A revista Vulture também publicou sua review sobre o documentário Gaga: Five Foot Two lançado na última sexta-feira (22), na Netflix.

A resenha, feita por Emily Yoshida, classificou o filme com a nota 70.

Abaixo, leia a tradução:

NOTA: 70/100

"Gaga: Five Foot Two é um olhar íntimo superficial de uma fase esquisita de um artista

Aproximadamente na metade de Gaga: Five Foot Two, a popstar do título está se preparando para conhecer o seu público adorador na cidade de Nova Iorque, depois de muitos meses escondida em estúdios em ambas as costas, criando seu álbum de 2016, Joanne. Quando ela sai pela porta, multidões de paparazzis e fãs esperando para atacar, o diretor Chris Moukarbel mostra essa mesma cena que aconteceu diversas vezes ao longo da última década. Nós vemos Gaga passando pelas câmeras ostentando perucas, óculos de sol, e surpreendentes chapéus de Philip Treacy, cada look um conceito diferente, um voo da imaginação. Em certo momento, uma capa prateada que ela está usando infla e torna-se uma veste cheia de espinhos. Os fãs ao redor gritam “Mamãe!” em adoração à medida que ela passa por eles imperiosa.

Meu Deus, isso foi divertido, eu pensei durante esse flash estonteante de nostalgia. A propósito, é o primeiro vislumbre que Five Foot Two nos dá de qualquer coisa que Lady Gaga fez antes de 2016, o que é de certa forma estranho para um filme que articula sua razão de existência na ideia de culminação. E acaba que é o único vislumbre também: o filme de Moukarbel, que foi produzido - pelo que posso sentir - com grande influência da própria Gaga, documenta quase miopicamente o passado recente: isto é, a produção e o lançamento de Joanne, e a sua performance no show de intervalo do Super Bowl de 2017.

De certa forma, isso é um alívio: são poucos os elementos 'Por trás da música' que nos apresentariam a uma jovem Stefani Germanotta, as fotos esquisitas da escola (mas essas realmente aparecem), alguns vídeos embaçados da sua atuação pré-fama. Nós conhecemos a Gaga como se ela fosse uma amiga nos levando a sua casa num dia particularmente ocupado o qual ela não teve tempo de se maquiar. Nós a vemos sofrer com a dor excruciante do que ela agora chama de fibromialgia, tendo sacos de gelo colocados em si por uma roda de assistentes enquanto ela chora num travesseiro. Certo ponto, enquanto conversa com sua equipe de design na beira da piscina, ela casualmente tira a parte superior do seu biquíni e passa o resto da conversa com os peitos a mostra. Num nível superficial, é tudo muito íntimo.

Mas quando ela começa o lançamento do Joanne, com uma festa de estreia no Bitter End, em West Village, não há menção ao fato de que foi um dos locais nos quais ela começou sua carreira como performer (eu descobri isso sozinha numa entrevista antiga do 60 Minutes no YouTube). É irônico, uma vez que o Joanne é feito para ser um retorno às origens de Germanotta em todos os sentidos: musicalmente, artisticamente, pessoalmente. Mas essas origens permanecem, no máximo, um esboço dentro do próprio filme. Passa-se um tempo considerável em torno do homônimo do álbum, na tia de Gaga, Joanne Stefani, que perdeu a vida para o Lupus aos 19 anos de idade. Mas a decisão de Gaga de moldar o álbum em torno desse parente que morreu uma década antes dela mesma nascer nunca é, de fato, articulada; até a sua avó, mãe de Joanne, parece um pouco confusa pela preocupação. Para alguém que Gaga chamou de “Uma das figuras mais importantes da minha vida”, Joanne nunca parece ser mais do que um contorno.

Five Foot Two se diferencia de projetos similares como o de Justin Bieber e Katy Perry ao não tentar ser uma introdução ao assunto e sua história pessoal, mas quando chega em batidas semelhantes – corações partidos, as demandas físicas de ser uma performer, cenas emocionantes com a família – qualquer um que não possui um conhecimento enciclopédico de Little Monster pode se sentir emocionalmente perdido. As decisões um pouco estranhas de Moukarbel, principalmente as escolhas das músicas, compõem isso e parecem um pouco sonolentas. Uma cena em câmera lenta no batismo da sobrinha de Gaga parece tão grande como qualquer tributo a um padrinho, mas nós não temos conhecimento o suficiente da família Germanotta para elevar isso a algo verdadeiramente cinemático.

Quando o filme muda para o show do intervalo, o momento parece mais focado, parcialmente porque o flash e o deslumbramento do espetáculo do Super Bowl está mais alinhado com o que o consumidor conhece de Gaga. A preparação para a performance é retrospectiva de uma forma que o Joanne não foi (a performance em si, que não é mostrada no documentário, é de fato uma série dos maiores hits, desde “Poker Face” até “Born This Way”). Na manhã da performance, ela admite que está um pouco triste, imaginando onde possivelmente pode ir depois de se apresentar no maior palco do mundo. Five Foot Two não parece ser a resposta. No máximo, parece como uma parada de descanso antes do comeback que o filme nunca mostraria, que ainda está no horizonte."

O documentário já está disponível no Netflix, assista aqui.

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Tradução por Matheus Braga

Revisão por Kathy Vanessa

Imagens: Reprodução/divulgação