A Oprah Maganize publicou quarta-feira (16) uma entrevista com Brian Newman, amigo íntimo de Lady Gaga e diretor musical dos shows de jazz e piano de sua residência em Las Vegas. O trompetista, que já trabalhou com a cantora em ”Just Another Day” e, recentemente, no cover de ”Don't Let Me Be Misunderstood”, comentou sobre sua amizade e trabalhos com Gaga, além das apresentações de ”Jazz & Piano” que acontecerão em Las Vegas. Confira a tradução da entrevista abaixo:

Não conte a Brian Newman que ele conseguiu fazer tudo dar certo. "Eu não consegui ainda", ele diz calmamente, enquanto eu saboreio uma bebida antiga—seu tipo favorito. "Mas agradeço por isso."

É terça à noite no lendário Rose Bar, no Gramercy Park Hotel, em New York, e segundos após Newman sair de seu "Showboat", seu Oldsmobile 98 LS, de 1971 (a inspiração por trás de seu álbum de estreia na Verve Records), ele vai rapidamente até até o bar e me cumprimenta com um carisma à la Dean Martin e com palavras remanescentes do passado: "Oi baby, como estão as coisas?"

É válido argumentar que aos 37, Newman de fato "deu certo". Ele havia tocado com uma equipe de Cleveland no Big Apple, o cantor e mestre de trompete já se apresentou com grandes nomes como Tony Bennett e Stevie Wonder, garantiu uma residência no Rose Bar e, ah, deu um jeito de colaborar com Lady Gaga (ou Stef, como ele a chama) mais de uma vez.

Newman não só emprestou seus talentos para o álbum Cheek to Cheek, de Bennett e Gaga, mas ele co-produziu grandes sucessos como "La Vie En Rose" da trilha sonora de A Star is Born. Ele também saiu em turnê com Jazz Dynamos, e fez com que Stef—o nome verdadeiro de Gaga é Stefani Joanne Angelina Germanotta — fizesse um cover de “Don’t Let Me Be Misunderstood,” uma canção primeiramente apresentada por Nina Simone, em "Showboat", álbum que ele lançou após "Eyes on the City", de 2016. Ouça atentamente e você também vai ouvir seu trompete em "Alejandro" e "Just Another Day", de Gaga.

Se você assistiu ao documentário de Gaga na Netflix, Five Foot Two, você sabe também que ela é madrinha de sua filha de três anos, Sistilia, com Angie Pontani, uma cultuada dançarina de burlesque de New York. E esse mês, Newman está se preparando para se apresentar e ser o diretor musical do Jazz & Piano show, a segunda parte da residência Enigma, de Gaga, no Park MGM’s Park Theater, em Las Vegas.

Quando comento sobre o show de Gaga em Sin City, ele se alegra. "Eu não quero dar nenhum detalhe, mas pode esperar por uma Vegas das antigas — como os dias de Frank Sinatra e o Rat Pack, mas também com a excitação do Lower East Side e a modernidade que vem junto com uma artista como ela. Vai unir duas das nossas influências," ele deixa escapar, louco com a ideia de produzir um show de "uma era do passado", "o show mais incrível que a gente poderia criar."

Depois de se apresentar em locais como Cody’s Café e ganhar no Cincinnati Entertainment Award por Melhor Banda de Jazz com um grupo chamado Toast por três anos seguidos, Newman saiu da Universidade de Cincinnati - Conservatório de Música em 2003 e decidiu se mudar para Nova Iorque com grandes sonhos e pouco dinheiro. Ele gostava de tocar música na escola, mas sua prioridade era se tornar um entertainer tão grande quanto alguns de seus heróis: Stan Kenton, Woody Herman, Sarah Vaughan. “Eles não ensinam isso na escola,” ele diz.

Em Nova Iorque, agitação era o nome do jogo. Newman tinha mais três semanas até ficar sem dinheiro, então ele colocou sua roupa comprada na JC Penney (“Era terrível”) e bateu na porta de todos os restaurantes até conseguir um emprego como garçom no Agave, um restaurante do sudoeste em West Village.

Por quase sete anos, Newman focou em pagar o aluguel e em tentar se apresentar durante seu tempo livre, perseguindo pessoas que precisavam de um trompetista na lista de classificados (isso foi antes do Facebook e do Instagram, ele fala). Depois de Agave, ele trabalhou como um “coordenador de películas de carro e motorista” na Cooper Classics Collection, uma exposição de carros antigos, e ia alternando entre trabalhos em restaurantes. Em um certo momento, ele até se apresentou com uma banda de hip hop.

“Eu não estava fazendo o que eu queria fazer por um tempo e eu estava falido, vivendo em Bushwick, Brooklyn e comendo miojo,” ele admite, explicando que só quando ele “saiu de todos os trabalhos bobos’’ que suas ambições musicais começaram a esquentar. Isso foi bem antes de ele se tornar conhecido como o primeiro musicista de jazz de Nova Iorque a apostar sua reivindicação no conceituado Jules Bistro, Duane Park, o Oak Room, Django, Fine & Rare, e claro, Rose Bar.

Eu iria conseguir exatamente o que eu queria se eu continuasse humilde.

“Talvez fosse a arrogância da juventude, mas eu sabia que eu tinha algo para dizer,” ele ironiza. “Eu odiava ser um lavador de pratos, mas eu foquei em ser o melhor lavador de pratos no restaurante, porque eu vi isso como meios para um fim. Eu disse para mim mesmo que algo estava prestes a acontecer, que eu iria conseguir exatamente o que eu queria se eu continuasse humilde.”

Eventualmente, ele conseguiu.

Como bartender no St. Jerome no Lower East Side, Newman tinha liberdade para tornar sua agenda de trabalho mais flexível e agendar shows no tempo livre. Foi nesse momento — em meados de 2008 e 2009 — que ele foi introduzido a Gaga desde que saíram com "o mesmo grupo de pessoas que conhecíamos".

“É um pouco confuso porque nós estávamos bebendo muito e foi muito louco,” ele brinca, falando em seguida dos detalhes de uma das primeiras memórias que tem da Gaga como nós conhecemos.

“Eu lembro de ir para o Gabriel, um enorme bar gay perto da 26th street, com sua mãe e sua irmã, Natali. Ela levou dois dançarinos e um globo espelhado gigante que era tão grande que eu não esquecerei tão cedo, já que o carreguei para fora da boate,” ele recorda. “Ela performou "Just Dance," que já tinha sido gravada, mas ainda não havia chegado nas rádios. Foi tão divertido e depois fomos para uma festa que ela estava bem entusiasmada. Aquela foi a primeira vez que eu a vi realmente se apresentando, não apenas subindo no palco de algum lugar como o The Bitter End.”

Dali em diante, Gaga passa nos shows de Newman no Duane Park para cantar — algo que ela frequentemente ainda faz no Rose Bar (“É divertido,” ele diz como se não fosse nada demais quando ela manda mensagem para ele) — antes de ela chamá-lo para o que ele considera seu primeiro grande trabalho em grande escala: O Today Show da NBC em 2010. Lá, eles apresentaram um cover de “Someone To Watch Over Me” de Ella Fitzgerald e “Bad Romance.” “Ela nos ajudou em um milhão. O fato das pessoas sempre me perguntarem sobre ela não é uma coisa ruim,” ele diz.

Sua conexão com ela abriu muitas portas fechadas. Newman e seus companheiros de longa data tinham a tarefa de fazer o arranjo de músicas para (e depois participar da turnê) Cheek to Cheek, que lhe rendeu muitos pontos com Danny e Dave Bennett, os filhos de Tony Bennett e seus empresários e produtores, respectivamente. Eventualmente, Danny assinou Newman com a Verve Records. “Aquela oportunidade é algo pelo qual eu sempre serei grato e honrado,” Newman me conta, chamando o processo de gravação de “sua única chance.” “Eu vou chorar. É literalmente louco.”

10 minutos antes da hora marcada dele subir no palco do Rose Bar, ele reflete sobre sua infância. Newman começou a tocar trompete quando tinha 10 anos, e se apresentou pela primeira vez em cafeterias em Cleveland com 11 anos. Seus pais ouviam rock clássico e doo-wop (ele cita Steve Winwood, Phoebe Snow, e Gary Puckett como influências musicais deles), e ele e seu avô colocavam na 91.5 FM, “a estação antiga que tocava jazz clássico.” Por diversão, ele leu as biografias de Miles Davis e Chet Baker. Então dizer que ele trabalhou ao lado do vencedor de 18 grammys, Tony Bennett, é um sonho realizado seria um eufemismo.

Ainda assim, Newman sente que ainda há trabalho a ser feito.

Quando eu pergunto se ele questiona seu próprio sucesso, ele diz, “isso nunca muda, especialmente quando você quer crescer como músico. Nessa indústria, você sempre tem que se superar. Nós estamos escrevendo e trabalhando no show de Vegas de Gaga e cara, é assustador. Há momentos quando você se pergunta, será que vou conseguir?” ele fala sinceramente.

Newman pausa para refletir seus dias servindo mesas e como barman, apenas para ser lembrando de uma afirmação que o fez passar por seu período de dificuldades. Ele parafraseia o que ele disse para si mesmo consistentemente naquela época: “Há lugar para todos. Você precisa ser feliz na sua vida, então faça o que te faz feliz.”

Evidentemente, seguir aquele mantra compensou. “Quando eu tinha 11 anos, eu sabia que eu queria ser um músico de jazz de Nova Iorque,” ele diz. Agora? As grande ligas estão em Vegas, querido: "Os ensaios estão indo muito bem. Você realmente verá algo especial."

O primeiro show ”JAZZ & PIANO” da residência de Lady Gaga em Las Vegas será no dia 20 de janeiro.

Tradução por Tarcísio Fraga e Vanessa Braz de Queiroz

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Fonte

Revisão por Kathy Vanessa