Em pleno século XXI, em meio à difusão da era digital em âmbito global, nos deparamos, por incrível que pareça, com pessoas – muitas vezes escondidas por trás de perfis falsos – destilando ódio gratuito nas redes sociais: estamos diante dos famosos haters.

Muito há que se falar sobre, pois determinados comentários negativos, sejam em relação à cor, à orientação sexual, à identidade de gênero, ao peso e a vários outros fatores que individualizam o ser humano, são capazes de ceifar vidas.

Existem pessoas que, por serem mais sensíveis a fatores exógenos – tais como o preconceito em todas as suas possíveis formas –, infelizmente podem estar enfrentando a ansiedade, a depressão e, até mesmo, os distúrbios alimentares – além de outras patologias que afetam diretamente a psique do indivíduo –, devido ao fato de serem alvos de ataques por parte de pessoas que não pensam que seus comentários preconceituosos poderão reverberar negativamente na vida de quem não se encontra dentro de um padrão pré-determinado pela sociedade.

Um notório exemplo que temos é Gaga: por ela já foi publicamente declarado que ela é uma das milhões de pessoas que sofre com ansiedade e depressão, doenças estas que influenciam diretamente em suas crises de fibromialgia, conforme exibido no documentário Five Foot Two, disponível na Netflix. Ademais, a artista é uma grande atuante na luta contra as referidas condições, pois ela se abriu com o público e mostrou-se tão frágil como qualquer outro ser humano.

Ansiedade é doença. Depressão é doença. Distúrbios alimentares são uma doença. Pessoas que se enquadram numa dessas condições – ou até mesmo se amoldam em mais de uma delas – precisam de cuidado médico aliado a apoio familiar e de amigos próximos, pois são inconscientemente vulnerabilizadas pela situação na qual estão presas e precisam de ajuda, em todos os sentidos, para dela se desatarem.

É importante que haja conscientização por parte dos nossos tão amados haters – não estou sendo irônico quando digo “amados”, pois temos que devolver o que eles dizem através de amor e compaixão, porque quem necessita de apontar supostos “defeitos” alheios para se sentir bem é, simplesmente, inseguro de si mesmo –, pois há determinados comentários que infelizmente são capazes de arruinar vidas de pessoas que não estão com a saúde mental em perfeito estado.

Infelizmente não é dada pela sociedade a devida atenção à saúde mental, pois, muitas vezes, é comum escutarmos/lermos que “fulano está deprimido/ansioso, porque não trabalha” ou que “beltrano deve ‘trancar’ a boca para parar de engordar” ou que “sicrano é inconstante e ‘não decide’ se é homem ou mulher”.

Daí decorre a importância da campanha do Setembro Amarelo, que tem como intuito conscientizar a sociedade acerca do suicídio e de suas possíveis e eventuais causas, assim como tentar reeducar pessoas que, de forma gratuita, atacam outras, simplesmente pelo fato destas últimas não estarem dentro de um padrão pré-definido pela sociedade – atualmente podemos nos referir ao “padrão digital influencer do Instagram”.

Os que não estão em perfeito gozo de sua saúde mental não são os depressivos, os ansiosos, os que possuem distúrbios alimentares etc., e, sim, as pessoas que, irresponsavelmente, os atacam. Falta compreensão. Falta empatia. Falta informação. Falta amor.

Texto por Daniel Alberico