilo era ele sentando do lado do proprietário do Filadélfia Eagles quando o time venceu o Super Bowl em fevereiro). E apesar de ele não falar muito, claramente significa que ele tem um plano para o futuro que envolve mais do que atuar. "Eu sempre pensei que eu tinha seis personagens em mim, e eu já interpretei alguns deles", ele disse. "Eu fui um soldado [Sniper Americano], um músico [Nasce Uma Estrela], um chefe [Pegando Fogo], e uma pessoa desfigurada [O Homem Elefante]. Eu ainda quero interpretar um maestro. E depois, quem sabe o que vai acontecer?".

Cooper parou. "Eu sempre fui um oprimido", ele disse. "Eu sempre operei debaixo das lentes e não era visto como o 'cara principal'". Eu sugeri que depois de "Nasce Uma Estrela", seria impossível para alguém subestimá-lo novamente. "Talvez", ele disse, sorrindo um pouco. "Mas quem sabe? Eu já ouvi de tudo na minha carreira. No início eu não consegui um papel porque me disseram que eu não era 'fodível'''. Ele pausou novamente. "No fim, você tem que priorizar sua atenção para o trabalho e não ouvir ninguém. As pessoas com quem eu me importo, que se importam comigo, me falaram para eu não dirigir "Nasce Uma Estrela", disseram que seria muito difícil e que eu deveria começar com algo mais fácil. Por sorte eu não ouvi. Eu amei que foi muito, muito difícil fazer esse filme. Caso contrário, não teria o mesmo valor. E esse sempre foi o meu objetivo: fazer algo que, não importa o quão desafiador seja, mas seja lembrado".

Por: Lynn Hirschberg

A soundtrack de "Nasce Uma Estrela" tem seu lançamento marcado para 5 de outubro.

O filme "Nasce Uma Estrela" tem sua estreia marcada para 5 de outubro, sendo 11 de outubro no Brasil.

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Imagem: Reprodução / W Magazine / Inez & Vinoodh

Revisão por Kathy Vanessa