A convite da Warner Bros., estivemos presentes tanto no tapete vermelho da première de Coringa: Delírio a Dois em Los Angeles, que aconteceu ontem (30), quanto na Cabine de Imprensa do filme em São Paulo, na manhã desta terça-feira.
A oportunidade de ver o filme antecipadamente foi excelente para escrevermos a nossa opinião sobre o filme para vocês!
Mas, antes de tudo, uma ressalva:
Coringa: Delírio a Dois estreia dia 3 de outubro nos cinemas de todo o Brasil e vale muito a pena assistir!
"Coringa: Delírio a Dois" – entre ilusões e melodias marcantes, Lady Gaga brilha na sequência subversiva de Todd Phillips
Por Leonardo Pereira
Quando Todd Phillips afirmou que a sequência de seu longa de 2019 seria arriscada, ele não estava apenas fazendo uma jogada de marketing. Além da novidade do formato musical, o principal ponto de subversão que Phillips busca em “Coringa: Delírio a Dois” é evidenciar como a ascensão de figuras problemáticas causa danos profundos em toda a sociedade.
Neste filme, nos deparamos com Arthur no Asilo Arkham aguardando o seu julgamento após os crimes cometidos no primeiro filme. E é nesse contexto que o personagem conhece Lee Quinzel, interpretada por Lady Gaga. As cenas musicais entre os dois personagens é certamente um dos pontos altos da produção, e Gaga brilha magistralmente em todas elas, bem como Phoenix que eleva o seu nível de atuação em uma performance que complementa a personalidade de Arthur ao trazer a música que existe de dentro dele para o exterior.
Antes da sessão em Los Angeles, Todd Phillips comentou que esta “não é necessariamente a sequência que você poderia esperar”, e novamente, ele tem razão. Ao contrário do que muitos imaginariam inicialmente, não vemos o Coringa e Lee sendo uma dupla de criminosos por Gotham City como Bonnie e Clyde, mas uma construção de delírios compartilhados de duas pessoas com distúrbios diferentes (e que também anseiam coisas diferentes para si).
Neste filme, Joaquin Phoenix coroa o seu epílogo com uma entrega ainda mais surpreendente que o primeiro filme. Ao evidenciar as fragilidades de Arthur, chegamos a muitos questionamentos pertinentes que certamente era o desejo de Phillips para responder às polêmicas do filme de 2019 quando apontaram que havia uma “glorificação” de criminosos.
Quando Arthur vai se despindo da sombra do Coringa em meio ao julgamento no tribunal, que é de longe o ato mais denso do longa, é que vamos entendendo de fato como o interesse das pessoas é unicamente pelo espetáculo, pelo entretenimento proporcionado por essas figuras problemáticas. Lee é uma dessas personagens, ao estilo “garota Manson”, que se interessa apenas pelo arquétipo do Coringa, e não tanto pelo Arthur.
Gaga está em seu melhor papel até agora, e talvez seja justamente por isso que fica aquele gostinho de quero mais. Infelizmente, não vemos um aprofundamento na personagem a ponto de encontrar nuances diferentes que iriam enriquecer ainda mais o filme. Mas para quem tinha algum preconceito com musical, aqui pode se deparar com uma grata surpresa, uma vez que as cenas além de serem muito orgânicas dentro do enredo, garantem momentos incríveis visualmente e que enchem os olhos.
“Coringa: Delírio a Dois” é muito mais uma finalização de todo o universo do primeiro filme, do que uma expansão. Seria mais instigante para o público se algumas questões fossem deixadas nas entrelinhas, ao invés de serem completamente explicadas. Aqui, Phillips comete um deslize ao tentar dissecar a narrativa para evitar novas controvérsias, o que acaba por reduzir o prazer do debate ambíguo que o primeiro filme gerou. A reflexão proposta, no entanto, é pertinente para o contexto atual, levando-nos a pensar que só nos interessamos pelos “palhaços” enquanto eles nos fazem rir, fora isso, o esquecimento e o descarte são o destino dessas figuras. That’s Entertainment!