Na última quinta-feira, dia 18, uma nova entrevista com Richy Jackson, coreógrafo de Lady Gaga, foi divulgada, desta fez pela Paper Magazine, na qual o mesmo conta um pouco sobre seu início de carreira, citando também os trabalhos com a cantora.

Na entrevista, Richy também conta sobre a criação da coreografia de "Stupid Love", primeiro single do "Chromatica", além de citar também sua colaboração na coreografia de "Bad Romance" e o que esperar da nova turnê de Lady Gaga.

Leia os trechos da entrevista em que o coreógrafo fala sobre a cantora e seus trabalhos:

Coreografar um set inteiro do que provavelmente será uma das maiores, se não a maior, turnê de 2020? E fazer isso sem sua estrela, seus dançarinos ou um estúdio de dança? Nada demais se você é Richy Jackson, que trabalha duro para preparar o lançamento da "Chromatica Ball", de Lady Gaga, 13 anos depois dos dois se conhecerem e começarem a trabalhar juntos. Você conhece as danças. De "Just Dance" a "Bad Romance" a "Born This Way" a "Applause" a "Rain On Me", Jackson trabalhou com a garota italiana de Nova Iorque para criar a "caminhada (walk walk)" que movimenta a "moda (fashion baby)".

Ele aprimorou as habilidades que desenvolveu como dançarino e aproveitou isso na sua carreira como coreógrafo trabalhando com Keri Hilson, JoJo e, claro, Stefani Joanne Angelina Germanotta.

Entrando no assunto Gaga, uma das coisas que eu acho interessante sobre seu trabalho com ela é a longevidade. Você tem sido capaz de testemunhar a elegância da sua arte desde o início. Quando você a conheceu — e acho que é justo dizer que ela era menos dançarina naquela época do que é agora, sem ofensa — o que se destaca para você sobre todas aquelas sessões de ensaio juntos?

Antes dela eu sempre tive essa ideia e esse sonho de trabalhar com alguém que queria as coisas tanto quanto eu, alguém que não tinha medo de pensar fora da caixa. Eu acho que depois de conhecê-la — eu a conheci em 2007 — aquela ideia de pessoas querendo pensar fora da caixa, pessoas realmente desejando realizar seus sonhos, eu não via isso em alguns artistas, eu estava começando a perceber isso. Mas quando nos conhecemos, ela apresentou três músicas para mim e suas convicções naquelas músicas, sua credibilidade, — e eu sabia que ela era uma garota do teatro — apenas convencia. E a partir daquele momento eu disse: 'Sim, esse é o tipo de artista que eu estava esperando, alguém que consegue vender sua ideia, e não importa se está certo ou errado, eu ainda acredito na sua história'. E foi o que vi nela quando a conheci e não vi em mais ninguém. Havia uma coragem e um desejo de ser ótima e eu me identifiquei com isso, porque eu sentia a mesma coisa com a minha arte.

Há algum vídeo em específico que você fez com ela onde você pode detalhar como teve a ideia de uma certa dança?

O refrão de 'Bad Romance'...

Agora você está falando meu idioma.

Aquele refrão, 'I want your lovin'/I want your revenge/You and me could write a bad romance…' aqueles primeiros movimentos onde os braços se abrem e então vão para o peito dela e então se abrem e depois vão para baixo… aquilo foi eu dizendo que ali está ela se entregando para seu homem e se abrindo para essa pessoa. Por isso que o braço vai para fora, depois fecha e então vai para cima e para baixo. Mas quando você chega na parte rápida, 'Ra-ra-ah-ah-ah Roma-roma-ma', aquela parte para mim é tão sombria. Eu era o garoto festeiro que pôde viver esta parte. Eu literalmente pensei sobre a forma que ela cantava, mas também como iria ficar nela e nas garotas, mas também em como iria ficar nos jovens que curtem a balada, porque ainda sou um garoto gay que ama baladas. Então eu pensei: 'O que eles vão querer fazer? Vão querer dançar mesmo estando bêbados, altos, seja lá o que for'. Todo mundo consegue fazer essa coreografia e se sentir fod*.

Mais, por favor, mais!

Quando você tem a chance de fazer algo como 'Telephone' e estamos naquele restaurante, naquele momento eu disse: 'Estamos apenas em um restaurante cheio de pessoas, mas qual é a profundidade disso aqui?' E se tivermos Beyoncé conosco: 'Como vai ser o primeiro movimento?' Então aquele movimento meio que de lado que começamos durante o 'Stop callin', stop callin'/I don't wanna think anymore' pareceu que estávamos fazendo uma declaração real, quase falando: 'Nos deixem sozinhos e vamos dançar, e tiraremos você daqui se for preciso'. Essa foi a sensação naquelas primeiras quatro contagens quando estávamos fazendo o movimento lado a lado. Tem que ser convincente. E talvez não virar para frente; Vamos começar na parte lateral para dar a todos um visual diferente. E por essa música impor muito, eu escuto e escuto a música para determinar o que fizemos antes e para onde precisamos ir em seguida. Sempre estou pensando sobre onde paramos e para onde precisamos ir.

No vídeo de 'Applause' quando você tem uma série de gestos com as mãos nos minutos finais... você pode falar sobre a sequência extremamente icônica que ficou comigo mesmo depois de todos esses anos?

Eu acho que ficamos ensaiando por três ou quatro dias e eu falei: 'Okay, o que é necessário para terminarmos?' Claro, ela disse: 'A-R-T-P-O-P', mas eu falei: 'Se fizermos algum tipo de gesto com as mãos, linguagem de sinais nessa parte, eu como amante de pop iria morrer'. E eu estava pensando que poderíamos fazer com nossas duas mãos. Eu criei aquela sequência lá durante a última hora do ensaio e disse que era daquele jeito que terminaríamos aquela coreografia. Precisava de um ponto final.

Olhando para 'Stupid Love', o primeiro single do 'Chromatica' que saiu em fevereiro, você tem a fã base clamando pela música e pelo vídeo. Como isso impacta o seu processo quando você tem uma artista como Gaga que você sabe que imediatamente depois que algo é lançado vai alimentar um ecossistema inteiro de dançarinos e Tik-Tokers recriando os movimentos?

Novamente, de onde viemos antes disso? A última coisa que fizemos foi praticamente 'Joanne', o álbum. Também estou pensando sobre o que os jovens festeiros vão gostar, do que sua fã base vai gostar e do que precisamos fazer para conseguir novos fãs. Além disso, como você disse, tem a era Tik-Tok, então eu tenho que pensar o que pode ser repetido. O que vai repercutir para aquele público? Eu tinha que encontrar uma forma para agradar e dar a qualquer sessão da cultura pop algo para reconhecê-los e uní-los.

Obviamente as pessoas estão com os olhos virados para a 'Chromatica Ball', que foi adiada. Mas isso não impede que o processo criativo aconteça. Há alguma coisa que você pode nos contar sobre o que podemos esperar da turnê?

Vamos dançar. [Risos]. Digo, tenho ouvido esse álbum no replay e juntado minhas ideias. Será um momento divertido. É tudo que posso dizer. Vamos dançar demais!

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Imagem: YouTube / Instagram / Divulgação: Paper Magazine