Cada geração de artistas é única, ímpar e sempre antecedida por outra, tão grandiosa quanto. Em um momento, uma geração é a influenciada por sua antecessora; em um outro, é ela a base para uma outra e nova geração de astros. Esse ciclo de inspiração na música é normal, frequente e esperado, também ditando o que influenciará os artistas do presente, como acontece com Lady Gaga.

Nessa nova série de especiais, serão discutidas quais são as grandes influências da cantora entre os artistas que tiveram seu auge no passado, expondo seus principais pontos de inspiração, semelhanças artísticas e comparações quanto suas sonoridades e posturas enquanto influenciadores mundiais.

A história da música é repleta de “main stage people”, aqueles artistas que conseguem transmitir energia, excitação e diversas outras emoções através da música e, principalmente, sua presença e postura em cima de um palco. Neste décimo episódio do “Lady Gaga e suas Influências”, será celebrado o legado que Lady Gaga dá sequência na música internacional: o da iconicidade, estilo e performances ao vivo, muito representado pela musicalidade e postura artística da banda Queen e de seu vocalista, Freddie Mercury.

A banda Queen é, indiscutivelmente, uma das bandas mais famosas de todos os tempos. Fundada originalmente em 1970, o grupo foi formado pelo guitarrista Brian May, o vocalista Freddie Mercury, o baixista John Deacon e o baterista Roger Taylor, sendo frequentemente citado como um dos expoentes do rock’n roll e pop rock, além de um dos grupos donos dos maiores recordistas de vendas de discos a nível mundial.

Com vendas estimadas em 150 a 300 milhões de discos pelo mundo, somente nos Estados Unidos foram vendidas 34,5 milhões unidades certificadas dos álbuns da banda. Em 1990, receberam o prêmio Brit Awards na categoria "Outstanding Contribution to Music", pelo trabalho feito pelo grupo durante a década de 1980. A banda deu entrada no Hall da Fama do Rock’n Roll em 2001, além de todos os seus integrantes terem sido empossados ao Hall da Fama de Compositores, em 2003. Em 2009, as canções "We Will Rock You" e "We Are the Champions" foram incluídas ​​no Hall da Fama do Grammy, sendo a última considerada, pelo meio científico que estuda sonoridade e comportamento humano, como a música mais cativante e grudenta da história da música popular.

A revista Rolling Stone classificou o Queen na 51ª posição entre os "The 100 Greatest Artists of All Time". Além disso, a revista Q elencou o grupo dentre as cinco maiores bandas de todos os tempos. O canal VH1, por sua vez, escalou a banda na 17ª posição entre os maiores artistas de todos os tempos. A canção "Bohemian Rhapsody", um dos grandes sucessos do grupo, foi eleita o single preferido pelos britânicos dos últimos 60 anos, entre sucessos de Elton John e Rod Stewart. A coletânea Greatest Hits (1971) é o álbum mais vendido em território britânico, com mais de cinco milhões de cópias comercializadas.

Queen esteve literalmente presente na vida de Lady Gaga desde os primórdios de sua carreira. O próprio nome artístico da cantora é, em suma, muito rock’n roll, muito Queen. O “GaGa” não é nada além do que uma releitura da famosa canção de 1984, intitulada “*Radio Ga Ga”.

Tínhamos que criar algo que tivesse uma aparência e um tipo teatral” - Wendy Starland, amiga de Lady Gaga em seu início de carreira.

A música da banda, assim como de Lady Gaga, é conhecida por ser altamente eclética, variando entre várias vertentes do rock. Os gostos musicais versáteis dos membros da banda proporcionaram ao grupo uma sonoridade única. No início, as músicas do quarteto foram escritas numa estrutura mais adequada para um power trio, isto é, um formato de banda de popularizado na década de 1960 composto por uma guitarra, um baixo e uma bateria. Com a entrada de Mercury como vocalista e pianista e de Deacon como um baixista de muitas influências, a sonoridade do grupo foi mudando, sendo essa mudança perceptível ao longo da discografia da banda.

Nos anos 1970, a sonoridade do Queen era considerada muito exagerada e o tempo que seus integrantes gastavam no estúdio gravando harmonias era muito grande. Adotando sintetizadores durante os anos 80, principalmente a partir do álbum “Hot Space” (1982), o Queen apresentou várias outras influências, como o funk rock e a música de discoteca, grande febre da época.

Em diversas faixas, a banda adota o piano como instrumento chave. Assim como Lady Gaga, Freddie Mercury dá voz à baladas poderosas e intensas, muitas vezes relacionadas ao tema amor e afetividade. É o caso de faixas como “Save Me”, “Somebody To Love” e “Love of My Life”.

As palmas e a língua espanhola em “Americano”, o coro clássico no início de “Government Hooker”, o verso com voz computadorizada em “Alice” e “Aura”, o coro quase que clérigo em “Babylon”, os vocais furiosos em “MANiCURE” e “Replay”, o coro sinistro em “Bloody Mary” e os violinos em “Alejandro”: tudo isso é “muito Queen”.

Tudo isso mescla o espírito do rock’n roll com elementos de música clássica e populares, ao mesmo tempo, em uma mesma discografia. Todos esses aspectos fazem da música tanto de Gaga quanto da banda Queen serem única. A razão disso é pelo fato de tanto Gaga quanto os integrantes do Queen serem artistas de várias referências.

Em uma de suas canções mais famosas, Lady Gaga utiliza um sample de uma música da banda Queen do final da década de 1970. “We Will Rock You”, faixa de abertura do álbum “News of the World” (1977), é considerada pela revista Rolling Stone como uma das 400 melhores canções de todos os tempos. O sample utilizado foi para a música “Yoü and I”, altamente influenciada por Queen e pelo rock’n roll.

A canção da cantora, inclusive, foi apresentada por Lady Gaga ao lado do ex-guitarrista da banda Queen, Brian May, na edição do MTV Video Music Awards de 2011, na qual a canção estava entre as indicadas em algumas categorias.

Entretanto, essa não foi a única vez em que Lady Gaga se apresentou com membros da banda. Periodicamente se reunindo para apresentações, a banda continua apresentando-se esporadicamente; não com todos os membros originais, somente com Brian May e Roger Taylor, com participação de Adam Lambert como vocalista. Gaga apresentou a canção “Another One Bites The Dust” (1980) ao lado da banda, em 2014.

E, assim como Lady Gaga, a banda também possui músicas consideradas hinos de aceitação para a comunidade LGBTQIA+. A famosa “I Want To Break Free” foi lançada em 1984, single do álbum “The Works”. “Born This Way”e “Hair” são famosas canções da cantora que defendem o amor sem julgamentos e combate o preconceito para com as diferentes orientações sexuais e identidades de gênero.

Entretanto, essa conotação e interpretação relacionada à causa LGBTQIA+ em “I Want To Break Free” é algo popular, paralela, não oficial. O membro John Deacon escreveu a canção como um desabafo a respeito de sua timidez, no qual o impedia de, por exemplo, atuar nos vocais da banda (Deacon foi o único integrante da banda a não cantar nenhuma música do Queen como vocalista). Ao mesmo tempo, o compositor relacionou questões acerca da solidão e autossuficiência.

Lady Gaga tem, indiscutivelmente, Freddie Mercury como uma das suas maiores influências musicais. Em entrevista ao Daily Record em 2009, a cantora afirmou que que uma das suas principais inspirações musicais é o ex-vocalista da banda Queen.

Gaga também disse que, na época, vinha se inspirado na Madonna e Michael Jackson, mas a sua principal inspiração era Freddie Mercury. Na entrevista, Lady Gaga também fez questão de explicar que o ‘Gaga’ em seu nome é devido ao grande sucesso da banda de mesmo nome.

Eu adorava Freddie Mercury, o Queen e hit chamado ‘Radio GaGa’. É por isso que eu adoro o nome. Freddie era único – uma das maiores personalidades em todo o mundo da música pop. Ele não era apenas um cantor, mas também um performer fantástico, um homem de teatro e alguém que constantemente se transformava. Em suma, um gênio“ - Lady Gaga

Talvez por sua originalidade ou figura potente, Freddie Mercury é um marco na cultura do rock’n roll e em toda a indústria musical. Considerado por muitos críticos como a maior e melhor vocalista de todos os tempos, o astro da música infelizmente já falecido é, no mínimo, peça fundamental para todos os artistas pós-anos 80 que buscam aprimorar suas posturas em apresentações ao vivo e serem excelentes vocalistas. Em essência, de Lady Gaga à Björk, Freddie Mercury ainda é uma referência na música após quase 30 anos de sua morte.

Poucos sabem, mas Freddie Mercury não tem sua carreira resumida somente ao Queen. O super astro chegou a trabalhar sozinho em seu hiatus longe da banda. Em 1985, Mercury lançou seu álbum solo “Mr. Bad Guy”, um álbum essencialmente pop e disco com um quê rock, com os sucessos “Love Me Like There’s No Tomorrow”, “Made In Heaven”, “I Was Born To Love You”e “Living On My Own”.

Seja pelo modo ímpar performático ao vivo de Freddie Mercury ou pela sonoridade rock’n roll da banda com uma sonoridade icônica, Lady Gaga sempre provou-se muito fã do Queen. E mais: suas influências do grupo são extremamente perceptíveis. A partir do momento em que Lady Gaga se põe em risco explorando novas sonoridades, mesclando o clássico e o popular e destacando-se por suas performances ao vivo e paixão vocal, o público em geral consegue perceber o “quão Queen” é Lady Gaga.

PLAYLIST - LADY GAGA E SUAS INFLUÊNCIAS

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