Nesta terça-feira (19), a plataforma online do jornal britânico diário The Guardian publicou uma matéria sobre as justificativas de seus especialistas em entretenimento, artes e indústria cinematográfica para julgarem "Nasce Uma Estrela" o longa que deveria vencer a categoria de Melhor Filme no Oscar 2019.
Para a jornalista e especialista em cinema Catherine Shoard, o longa-metragem protagonizado por Lady Gaga e Bradley Cooper, apesar de ter descido um longo morro durante a sua campanha, apresenta algo que os outros indicados não apresentam.
Leia a tradução da matéria do The Guardian abaixo:
Por que Nasce Uma Estrela deveria ganhar a categoria de Melhor Filme no Oscar?
Uma vez o favorito claro, o romance musical de Bradley Cooper parece agora condenado. Uma vítima de suas próprias deficiências ou do ambiente em que se encontra agora?
Para muitos candidatos, a estrada para o Oscar é repleta de lombadas e buracos.O diagrama oscila descontroladamente, atingindo o pico após boas críticas ou publicidade vívida, enquanto os escândalos sexuais vêm à tona ou um key tweeter desperta algumas políticas questionáveis na trama.
O caminho de Nasce Uma Estrela tem sido marcante pela consistência de sua inclinação: morro abaixo. Depois de estrear para os convidados em Veneza em agosto do ano passado, passou de uma trinca de aposta total para uma aparição como azarão.
Como? Não houve sinais ao longo do caminho. Nenhum dos passos de Bradley Cooper ou Lady Gaga foi prejudicial. Em vez disso, as duas estrelas passaram seis meses se bombardeando com precisão na marca. Cooper ainda parece chocado com a qualidade dos vocais de Gaga, assim como seu personagem no filme. Gaga - 27 milhões de álbuns vendidos e 146 milhões de singles - continua tão prisioneira de seu mentor de cinema que ela sentou a seus pés em súplica quando ele se juntou a ela para cantar na sua residência esgotada de Vegas.
A ruína de Nasce Uma Estrela é o que, até recentemente, teria sido o seu melhor negócio: seu assunto principal é o showbiz. Hollywood costumava gostar muito de um filme que premia o talento da indústria do entretenimento acima de tudo (além disso, como um terceiro remake, sua própria existência é parte do folclore).
Mas hoje, o desengajamento com o mundo é fatal. Aqueles que votam nos prêmios estão sob pressão para provar sua sensibilidade cultural - e Nasce Uma Estrela é o único filme na lista que não pode facilmente se ligar a um movimento social.
Concebido pré-Trump, filmado há dois anos, Nasce Uma Estrela existe em um vácuo político e preenche com sentimentos. Ele é uma relíquia em uma época em que o mais simples era suficiente. Mas estes são tempos mais difíceis e você não pode trazer uma caixa de lenços para uma briga de facas.
O que é uma pena, já que Nasce Uma Estrela - pelo seu gritante orçamento e super estrelas novatas - captura algo novo sobre se apaixonar. Aquela conexão inicial de quando Jackson encontra o olhar de Ally no bar drag é um grande momento de estalo; o primeiro encontro deles, cambaleando em um estacionamento e um supermercado, parece autenticamente suado e enjoado.
Da mesma forma, a primeira aparição de Ally no palco tem uma adrenalina tão grande que traria arrepios em um cadáver. Toda a primeira metade do filme, de fato, tem toda a vertiginosa doença - e lampejos de genialidade - de Shallow.
O filme fraqueja junto com o relacionamento de Ally e Jackson, torna-se tedioso e banal - com exceção da incontinência - e, às vezes, é extremamente entediante. Eu detestei a última cena, enquanto Ally cantava estridentemente de frente para a multidão. Há problemas endêmicos também: a vaidade de Cooper é a parte dianteira e o centro de toda a produção (mostre-me um alcoólatra que tem a aparência tão boa quanto a dele e consumirei gim imediatamente).
No entanto, ele permaneceu em mim, como um verme profundo que você não consegue se livrar. Isso não pode ser dito para todos os indicados mais obviamente dignos deste ano. Talvez o auto-envolvimento não seja o maior crime no cinema, afinal de contas. Pode ser difícil manter as coisas tão "hardcore" (referência a 'Shallow').
Clique aqui para ler a matéria original na plataforma online do The Guardian sobre "Nasce Uma Estrela".
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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz
Revisão por Kathy Vanessa
