Depois deste sábado (29), Vegas não será mais a mesma. O assunto do momento gira em torno da nova residência que acontece por lá, a "Enigma", de Lady Gaga, que teve seu show de estreia apresentado nesta madrugada.

Com um show completamente novo, mas que traz de volta sucessos do passado, que apesar de antigos não foram esquecidos, Lady Gaga mostrou que parar não é uma opção e que inteligência e tecnologia andam juntas (sim, ela cantou em cima de uma robô em frente a plateia). Além disso, figurinos, pirotecnia, maquiagem exagerada, piano e lágrimas também fizeram parte do show.

Após todo o espetáculo, são esperadas reviews de sites especializados e importantes, comentando sobre o show, dando sua opinião em cada detalhe deste "Enigma".

Dito isto, a seguir você pode ler a review publicada pela EW (Entertainment Weekly - revista publicada semanalmente pela Time Inc), na qual a mesma ignorou a opção de poupar elogios ao falar não só da residência, mas também da carreira e personalidade de Lady Gaga.

Leia a review completa traduzida:

Em Vegas, uma Lady Gaga estranha e maravilhosa renasceu

Em pouco mais que uma década de relevância no pop, Lady Gaga passou por mais categorias de eras de identidade do que alguns artistas passam em toda a carreira. Ela sempre foi escultora de sua própria distinção, marcando suas fases por moda (o vestido de carne!) ou mudanças de estilo sonoro (o country!), ou de outra forma, até então o inesperado espírito de época que sua grande persona de repente passou a preencher exatamente no tempo certo (American Horror Story e Tony Bennett!).

Mas o que é estranho sobre Lady Gaga em 2018, é a forma pela qual ela explodiu a celebridade que conhecíamos. Seu álbum de 2016, 'Joanne', já tinha nos dado pistas dessa possibilidade: uma camada mais humana por trás do espetáculo, uma artista capaz de contar sua própria história sem depender de uma batida ou brilhos. Sua reviravolta meteórica em 'Nasce Uma Estrela' iria mais à frente fechar a mudança, a enviando para um passeio charmoso através da (ainda em curso) temporada de prêmios como uma atriz que utiliza os flashes de maneira diferente. Então se, até o fim de 2018, Gaga provou ser multifacetada demais para ser aquilo que seus maiores críticos querem que ela seja, além de ser ampla demais para usar apenas os chapéus previsíveis que seus maiores admiradores querem vê-la usando mais uma vez, então a cantora de 32 anos culminou, ou pelo menos parou em um lugar sem precedentes com uma pergunta curiosa: Quem é Lady Gaga agora? Ou, talvez, quem ela sempre foi?

É uma pergunta bem formulada, mas a verdade é, em qualquer caso, certamente relevante - e evidente, quase divinamente, como o próximo grande ato de Gaga atinge a noção de identidade quando um dos anos mais formadores de sua carreira chega ao fim. O mistério de Gaga, em sua glória passada e potencial futuro, é explorado no mais novo show da cantora, 'Enigma', uma residência explosiva em Las Vegas que começou em 28 de dezembro no Park Theater no Park MGM, o primeiro grande show da musicista desde a 'Joanne World Tour'. Se a pergunta sobre quem Lady Gaga é não está exatamente resolvida aqui, certamente é desconstruída, dissipada e perseguida por um buraco negro futurista e distópico.

A história do show de 100 minutos - porque é claro que há uma história! - acompanha os encontros de Gaga no palco com um misterioso andróide CGI do futuro chamado 'Enigma'. Possuindo a voz da cantora e os maneirismos de captura de movimento, a 'Enigma' afirma para Gaga que ela é "o mistério de você", contendo "as partes do seu cérebro que você não entende ... partes de você que se sentem incompreendidas". 'Enigma' (que também tem seu próprio planeta, porque mais uma vez, é claro) desafia Gaga e sua companhia de amigos-dançarinos a entrar na "simulação", fazendo um tour cronológico do catálogo de cinco álbuns da cantora para deduzir respostas sobre o futuro aparentemente rebelde de Gaga ao revisitar seu passado, que há tempos atrás já foi confidencial.

"Somente na simulação você será capaz de resolver o mistério de quem você é e por quê", explica 'Enigma', e para que esta review não inclua muitas citações estranhamente específicas atribuídas à senhora andróide CGI, uma maneira selvagem e visualmente cinética de dizer isto é: Dê a eles os maiores sucessos, e ofereça isso de uma forma que só Lady Gaga pode fazer.

O 'Enigma' começa com uma Gaga aérea voando do teto para o palco com uma keytar na mão e usando um macacão metálico cintilante perfeito (um dos vários que ela usa durante a noite). Suas estrelas das pistas de dança de 'The Fame' - 'Just Dance', 'Poker Face' e 'Love Game' - definiram o tom para uma noite de sucessos que Gaga redescobre, por assim dizer, com o ímpeto eufórico se estabelecendo com flashbacks e favoritas dos fãs como 'Dance In The Dark', 'Beautiful, Dirty, Rich', 'The Fame', 'Telephone' (sem Beyoncé), e a tumultuada 'Applause'. Os fãs mais profundos apreciarão as homenagens que o primeiro ato contém a respeito da estética e coreografia originais que definiram a ascensão inicial de Gaga; novos fãs não ficarão desinformados sobre como exatamente ela ascendeu ao estrelato tão rapidamente.

Em seguida, mergulhamos na parte PERIGOSA da noite, depois de 'Paparazzi' com a temática de um passeio no parque que deu errado, passamos para a performance apaixonante de 'Aura' (uma das várias músicas subestimadas que ela admiravelmente escolheu incluir aqui e re-elevar em seus próprios termos). É um fogo infernal interplanetário, repleto de pirotecnia, maquinário de heavy metal e uma engenhoca gigantesca robótica (com garras!); Se o público ainda estivesse acompanhando a história, eles encontrariam músicas como 'Judas' e 'The Edge Of Glory' como indicadores-chave de Gaga reacendendo a rebeldia que ela iria afirmar no segundo ato de sua carreira, memoravelmente através de 'Born This Way' e sua letra desafiante. O tom continuou com uma breve diatribe em fúria política por meio de um cover de David Bowie e Nine Inch Nails, 'I'm Afraid Of Americans'; em algum momento entre essa última música e 'Government Hooker', algo que certamente soou como se 'Donald Trump' tivesse sido gritado na multidão que sacudia a cabeça.

Há, de fato, um fim na narrativa de 'Enigma', e pode-se argumentar até mesmo o sinal de uma recompensa emocional. Depois de 'Alejandro', uma ressonante 'Million Reasons' marcou a única balada no piano que Gaga iria apresentar durante a noite (exceto pela última música) e defendeu a importância de preservar as raízes, oferecendo um belo botão sentimental à conclusão da reconciliação de Gaga com 'Enigma' (ou sua conclusão da simulação, ou viagem pelo planeta, ou, Deus, ou algo assim). Imediatamente depois, Gaga empolgou 'You And I' com a mensagem alegre: 'Só você pode se curar' e concluiu definitivamente a jornada, enchendo o esgotado Park Theater com aquele raro entusiasmo que só pode vir após cantar um hino a plenos pulmões.

No momento em que as luzes se apagaram e a identidade de Gaga foi totalmente restaurada e todas essas coisas, 'Bad Romance' e 'Born This Way' lideraram o trio de sucesso com toda a energia pura e ardente de Gaga que você espera de seus maiores sucessos. E então, porque não há razão para não fazer, Gaga cantou 'Shallow' de 'Nasce Uma Estrela'. Talvez melhor do que qualquer outra coisa em seu repertório, e não apenas por ser o buzz do momento, a melodia marcou a auto-realização de Gaga em sua totalidade - mergulhando e flutuando no emocionante desconhecido com medo e destemor - e enviou o público para fora em uma nota comovente, elevada a um lugar quase tão alto quanto aquele de onde Gaga desceu no início de seu espetáculo estranho e maravilhoso.

'Enigma' é, no todo, bastante maluco, e não apenas por causa da criação selvagem da CGI com quem Gaga interage (para não mencionar um segundo avatar de Gaga - um super-herói de anime - cujo elaborado intervalo viaja para o Planeta 'Enigma' para dar à cantora tempo suficiente para trocar de roupa fora do palco). Mas o show de 'Enigma' é um ótimo momento, e é admirável em suas tentativas de elevar os maiores sucessos a algo a mais, algo que talvez tenha galvanizado até mesmo uma artista no auge de sua carreira para colocar uma residência em Las Vegas em primeiro lugar.

'Enigma' é a forma de Gaga de compartilhar uma epifania que só podemos presumir que ela tenha experimentado recentemente e se esforçou para se manifestar criativamente da maneira que melhor lhe convém. Em algum momento, Gaga perdeu quem ela era - seja por sua própria culpa, ou pela máquina ao seu redor, é apenas para ela dizer -, mas 'Enigma', na medida em que precisamos dela, serve como sua forma de afirmar que ela nunca esteve mais segura sobre quem ela é, e que as partes mais atípicas de Lady Gaga são tão presentes e válidas quanto as partes que talvez tenhamos dito a ela que teríamos mais facilidade em aceitar. Uma Lady Gaga "normal", por assim dizer. Eu mesmo sou culpado de definir Gaga através de suas eras de roupas escandalosas e sons específicos, mas mesmo isso não sendo mais para que eu defina; a mensagem de Gaga é quase universal de que os seres humanos não são escadas de substituição, mas pirâmides de acumulação. Você pode curtir 'Nasce Uma Estrela' e pode curtir 'ARTPOP'. Talvez ela não tenha percebido ou aceitado isso por um tempo, ou não disseram isso para ela; talvez eu, e eu imagino que muitos de seus fãs, também não percebemos isso.

Sua maneira de nos mostrar é bizarra e bonita, mas Lady Gaga sempre falou em teatro e espetáculo - e em sua estonteante estreia em Las Vegas, seu vocabulário encontrou um lar perfeito.

Escrita por: Marc Snetiker

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Imagem: Youtube / Divulgação: Entertainment Weekly

Revisão por Kathy Vanessa