Com o lançamento de "Nasce Uma Estrela", as reviews não param de chegar. Dessa vez, a responsável por mais uma delas foi a Entertainment Weekly (revista publicada semanalmente).

Leia o que disse a revista (contém spoiler):

Lady Gaga e Bradley Cooper fazem (na maioria das vezes) lindas músicas em "A Star is Born": EW Review

É um daqueles fatos pop científicos que sempre se repetem, provavelmente porque soa tão trágica e romanticamente legal: no momento em que a luz deles atinge a Terra, milhares de estrelas no céu já morreram. E isso parece uma metáfora para Jackson Maine, de Bradley Cooper, na primeira vez que o vemos no palco. Com quase 40 anos, ele é um músico de meia carreira que já é uma lenda, tocando seus hinos blue-rock para multidões que esgotaram o estádio e que cantam cada palavra de volta para ele. Mas não há felicidade nisso para ele mais, se é que já houve; no minuto que o show acaba, ele vai direto para o carro dele ficar sozinho com a garrafa que sempre está à sua espera.

Nós já vimos esse filme antes, claro - quatro vezes agora e contando - então nós sabemos que não é uma estrela; é entediante. Jackson está apenas há alguns minutos de conhecer a jovem desconhecida que irá fazê-lo acreditar em tudo novamente: Ally (Lady Gaga), uma garçonete destemida de meio turno que está se apresentando no clube drag de L.A. que Jackson vai parar na busca de mais álcool. Ele está encantado; ela fica lisonjeada e confusa. Na manhã seguinte, pelo menos um deles se apaixonou um pouco.

A transformação séria de Gaga como atriz para seu primeiro papel em um grande filme irá sem dúvida guiar as conversas, e ela certamente merece aclamação por sua performance resfreada e humana como uma cantora cuja vulnerabilidade fica quilômetros do delírio brilhante do vestido de carne de sua própria personagem dos palcos. E as músicas originais (a maioria das quais Gaga e Cooper compartilham um crédito completo ou parcial) são memoráveis, vigorosamente melódicas - apesar de não ser o visivelmente dançante dance-pop que Ally segue na sua carreira se aproximando mais do mainstream.

O filme também tem reviravoltas bem inesperadas, incluindo Dave Chapelle, como um velho amigo de Jackson do Tennesse, e Andrew Dice Clay, como o fã dos Rat Pack e pai de Ally. Seus personagens são mais reais e mais texturizados do que aqueles designados para movimentar o enredo, como o empresário tranquilo e implacável de Ally, Rez (Rafi Gavron), o Maquiavel da indústria musical.

Mas é Cooper, na sua estreia como diretor, que tem que carregar o filme dos dois lados. Ele falou em entrevistas sobre trabalhar para diminuir seu tom para uma voz mais profunda, e seu Jackson é meio que um caubói poeta vestido de jeans, bem no modo da versão icônica de 1976 de Kris Kristofferson, e a reviravolta de vitória no Oscar em Crazy Heart de Jeff Bridges - um arquétipo cuja familiaridade vive em algum lugar entre uma homenagem sincera e o clichê de Marlboro Man. (Ele também trabalha na tonalidade de Sam Elliott, que aparece em algumas cenas importantes como seu irmão mais velho e empresário, e talvez como outro Sam também: o tardio e grande Shepard.)

Por trás das câmeras, Cooper claramente se aliou às estrelas não de 1937 ou 1954, mas ao estilo naturalista do Cinema Novo do seu predecessor dos anos 70, as longas estradas, a luz do cânion e os amplos raios de sol. Sua câmera trabalha com uma intimidade meio fervente, mostrando como o perfil de Ally cresce e o de Jackson tropeça de volta na garrafa.

Essa aproximação também se torna uma redoma de vidro que descende no decorrer do filme, mantendo o público atrelado no desenvolvimento da infelicidade do casal (e, por extensão, a desconexão solitária e abafada da fama).

O tempo de filme é de quase duas horas, o que é mais longo do que o necessário; apesar de que também há algo gratificante sobre uma grande produção de Hollywood que serpenteia da maneira como esse filme faz sem forçar o excesso de novos personagens e conflitos na narrativa. Se o final for telegrafado a quilômetros de distância, e o romance central parecer mais como uma imitação de vida do que a coisa real, talvez seja porque "A Star is Born" é menos uma história agora do que um mito - não tão renascido como reformulado e passou pelo cuidado da próxima geração.

Nota: 83/100

"Nasce Uma Estrela" estreia dia 11 de outubro no Brasil.

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Vinícius de Souza

Imagem: Reprodução / Entertainment Weekly