Que Lady Gaga e Glenn Close são extremamente talentosas já não é mais segredo, não é a toa que as duas vem disputando, nas premiações, a categoria de "Melhor Atriz".

Entretanto, com o Oscar 2019 cada vez mais próximo, sites especializados no assunto tem publicado suas opiniões, de forma a avaliar seu gosto pessoal, juntamente com o trabalho exercido pelas artistas e a atenção que ambas tem recebido.

Sendo assim, como publicado pelo The Ringer, o site acredita que a vitoria deste ano será de Lady Gaga, por conta da visibilidade que adquiriu durante 2018 (e final do ano de 2017), juntamente com o seu desempenho entregue em "Nasce Uma Estrela".

Leia a publicação completa traduzida sobre a opinião do site, juntamente com uma avaliação breve dos filmes das atrizes:

Que seja dito: Esqueça 'A Esposa', Lady Gaga deve ganhar 'Melhor Atriz'

Glenn Close teve uma carreira incrível. Mas Ally Maine foi a mulher que mais importou nas telas de 2018.

Ninguém no The Ringer tem um voto no Oscar, mas nós temos muitas opiniões. Todos os dias, antes do 91º Oscar, em 24 de fevereiro, um de nós compartilhará essas opiniões sobre quem ou o que deve ganhar a estatueta de ouro. E como raramente conseguimos o que queremos no Oscar, deixemos nossa série 'Que seja dito' como o registro oficial sobre o assunto.

É raro, embora não sem precedentes, uma mulher ganhar o Oscar de 'Melhor Atriz' por seu primeiro papel no cinema. Marlee Matlin fez isso mais recentemente, em 1987, quando seu desempenho em 'Filhos do Silêncio' também fez dela a primeira e única atriz surda a ganhar um Oscar. Quando Julie Andrews foi famosamente coroada com seu Oscar em 1965, ela já era uma atriz de palco e tinha estrelado a versão de 'Cinderela' ao vivo para a TV de Rodgers e Hammerstein, mas sua estreia no cinema foi com 'Mary Poppins'. Talvez a disputa de 'Melhor Atriz' mais relevante para a categoria de 'Melhor Atriz' deste ano tenha acontecido exatamente há 50 anos, quando uma atriz estreante no cinema fez o papel principal de 'Nasce Uma Estrela' deu uma olhada na estatueta do Oscar em suas mãos, e brincou: 'Olá, linda'. Ela perdeu o Tony para a turnê da Broadway de 'Garota Genial', mas um Oscar para a versão do filme era um prêmio de consolação mais do que adequado. O nome dela, claro, é Barbra Streisand.

Quando Lady Gaga ganhou fama pela primeira vez há uma década, era fácil vê-la - uma pop star camaleoa, chamativa e provocante - como uma Madonna dos anos 2000. Mas sua performance natural e desarmante no filme 'Nasce Uma Estrela', do ano passado, fez com que essa comparação parecesse obsoleta - talvez ela fosse nossa Babs o tempo todo.

'Nasce Uma Estrela' não é apenas a estreia de Gaga nas telonas, mas a primeira aparição de Bradley Cooper como diretor, e a coisa toda explode com a energia de 'me-deixa-te-provar-que-não-estou-errado'. O filme sabe que sabemos com que facilidade isso poderia ter sido um desastre, e parte da energia que surge na primeira metade do filme vem das pessoas fazendo com que percebessem que elas (sinceras, quase anacronicamente apaixonadas) estavam certas e nós (cínicos, cansados) estávamos errados. Ao retirar suas respectivas evoluções para o virtuoso cineasta e a despretensiosa atriz principal, Cooper e Gaga não estão apenas jogando contra o padrão - eles estão jogando contra as expectativas.

Quando vemos Ally pela primeira vez, ela sai de um banheiro em seu uniforme de restaurante, debruça sobre os joelhos e solta um grito que ecoa sobre o cômodo: 'AAAAAAAAHHHHHH, HOMENS MALDITOS!'. Cooper filma em um grande plano que faz parecer que o ambiente a transformou em um pontinho insignificante: estamos longe das introduções de atriz principal glamorosa e suave, mas também estamos muito longe da época em que Lady Gaga abriu uma performance no Grammy saindo de um ovo. (Eu não tenho certeza do que nasceu naquela época, mas não acho que tenha sido uma estrela).

Gaga interpreta Ally como uma mulher sem escassez de raiva, embora, talvez seja a falta de pessoas que realmente a escutem. Só foi na terceira vez que eu vi 'Nasce Uma Estrela' (vale a pena, um filme que dá pra assistir repetidamente) que eu vi uma conexão entre a primeira cena de Gaga e sua mais icônica performance de 'Shallow', com Ally apertando o microfone e gritando: 'HAAA AH AH AH AAAAAH', permanecem, é claro, os memes que continuam vivos, mas tirá-lo do contexto é perder o tipo de catarse que ele fornece na lógica do filme, e a performance cuidadosamente modulada de Gaga. Essa corrida vocal brota da mesma frustração reprimida que Ally solta sozinha no banheiro. A diferença é que agora, no palco, esse som tem um lugar para ir. Não está apenas ecoando em volta de seu corpo pequeno e impotente. Ele se eleva, viaja e então as milhares de pessoas que o ouvem gritam de volta.

Contra todas as probabilidades, Gaga fez uma atuação comovente, duradoura e genuinamente grande. É verdade que pode haver 100 pessoas em uma sala e só uma delas acreditar em você para mudar sua vida. Infelizmente esse tipo de matemática não contribui para um Oscar.

Você já assistiu 'A Esposa'? A adaptação modesta do diretor sueco Björn Runge de um romance de Meg Wolitzer, estreou no Toronto Film Festival em 12 de setembro de 2017, teve uma temporada limitada nos EUA no verão seguinte e, graças a Glenn Close na temporada de premiações, está agora de volta em alguns cinemas selecionados. O desempenho de Close como a escritora sufocada, Joan Castleman, fez dela uma das atrizes mais bem-sucedidas antes mesmo de a maioria das pessoas terem visto (ou, eu me arrisco, ouvido falar) do filme. Mesmo no momento em que Close ganhou o Globo de Ouro no início de janeiro, era difícil saber se as pessoas estavam reagindo ao seu desempenho real em 'A Esposa' ou a ideia de uma performance de Glenn Close em um filme como 'A Esposa'. Para ser justo, é uma ideia persuasiva: Close atuando como uma matriarca sofredora, fervendo de ressentimento e finalmente explodindo. Uma excelente atriz que foi indicada várias vezes, mas nunca ganhou um Oscar, finalmente recebendo o seu devido - e o Oscar não adora uma meta-narrativa - interpretando uma mulher que nunca a mereceu. Você mal tem que ver 'A Esposa' para ser compelida por esse pensamento. Glenn Close não será mais ignorada!

Mas você viu 'A Esposa'? O filme, infelizmente, não é tão persuasivo quanto a ideia. Close eleva-o, e Jonathan Pryce é um valioso parceiro como o Marido, mas há algo meio cru e até amadorístico em quase todos os outros elementos do filme. Tudo parece pequeno e completamente menor, o que em si é uma decepção para Joan Castleman, uma mulher que somos levados a acreditar que merecia uma vida mais expansiva. Nos últimos meses, 'A Esposa' tem sido um filme popular para se ver no avião, em parte porque esse parecia ser o único lugar em que estava disponível para qualquer um ver. Mas também é um filme de avião por excelência porque você realmente não sente falta de assistir a nada em uma tela do tamanho do apoio de cabeça da pessoa na frente de você. Salvo por alguns trêmulos evocativos dos lábios franzidos de Close, há muito pouco sobre 'A Esposa' que enche a telona.

Para melhor ou pior, toda campanha do Oscar precisa de uma tese, e poucos deles são mais convincentes do que: 'É só a hora dela!' Essa é a lógica que, nos últimos anos, significou atrizes talentosas como Julianne Moore e Kate Winslet ganharem seus Oscars de 'Melhor Atriz' por 'Para Sempre Alice' e 'O Leitor', respectivamente. (Você viu o 'O Leitor'? Até o apresentador Hugh Jackman não, aparentemente). Eu acredito que Moore, Winslet e Close são atrizes talentosas que fizeram grandes contribuições para o cinema e merecem ser reconhecidas como tal? Absolutamente. Mas algum desses papéis está entre os 5 primeiros que me vêm à mente quando ouço seus nomes? Ao contrário de Ally Maine, não me lembro delas dessa maneira.

Se o Oscar quiser continuar a considerar a carreira em detrimento da performance, e o longo jogo sobre um determinado filme, talvez devessem ser mais diretos sobre isso e desassociar os prêmios de 'Melhor Atriz' e 'Melhor Ator' de filmes específicos. Essa é a única lógica possível pela qual faria sentido homenagear Gary Oldman ao invés de Timothée Chalamet no ano passado (você já viu 'O Destino de uma Nação'?), e é a única maneira de alguém me convencer de que Glenn Close deveria ganhar no lugar de Gaga este ano. Havia algo elétrico e vivo em 'Nasce Uma Estrela', e Ally era seu coração pulsante. Daqui a dez anos, é o filme e a performance em que vou pensar quando tentar me lembrar de 2018; eu provavelmente vou estar lutando para lembrar de algo sobre 'A Esposa', exceto o fato de Glenn Close ter ganhado um Oscar por isso.

Mas isso não vem ao caso. Talvez seja hora de deixar os velhos caminhos morrerem... ou, no mínimo, vivê-los. Lembra quando Barbra Streisand ganhou por 'Garota Genial'? Bem, ela não estava sozinha: Pela primeira e única vez na história, naquele ano a 'Melhor Atriz' terminou empatada. Streisand, uma novata já estabelecida em um meio, mas com uma boa carreira cinematográfica à sua frente, dividiu o prêmio com Katharine Hepburn, uma atriz cuja longa e distinta carreira falou por si mesma. Talvez o 50º aniversário deste empate seja a ocasião perfeita para repeti-lo.

A canção "Shallow" será apresentada no Oscar 2019, que está marcado para domingo, dia 24, e o RDT fará a cobertura completa através das redes sociais. Fique atento!

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Fonte

Tradução por Hugo Queiroz e Laíza Coelho

Imagem: Warner Bros. Pictures / Divulgação: The Ringer

Revisão por Kathy Vanessa