O amigo e colaborador de longa dada de Lady Gaga, Richard Jackson, deu uma entrevista exclusiva para a revista norte-americana Entertainment Weekly na quinta-feira (05), na qual falou sobre o processo criativo das coreografias para as músicas do novo álbum de Gaga, "CHROMATICA".

Richy é responsável pelas danças mais conhecidas de Gaga, desde "Just Dance" até a coreografia do mais recente single da cantora, "Stupid Love", que, neste clipe, possui o papel de compor o enredo do vídeo.

Nesta entrevista, Richard responde as perguntas da EW sobre suas inspirações, composições, trabalhos anteriores com Gaga e sobre os preparativos de dança para o álbum e para a turnê mundial "Chromatica Ball". Confira a tradução da matéria completa a seguir:

Exclusivo: Coreográfo de ‘Stupid Love’ de Lady Gaga fala sobre voguing em Chromatica
Richy Jackson conta à EW como ele inventou os movimentos de dança surreais para ‘Stupid Love’ e diz: "'nós vamos agitar muito' no novo álbum da Gaga".


Você não pode se aventurar em um novo território celestial sem um pouco de ajuda de seus amigos, e Lady Gaga garantiu que seu colaborador de confiança e coreógrafo de longa data, Richy Jackson, estivesse junto para uma volta na terra, coberta de neon, "Chromatica".

Depois de trabalhar com Jackson em alguns de seus projetos mais icônicos até hoje - desde os movimentos de dança de “Just Dance” e “Born This Way” até "Nasce Uma Estrela" - Gaga novamente chamou Jackson para ajudar dar a luz na sua nova era musical por meio do videoclipe do seu lead single, “Stupid Love”, o qual apresenta moda chamativa e movimentos agitados no cenário de um planeta extraterrestre onde tribos coloridas e guerreiras se unem através do poder da música.

Enquanto a música lança Gaga de volta para a estratosfera da cultura pop, a EW teve uma conversa com Jackson sobre sua inspiração para a coreografia de “Stupid Love”, o trabalho com Gaga no set, como eles estão se preparando para a turnê mundial de "Chromatica" e muito mais. Continue lendo para obter uma explicação detalhada de como tudo aconteceu.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você disse no novo episódio do Gagavision que inicialmente pensou que tinha a vibe quando Gaga tocou a música pela primeira vez, mas ela disse algumas coisas que fizeram você mudar de direção. Você pode me orientar nesse processo?

RICHY JACKSON: Ela tocou a música para mim cerca de um mês e meio atrás. Inicialmente, fiquei feliz porque é um disco comemorativo e de festa. Conversamos sobre o movimento, como deveria ser, e sentimos algumas danças. Ela dizia, "Faça o seu trabalho!" Ela também falou comigo sobre o que ela via, tipo, nós no deserto na "Chromatica" com as diferentes tribos e como elas estavam em conflito, mas todas elas foram reunidas através da música e da dança. Com essa ideia inicial, juntei alguns movimentos e fiz uma grande audição a procura de uma variedade de dançarinos de todas as formas, tamanhos, etnias, alturas e pesos, porque queria que fosse uma mistura do que a sociedade é hoje. Tivemos mais uma teleconferência durante os ensaios, e ela começou a dizer coisas importantes sobre como via o vídeo e algumas das idéias de moda, e isso mudou minha ideia de como deveríamos seguir.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Como a música vazada em janeiro o afetou durante esse processo?

RICHY JACKSON: Não era como se pudéssemos falar sobre isso. As pessoas me perguntavam, mas eu desconversava. Estamos em um mundo tão visual, então, não importava o que acontecesse, iria vir com o vídeo.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Qual foi o conceito inicial e como ele mudou?

RICHY JACKSON: No início, foi mais sobre a diversidade se unindo e como reunir todos, mas foram as coisas intermediárias, como a idéia do conflito e a história de cada tribo, que me deram o tempero no molho. Eu entendi o passado das tribos, de onde elas vieram e para onde estavam tentando ir, então elas precisavam se mover como [você vê no vídeo].

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você pode explicar por que cada tribo se move da maneira que faz?

RICHY JACKSON: O movimento da tribo de couro preto e a aparência deles, de uma perspectiva de estilo, inspiraram uma vibe hip-hop. Nossa tribo amarela gosta de habilidades tecnológicas, então pensei que seus movimentos deveriam ser mais abstratos e estranhos. Eu chamo nossa tribo verde de Casa das Mudanças Climáticas, porque elas se parecem com uma mini casa dentro da casa [maior], então nessa [veia], eles precisavam de um estilo de vogue! As tribos vermelhas e azuis…. eram os mais fortes, então, não importa o que acontecesse, eles nunca iriam quebrar ou recuar, então o movimento teve que representar esse sentimento.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Voguing* é um estilo específico. Por que você o incluiu?

RICHY JACKSON: Quando se trata de música pop e dança ao estilo pop, abrange-se todos os gêneros, do hip-hop a movimentos desajeitados e voguing. Há também movimentos mais modernos e inspirados no jazz e na música pop, então o estilo aqui representado é um estilo que faz da música pop o que ela é. A tribo rosa era muito moderna, mas abrange todos os movimentos que estão na música pop e na cultura pop-dance. A tribo rosa era de estilo livre no topo, e eu adotei uma abordagem moderna, muito casada com as palavras nas mãos em volta da cabeça.

ENTERTAINMENT WEEKLY: O movimento que as unifica [tribos] numa cena próxima do fim é o movimento do refrão, em que eles erguem os braços acima da cabeça e balançam de lado a lado. Por que aquele foi o movimento unificador?

RICHY JACKSON: Depois de toda a separação das tribos e de todo o conflito, eles se unindo, se divertindo e comemorando juntos foi o que inspirou isso. Também me lembrou de estar em uma balada. Eu também queria que [os espectadores] pudessem capturar isso no vídeo e executá-lo onde quer que estejam ao redor do mundo, e é isso que está acontecendo. [Eu vejo nas mídias sociais] pessoas fazendo a coreografia de cima para baixo, mas, em particular, esses movimentos que você acabou de descrever!

ENTERTAINMENT WEEKLY: Incluir linguagem de sinais na seção da tribo rosa sempre foi a ideia?

RICHY JACKSON: A frase que mais me impressionou foi "Tudo que eu sempre quis foi amor!" e eu fiquei tipo: "Precisamos fazer linguagem de sinais!" Gaga disse: "Isso é genial!" Agora, para aqueles que não podem nos ouvir e não podem ouvir a música, eles ainda podem estar conosco, e ela adorou. Algo nessa linha exigia mais do que apenas uma dança.



ENTERTAINMENT WEEKLY: Em termos visuais, filmar tudo isso em um iPhone apresentou novos desafios?

RICHY JACKSON: Na verdade, eu estava passado por estarmos filmando todo esse vídeo em um iPhone. Eu pensei que poderia ser apenas, tipo, uma cena, mas eles literalmente tinham iPhones montados em drones e Steadicams*². Mas não havia limitações para nada.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Por causa da lesão no quadril e das dores crônicas de Gaga, havia coisas pelas quais você tinha que estar consciente ou maneiras de abordar a coreografia para não incomodar o corpo dela?

RICHY JACKSON: Para essa coreografia, eu não [mudei minha abordagem]. Eu sempre estou pensando nisso, mas esse é o novo álbum dela, eu tinha que fazer o meu melhor... se ela consegue fazer, ótimo. Ela veio e eu mostrei a coreografia completa e ela falou: “Sim! Vamos fazer!” Ela estava tão animada.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você se sente mais confortável em estar novamente com Gaga agora que ela está de volta fazendo música dance versus o que ela fazia em "Joanne"?

RICHY JACKSON: O motivo pelo qual eu amo trabalhar com ela é que você não sabe para onde vai em seguida. Ninguém sabe qual gênero vamos fazer… Eu gosto disso, porque me desafia e posso continuar inspirado e pensar em novas ideias para ela movimentar e preparar um show. Era hora de fazer isso. Acho que não tivemos um pop puro por muito tempo. Tivemos urban pop e até mesmo hip-hop agora é pop, mas não tivemos pop dessa forma. Era hora de fazer isso, sem rodeios, ponto final.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Gaga disse em sua entrevista com Zane Lowe que "Chromatica" é energia elevada e dançante. O que isso significa para você? Podemos esperar muita coreografia pesada em músicas futuras?

RICHY JACKSON: Sempre tivemos esse elemento anexado em algum lugar. Claro que vamos dançar! Mas, como vamos dançar desta vez? Essas idéias virão à medida que eu for ouvindo as músicas, e assim saberei para onde ir. Agora que fizemos o clipe, o que vier em seguida, partirei desse ponto e direi: “Fizemos isso, agora vamos para esta área para o movimento”.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Mas os fãs vão pirar por aquilo que está por vir?

RICHY JACKSON: Oh sim, Deus. Confie, sou um jovem que gosta de boates, eu sei do que precisamos!

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você está trabalhando na turnê "Chromatica" também? Há uma nova coreografia ou você está reproduzindo o vídeo de “Stupid Love”?

RICHY JACKSON: Eu geralmente mudo muitas coisas, mas mantenho outras baseadas em materiais antigos, mas essa música acabou de sair e todo mundo conhece de uma ponta à outra, então pode ser que eu não possa mudar muita coisa ou os fãs irão me matar, pois gastaram todo esse tempo aprendendo! Eu ainda não sei, mas hoje vou manter a maior parte porque é um sonho. Se ela apresentar a música e todos estiverem acompanhando os passos, isso não seria demais?

*Voguing: dança de forma a imitar as poses características de uma modelo em uma passarela.

*Steadicam: é uma marca de suportes estabilizadores de câmera para câmeras de cinema inventadas por Garrett Brown e introduzidas em 1975 pela Cinema Products Corporation. Isola mecanicamente o movimento do operador, permitindo uma cena suave, mesmo quando a câmera se move sobre uma superfície irregular.

Você pode conferir a matéria original da EW Magazine clicando aqui.

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Tradução por Laíza Coelho, Maria Eduarda Seabra, Vanessa Braz de Queiroz e Vinicius Romadel.