Nesta sexta-feira (29), ”Chromatica”, sexto álbum de Lady Gaga, foi lançado oficialmente no mundo todo e já está disponível em todas as plataformas digitais.

Com a chegada do novo trabalho da Mother Monster, diversos sites especializados publicaram suas reviews.

Aqui, trouxemos as impressões do jornal britânico The Independent, que diz que “Chromatica é um álbum profundamente introspectivo”.

Confira a tradução completa:

Crítica a Lady Gaga, Chromatica: pop grande e descarado com um lado introspectivo

Para uma super estrela global de privilégios, Gaga tende ao solipsismo - mas em seu sexto álbum, ela está se apropriando de suas próprias experiências dolorosas.

Poucos artistas tiveram tantas épocas quanto Lady Gaga. Houve a era do pop provocador, quando ela usava vestidos feitos de carne crua e era carregada ao longo do tapete vermelho em um ovo. Houve a era do jazz, quando após o relativo fracasso de seu terceiro álbum - Artpop vendeu 2,5 milhões de cópias, para seus padrões, uma decepção comercial - ela parou de caçar as paradas para gravar um disco com Tony Bennett. Houve a era do pop country, quando ela ficou tão obcecada pela irmã morta de seu pai (que morreu antes de Gaga nascer) que fez um álbum inteiro sobre ela. E depois houve a era do Oscar, quando ela seguiu os passos de Janet Gaynor, Judy Garland e Barbra Streisand para assumir o papel principal em “Nasce Uma Estrela” (2018). Não é à toa que a artista nascida Stefani Germanotta é frequentemente mencionada no mesmo fôlego que David Bowie.

Então, qual era Chromatica virá a representar? Musicalmente falando, o álbum é um retorno ao tipo de pop grande e descarado que Gaga mal tocou desde 2013 (com a possível exceção de "Perfect Illusion", o fraco discrepante de Joanne). Co-escrito e produzido por BloodPop, ele se chama Chromatica porque "são todas as cores, todos os sons", disse a moça de 34 anos a Zane Lowe. Todos os sons de fato. Rejeitando as pancadas esparsas e passivas-agressivas que proliferaram no mainstream do pop enquanto Gaga esteve longe dele, o álbum tem uma batida que te atinge em volta da cabeça. Para 16 faixas, ele quase não respira.

Há indícios de acid house em músicas como "Free Woman", que não se parecem muito com "Love is Free", de Robyn e La Bagatelle Magique, enquanto "Alice" é eletrônica como garage. Em outros lugares, Gaga encontra humor no hiper-teatro: "Podemos festejar como se fosse a.C (antes de Cristo) / Com um sorriso bonito do século 16", ela canta em "Babylon", que não soaria fora de lugar em RuPaul’s Drag Race.

Apesar de seu som extrovertido, Chromatica é um álbum profundamente introspectivo. Esses são hinos de insegurança, auto-reflexão, autodestruição e auto-recuperação, cantados por alguém que viveu agressão sexual, doença crônica e depressão debilitante. "Meu maior inimigo sou eu / transformando faders emocionais", ela canta em "911", "Continue repetindo frases de ódio próprio / já ouvi o suficiente dessas vozes." Em “Plastic Doll”, que lamenta o modo como a adoração se transforma em objetificação quando você se torna propriedade pública, ela canta: “Eu tenho cabelos loiros e lábios de cereja / eu sou o estado da arte, tenho microchip / Eu sou seu tipo? Eu sou do seu tipo?”.

Sua voz é rica e estridente como sempre, sua enunciação é pura Broadway. "Você ama os paparazzi, ama a fama / Mesmo sabendo que isso me causa dor", ela canta em "Fun Tonight". Quanto mais desesperada a letra, mais a melodia floresce. "Sinto que estou numa prisão no inferno / ponho as mãos nas barras de aço e grito." Há uma vibe "você não está entretido?" para a coisa toda.

Para uma estrela mundial de privilégios, Gaga tende ao solipsismo. "Não fique tão sentimental com tudo isso", alertou a avó no documentário de 2017 Gaga: Five Foot Two, lembrando-a gentilmente que Joanne estava morta há "mais de 40 anos". Mas onde, naquele álbum, Gaga estava se apropriando, até certo ponto, do trauma de alguém que ela nunca conheceu, aqui ela está se apropriando de suas próprias experiências dolorosas.

A colaboração com Ariana Grande, “Rain on Me”, consegue fazer com que uma metáfora um tanto desajeitada seja leve - a chuva representa lágrimas, ela disse ao Vulture, mas também álcool. "Prefiria estar seca / mas pelo menos estou viva", diz o refrão do house-pop. É uma espécie de encolher de ombros desafiadora; as coisas podem não estar ótimas, mas poderiam ser piores.

Chromatica é um álbum extravagante, às vezes até exagerado - mas eu suspeito que ele continuará se revelando com o tempo. E a essa altura, ela estará na próxima era.

Ouça o álbum em todas as plataformas.

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Acessando aqui você pode conferir a publicação em inglês.

Tradução por Maria Seabra