Nesta sexta-feira (29), o sexto álbum de estúdio de Lady Gaga, "Chromatica", foi oficialmente lançado em todo o mundo. Diversos veículos de comunicação com foco na indústria musical já se pronunciaram sobre o novo trabalho da cantora.

Especializada em cinema, negócios e na indústria do entretenimento, a conceituada revista Variety publicou sua review sobre o sexto álbum de estúdio de Lady Gaga.

Leia a tradução abaixo:

‘Chromatica’ de Lady Gaga: Review do Álbum

Por toda a reinvenção e rejuvenescimento que Lady Gaga tem mostrado nos últimos anos — sua aclamada estreia como atriz em “Nasce Uma Estrela”, seus duetos com Tony Bennett, seus shows deslumbrantes que oscilam entre residências inovadoras de Las Vegas até o brilhante show de intervalo do Super Bowl de 2017 — é difícil escapar do fato de que os seus últimos álbuns tenham sido extremamente irregulares. “Artpop” foi um desastre anêmico musicalmente que incluiu um (já removido) dueto com R. Kelly; “Joanne” foi uma jogada indecisa no território da cantora-compositora, metade disso nem parecia com ela; e apesar da trilha Sonora de ‘‘Nasce Uma Estrela’’ e seu hit ‘‘Shallow’’ terem rendido a ela um Oscar e Grammys e a terem colocado de volta ao alcance superior das paradas, as músicas essencialmente são apresentadas por Ally, sua personagem no filme, ao invés de Lady Gaga. A sequidão da composição é algo que Gaga parece reconhecer na setlist do seu lindo show SiriusXM no Apollo Theater em Nova Iorque no ano passado, que contou com exatamente uma música de cada um de seus três últimos álbuns solo — e 11 músicas dos seus três primeiros, “The Fame,” “Fame Monster” e “Born This Way.”

Então “Chromatica” não é só um álbum que está sendo lançado em um mundo muito diferente daquele onde o mesmo foi criado (quando o coronavírus assolou a América do Norte e a Europa, Gaga decidiu adiar o álbum da sua data original de lançamento, 10 de abril), é também um reinício da inspiração musical da cantora. Seu status de cantora a nível mundial e performer a nível olímpico é inquestionável — mas ela ainda consegue fazer um álbum recheado de músicas à altura do seu talento?

Vamos apenas dizer que Gaga dobrou a resposta dessa pergunta, retornando para as pistas de dança que a gerou e a fez emergir com o seu melhor álbum desde “Born This Way” — e possivelmente, música por música, o seu melhor álbum. “Me leve para uma viagem, DJ, liberte minha mente,” ela canta na música de abertura com temática de “Alice no País das Maravilhas”, “Alice,” e segue em frente com soco atrás de soco, empacotando 13 músicas sólidas em apenas 43 minutos (junto com três interludes com orquestras que dividem o álbum em capítulos soltos); é compacto e resumido, com somente uma música quebrando a marca de quatro minutos, aparentemente e — com sucesso — desenhadas para deixar o ouvinte querendo mais.

Apesar de praticamente todas as músicas de “Chromatica” terem um 4/4, uma batida que martela, as próprias músicas são notavelmente variadas de diversas formas. É um pop de pista de dança puro e alegre — os instrumentos acústicos e os floreios country de “Joanne” e “Nasce Uma Estrela” não estão à vista; não há nem mesmo muito piano — mas tem uma sofisticação melódica e uma profundidade emocional que faltou nas suas músicas mais recentes. Há doces suficientes para os ouvidos musicais para manter os fãs envolvidos por meses, particularmente com os snapshots da história da club music: Há evidências disco dos anos 70, house, new wave e eletro (particularmente a agitada “911,” com seus vocais com o estilo do hit ‘‘Funky Town’’ de 1980 do Lipps Inc. na voz robô-dominatrix, marca registrada de Gaga), e Madonna vintage paira pelo álbum inteiro — na verdade, pode-se dizer que esse é o álbum que os fãs da Madonna gostariam (em vão) que ela fizesse há muito tempo.

Apesar de haver alguns cozinheiros sonoros na cozinha — hitmakers como Max Martin, Justin Tranter, Ryan Tedder, Skrillex, Rami Yacoub e outros que também participam — a composição e fundação sonora do álbum está com o colaborador de longa data BloodPop (que também criou hits para Justin Bieber, Britney Spears e Madonna) junto com Ely Rise e Tchami. Eles oferecem consistência e unidade sonora para o álbum, mesmo nos momentos que as músicas divagam tematicamente e melodicamente para todos os lados. Apesar de “Chromatica” uniformemente dar uma sensação boa, com letras sobre liberdade, alívio e autoempoderamento, o ocasionalmente tópico obscuro é refletido na melancolia melódica e nos toques musicais. “Free Woman” tem uma sensação libertadora e empoderadora e um empolgante refrão, mas Gaga disse em uma entrevista recente que é sobre não deixar o abuso sexual que sofreu no passado defini-la. “Fun Tonight” é sobre terminar um relacionamento tóxico — o oposto do que o título faz parecer — e nunca explode no drop eufórico que a música parece sugerir que está vindo. “Plastic Doll” (“Não sou brinquedo para um garoto de verdade”) figura quase como um segmento da Taylor Swift de zombação de garota má.

De fato, “Chromatica” é um trabalho bem feminino — quando Elton John de repente aparece na faixa 13, como única voz masculina do álbum, a primeira reação é “O que ele está fazendo aqui?” (isso não é desprezo pela performance vocal majestosa de Elton). E apesar de Ariana Grande e as titãs do K-Pop Blackpink iluminarem as músicas em que contribuem, o show é de Gaga do início ao fim.

No momento da publicação deste artigo, nenhum representante de Gaga havia confirmado se o álbum foi alterado ou não, musicalmente ou liricamente, por respeito à pandemia (a frase “Nós podemos festejar como em A.C.” no fechamento agitado de “Babylon”, que acaba deixando um sentido duplo presumivelmente não intencional de “antes do coronavírus”). Mas é seguro dizer que “Chromatica” será a trilha sonora de incontáveis festas na quarentena nas próximas semanas. Gaga é extraordinariamente uma artista forte, com grande personalidade, mas seus últimos álbuns frequentemente pareciam incertos — até mesmo “Born This Way” às vezes parecia estar fora dos trilhos. Mas agora ela soa como se soubesse exatamente quem ela é, o que quer dizer e como ela quer dizer — e com “Chromatica,” ela entregou uma estrutura sólida para a próxima fase da sua carreira incrível.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Vinícius de Souza