Há 5 anos, Lady Gaga lançava seu quarto álbum de estúdio, ARTPOP. Com isso, o site norte-americano Observer divulgou uma matéria, nesta terça-feira (06), falando sobre o disco e todas as mudanças que ele provocou na carreira de Gaga.

Confira a matéria traduzida abaixo:

Revisitando “ARTPOP” de Lady Gaga cinco anos depois

Antes da atuação sensível de Lady Gaga no novo remake de “Nasce Uma Estrela” que deixou o público boquiaberto, a cantora havia construído uma carreira no maximalismo desenfreado - algo que o mundo pop nunca tinha visto antes.

Por um tempo, a teatralidade “fora desse mundo” de Gaga foi incrivelmente eficaz. Seu álbum de estreia de 2008, "The Fame", foi disco triplo de platina, e até 2011 ela já tinha três singles nº #1 com os hits "Just Dance", "Poker Face" e "Born This Way". Em uma série quente abrangendo cinco descontrolados anos de sucesso, Gaga lançou músicas que percorriam os gêneros pop como uma pedra pulando de forma irregular sobre um lago. No processo, ela transformou cada aparição pública em uma oportunidade de chocar seu público com roupas cada vez mais estranhas.

Sua inquietude estética permeava tudo o que ela fazia, até que sua animadora imprevisibilidade chegou a sua conclusão inevitável: tornou-se previsível. A desordem cacofônica de Lady Gaga atingiu seu apogeu com “ARTPOP”, seu quarto álbum de estúdio, que foi lançado em 6 de novembro de 2013.

“ARTPOP” mudou o curso da personalidade em constante evolução da cantora para sempre. Ela se separou de seu antigo empresário uma semana antes do lançamento do álbum, e depois da reação “morna” da crítica sobre o álbum, ela se afastou do trabalho solo para se interessar em atuar na televisão, duetos colaborativos de jazz e sua vida amorosa, com vários graus de sucesso.

Meia década depois da estreia do álbum, o debate sobre o disco ainda flui de forma rápida e pesada. É um trabalho de genialidade elegante, ou um guincho mediano no vazio que será esquecido? Depende de quem você perguntar.

Os fãs de Gaga, comumente conhecidos como “Little Monsters”, são tão obcecados com o “ARTPOP” que sua devoção se tornou um meme que desde então se infiltrou através de círculos menos extremistas. “Buy ‘ARTPOP’ on iTunes” - “Compre 'ARTPOP' no iTunes” é usada no Twitter, transcendendo seu significado para se tornar mais do que apenas uma sugestão literal de que os ouvintes comprem o disco, que, por muitas estimativas, fracassou comercialmente e criticamente. A frase agora é uma forma abreviada de expressar apoio inabalável para qualquer artista que tenha sido subvalorizado ou que tenha lançado um trabalho que não atendeu certas expectativas. Os fãs têm que implorar às pessoas que “comprem o ‘ARTPOP’ no iTunes” porque ele não está vendendo muito bem, e eles querem melhorar as posições de seus ídolos nas paradas da "Billboard".

Os que eram contra o “ARTPOP” chamavam-no de disperso, confuso e pretensioso. "É um álbum bizarro de disco estridente (mais um punhado de tentativas no R&B) que aspira a vincular a cultura da arte e o paraíso do rádio, preferindo conceitos a refrãos", dizia a resenha da revista “Rolling Stone”. "Ainda há algumas faíscas de excentricidade", o “New York Times” disse, "mas para grande parte do álbum, ‘ARTPOP’ parece estar trabalhando em uma lista de verificação que Lady Gaga canta em 'Aura': 'tech dance sex art pop'". Continuou dizendo que “a validação do mundo das artes plásticas não deveria importar tanto quanto mexer com as paixões dos ‘Little Monsters’”.

Um pouco como Andy Warhol, que desencadeou uma mudança sísmica na arte contemporânea quando começou a incorporar estrelas de cinema e anúncios em suas pinturas, Gaga queria incorporar a arte contemporânea em sua música e estrutura, colocando músicas pop junto de referências de Jeff Koons. Ela também lançou um aplicativo em conjunto com o álbum, que ela prometeu que funcionaria como "um sistema visual e musical que combina música, arte, moda e tecnologia com uma nova comunidade mundial interativa - 'as auras'". Isso não ajudou exatamente a esclarecer sua tese.

No entanto, as canções em si são enormes em sua estranheza eufórica, mas não tão estranhas que não sejam impossíveis de ouvir de novo. “Do What U Want”, uma colaboração lamentavelmente mal orientada com R. Kelly, tem uma batida que ainda soa freneticamente estimulante. "Swine" é tão divertida que é quase indecente. O videoclipe de “G.U.Y.” acontece no Castelo Hearst, onde Gaga se contorce em topless montada em um dançarino musculoso, enquanto as “Real Housewives of Beverly Hills” tocam com suavidade instrumentos ao fundo. “Big, bigger, biggest” - “Maior e melhor”.

A cada ouvida, a narrativa de ressurreição de “ARTPOP” se revela um pouco mais. É o trabalho de uma artista que deve ter conhecido a ousada experiência de estar chegando ao fim. Ela queria determinar o quanto de “arte experimental” as pessoas poderiam tolerar de uma estrela pop que também fosse mulher. Gaga martelou, de bom coração, suas unhas cravejadas de glitter em seu próprio caixão, e se forçou a começar de novo.

Sem este álbum, a cantora poderia nunca ter sido inspirada a seguir um caminho artístico de vulnerabilidade e autenticidade despojadas - que a levou a fazer “Joanne”, um álbum que consiste principalmente de soft rock, e assumir o papel principal em “Nasce Uma Estrela”, um filme que exigiu que ela abandonasse sua outra persona e se tornasse uma garçonete tímida e humilde, que desistiu da ideia de alcançar fama e glória.

“ARTPOP” pode ter sido considerado como “Shallow” - "superficial", mas Lady Gaga parece tudo, menos “Shallow” - “superficial” agora.

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Fonte

Tradução por Kelvim Albuquerque

Imagem: Reprodução/Divulgação

Revisão por Kathy Vanessa