Neste sábado (29), após o primeiro show da "Enigma", que deu início a residência de Lady Gaga em Las Vegas, a revista Variety publicou sua review sobre o show.

Na publicação, na qual analisou o show da cantora, a revista enfatizou e comentou alguns momentos, como: os diálogos com a "Enigma" no telão, as coreografias com os dançarinos, sua entrada pelo teto do teatro, entre outros pontos altos da apresentação.

A revista ainda brincou sobre a questão do show ser praticamente todo pop, citando Jackson Maine (personagem de Bradley Cooper em "Nasce Uma Estrela").

Leia a review completa traduzida:

Review de show: Lady Gaga começa um ótimo romance com Vegas

Algumas campanhas do Oscar são bem melhores que outras. Se você se importa, é provavelmente apenas sorte do tempo que 'Lady Gaga Enigma' o show altamente espetacular, planejado há muito tempo e que estreou na noite de sexta em Las Vegas, aconteceu de estar estreando justo na temporada de premiações. Gaga deixou escapar no encerramento da noite de estreia que ela espera estender sua residência no Park Theater além dos 11 meses atualmente agendados para dois ou três anos, nesse ponto as palavras 'para sua consideração' serão uma memória muito distante. Ainda, se há um oposto exato para o que aconteceu quando 'Norbit' apareceu no meio das esperanças de 'Dreamgirls' de Eddie Murphy, tem que ser a visão de Lady Gaga cantando e dançando com o coração, lembrando 5.200 pessoas por noite de que fingir ser uma morena tímida é, embora uma habilidade considerável, apenas uma habilidade em meio a muitas.

É um show que Jackson Maine iria odiar, pode ter certeza. (Seu fantasma atormentado provavelmente irá se divertir mais no outro show de Gaga em Vegas, o intimamente escalado 'Lady Gaga Jazz & Piano', que será inaugurado no Park dia 20 de Janeiro). A maioria de nós mortais ficamos bem felizes com 'Lady Gaga Enigma'. Falando do tema de autenticidade, o show realmente é uma jogada de volta às raízes da super estrela… se você considera que as raízes dela são a arte e o artifício de ser espetacular ou se você considera que sua raiz é encher um palco e brilhar com apenas uma roupa bizarra. E depois de todo o tempo que ela gastou estabelecendo sua legitimidade como cantora e atriz, é um prazer considerável passar esse tempo todo na margem de fogos de artifício, voando em giroscópios, máquinas tipo Transformer que marcham, uma banda que pode efetivamente incorporar metal e funk, e os colãs mais espetaculares conhecidos pelas mulheres.

Entre os muitos feitos de fisicalidade no show de uma hora e 50 minutos da sexta-feira, a musicalidade também marcou alguns pontos. Ela realmente canta ao vivo, por um lado, em meio a muitas coreografias exigentes que fariam qualquer outro astro pop procurar uma fita - se há algum momento em que Gaga está com o CD tocando, eles são poucos e bem escondidos - então não é como se ela estivesse colocando o dedo do meio para tudo o que Ally aprendeu com Jackson, ou o que Stefani Germanotta pegou de Tony Bennett.

Mas é um dedo do meio orgulhoso de um show. Isso acontece literalmente, em um ponto no início em que Gaga encoraja seus dançarinos a provocá-la com um dedo erguido. Esse momento não faz muito sentido, para ser honesto, e não é a única coisa na narrativa suposta do show que não faz sentido. Há uma história para o show, que envolve Gaga interagindo com um avatar de aparência alienígena na tela grande, cujo nome é ... 'Enigma'. 'Enigma' é algum tipo de guia espiritual e manifestação da psique mais íntima de Gaga, que vai guiá-la para alguma verdade maior sobre si mesma ao longo do show. Isso envolve um monte de brometos de auto-ajuda, assim como roteiros de ficção científica do homem, como: 'Um movimento em falso e você ficará preso em uma simulação para sempre! Tenha cuidado, Gaga'. Confie em nós, Olivia Colman também não poderia fazer nada com este tipo de diálogo.

Nem sempre é claro se os aspectos narrativos do show devem ser levados a sério ou como se você estivesse em um acampamento. Então é melhor simplesmente ignorá-los (não se preocupe, esses bate-papos com a animação do computador nunca duram muito) e se entregue ao espetáculo. A revelação feliz é que a dança é o elemento-chave da produção; por todo o dinheiro gasto em sets e design de produção e em coisas que voam e disparam faíscas, 'Enigma' não depende tanto dessas coisas como os outros shows de Vegas, cujas estrelas precisam de distrações avassaladoras. Quaisquer momentos em que ela esteja em sintonia com seus nove dançarinos na sólida coreografia do show valem mais que mil palavras de roteiro e até um ou dois versos.

O show abre com uma variação de 'apenas voar' em 'Just Dance', enquanto Gaga lentamente desce do teto, e é impressionante não porque não acreditamos que uma super estrela pós-Pink possa voar, mas porque proporciona ao público uma vista melhor de 360º de uma bola de espelhos de um colã brilhante e um capacete pontudo que parece com algo próximo de seus trajes mais vanguardistas. Além disso, ela está tocando keytar. Todo mundo ama um keytar - inferno, Jackson Maine provavelmente ama keytar. E, no touchdown, ela e os dançarinos ocasionalmente sem camisa e cinco membros da banda começam a acelerar, correndo através de algumas versões condensadas de músicas que não são ouvidas em seu palco há algum tempo, como 'Dance in the Dark', 'Beautiful, Dirty, Rich!', 'Aura', 'The Fame' e até mesmo 'Government Hooker'. (Além da habitual menção do JFK no final, havia uma ressalva sobre Donald Trump, que não era claramente audível - imaginamos que não foi lisonjeiro).

Ela voltou para o ar mais tarde no show, em uma espécie de giroscópio flutuante que ela balançou descontroladamente enquanto pairava sobre a rampa onde ficava o público. Em outros pontos, Gaga o levou para a paisagem angular de montanhas de fantasia que compunham o cenário do palco (e uma caverna para o baterista) e, durante uma explosão de rock industrial que alternadamente recordou Muse ou NIN, pegou uma guitarra emprestada de um membro da banda para uma breve explosão de destruição modesta. Então ela foi até um equipamento de sintetizador envolvente, completamente circular, inclinada - algo que Rick Wakeman poderia ter inventado em seu sonho mais maravilhoso - e rastejou por baixo e por dentro para que ela pudesse fazer alguma loucura nas teclas também. Isso ocorreu quando 'Government Hooker' deu lugar a um cover curto e cafona de 'I'm Afraid Of Americans', de David Bowie, o subtexto político da noite.

Do ponto de vista do design de produção, o elemento mais fotogênico da noite tinha Gaga no topo do que parecia ser um grande Transformer, ou talvez um dos invólucros robóticos de 'Pacific Rim', seus membros operados pelos dançarinos, em estilo de marionete. É um negócio visualmente inventivo que também serve para lembrá-lo: não importa o quão grandes sejam os elementos do show, Gaga está figurativa e literalmente no banco do motorista.

Gaga ficou mais animada quando saiu da engenhoca da máquina e foi para o banco do piano para cantar 'Million Reasons', colocando a perna nua na borda do teclado, e depois, eventualmente, tocando de pé e agachada. Como os pianistas, ela faz o jeito extravagante de Jerry Lee Lewis com o instrumento parecer uma performance tranquila de Lang Lang em comparação. (E em sua roupa reveladora, ela contorce em torno das teclas e do banco de maneiras que pareceriam profundamente desfavoráveis se um artista menos apto fisicamente estivesse sendo visto fazendo isso em close-ups extremos nas grandes telas do Park Theater). Tudo pode parecer exagerado, mas o fato de ela ser capaz de fazer uma performance musicalmente bem sucedida em meio a essas contorções não é uma pequena façanha de ginástica musical.

A roupa em que Gaga passou a maior parte do tempo, um espartilho preto com rendas verde-claras, deu lugar a clássicos pastéis de ficção científica para uma penúltima dança de 'Bad Romance' e 'Born This Way'. Depois, apesar de os shows de Vegas não se importarem muito com músicas extras, Gaga se importou, desaparecendo no escuro e depois voltando em uma simples camiseta preta (uma camiseta no estilo Lady Gaga, ou você realmente acha que ela vai usar uma camiseta do Metallica no palco, acha?) para apresentar, obviamente, 'Shallow'. O único favorito absoluto para ganhar o Oscar deste ano foi precedido por um discurso sobre as críticas que ela viveu: 'O jeito que eu me vestia, a forma como eu falava, eles achavam que eu era superficial… Essa merda é profunda pra caralh*'. Ela interrompeu sua performance da música por um momento de silêncio aparentemente digno de lágrimas. Foi uma performance ou um momento honesto para balancear? Para alguém que provou ser uma atriz tão boa como foi com Ally, talvez não seja nem uma nem outra. Quando os acordes voltaram a tocar, a música foi espetacularmente cantada, mas você provavelmente já imaginava isso.

'Lady Gaga Enigma' é um show generoso pelos padrões de Vegas, não apenas por exceder o padrão do tamanho do set para tirar as pessoas dos caça níqueis, mas também porque Gaga foi capaz de cantar de verdade por quase duas horas, mais do que algumas de suas colegas da indústria. (Nenhum nome é necessário aqui). Se eles quiserem encurtá-lo ao longo do tempo, podemos pensar em uma certa co-estrela de computação gráfica que não combina com Bradley Cooper, cuja parte poderia ser reduzida consideravelmente. Ver Gaga fazer o que ela faz de melhor - melhor do que atuar, ainda - é toda a história ou conexão que um show precisa. Ela e 'Born This Way' nasceram para estar em Las Vegas e para elevar o nível das residências das super estrelas um pouco mais.

Escrita por: Chris Willman

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Kathy Vanessa

Imagem: Youtube / Divulgação: Variety