Atualmente, a cantora Lady Gaga está com sua residência em Las Vegas, na qual apresenta shows voltados ao pop, "Enigma", e também shows mais clássicos, "Jazz & Piano Show", que já vem sendo elogiada desde seu primeiro dia.

Em recente review, publicada pela Paper Magazine, a residência da cantora é novamente elogiada. Desta vez, o show de Jazz foi o alvo da review, e um alvo certeiro (podemos dizer), pois o show foi aclamado por completo, desde o cenário, passando pela postura de Gaga no palco, até as canções apresentadas, tudo foi mais do que aprovado.

Leia a review completa traduzida:

Lady Gaga está tornando o Jazz legal novamente

Instalado no Park Theater dentro do Park MGM Hotel de Las Vegas para receber o show recém lançado de Lady Gaga de 'Jazz & Piano' está o lugar onde você é transportado instantaneamente para uma época quando o jazz era a música pop ouvida em todo lugar.

Clássicos retirados do Great American Songbook por cantores lendários variando desde o colaborador favorito de Gaga, Tony Bennett, até Dinah Washington, que Gaga mais tarde disse que foi por quem ela se apaixonou quando era jovem, ecoaram pelo teatro, como se viesse do paraíso. O palco, repleto de cabines antigas para a banda de renome mundial, foi iluminado por cores de neon suavemente brilhantes, e (sim, é claro) uma cortina e pano de fundo composto de numerosos cristais pendentes brilhantes. Porque é Vegas, amor!

O evento, que é parte da residência de Vegas de muitos anos de Gaga e também inclui seu show pop conceitual, 'Enigma', foi equipado para se assemelhar a um salão de jazz do passado, mas feito de uma forma fabulosamente exagerada que apenas um show de Gaga poderia fazer. E para tal produção dentro do Park Theater, que realizou reformas há apenas alguns anos, seu espaço para até 6.300 assentos de alguma forma parecia convidativo e intimista. A abertura do espaço sugeria que não havia um lugar ruim na casa.

Desnecessário dizer que quando Gaga e sua banda foram para seus lugares e as luzes apareceram para o primeiro número, um cover de Frank Sinatra, 'Luck Be a Lady', pareceu como, aqui estamos nós. Ouvir a voz de Gaga, cheia de brilho, nuance e emoção, e vê-la balançar em um vestido sexy de lantejoulas, gola V, revelando suas pernas feito por sua irmã Natali Germanotta, trouxe sentimentos instantâneos de nostalgia que continuaram durante o show. Gaga cantando jazz parecia tão familiar e familial - algo que Gaga falava no palco, e em clipes simples em preto-e-branco feitos pelo diretor visual do show, Eli Russell Linnetz. Em um dos vídeos de transição, Gaga diz que cantar jazz, para ela, é como: 'receber um abraço caloroso'. Cantar 'Coquette', de Dinah Washington, uma música que Gaga ouviu pela primeira vez quando jovem e que foi incentivada a cantar por diretores musicais (na escola dos meninos, porque ela sempre foi rebelde), inspirou minhas próprias memórias da influência de Gaga. Aquele abraço caloroso é verdadeiro, não importa o gênero que Gaga canta.

Não importa se você admira ou odeia Gaga - ver esse show faz até mesmo o maior cínico de todos respeitar muito Gaga, a Performer - é impossível negar o efeito que sua música e suas performances têm em milhões por mais de uma década agora. Mesmo eu, um fã com um grande respeito por Gaga, me lembro de eras inteiras de meu desenvolvimento pessoal serem completamente inspiradas pela própria evolução da Gaga, de 'The Fame' até agora. No começo da carreira dela, fiquei emocionado com o seu compromisso em usar o artifício como performance pop, porque para ela, por trás do artifício estava uma luta intensamente pessoal. Quando ela colocou os raios de Bowie no seu rosto e cantou sobre ser fabulosa, mas falida, eu pensei que se eu conseguisse fazer uma maquiagem daquela sem dinheiro, eu também poderia me sentir um pouco mais especial. Mas eu, como muitos dos fãs fanáticos e casuais, fiquei viciado pela habilidade dela em descascar a superfície de hits massivos como 'Bad Romance', 'Born This Way' e 'Paparazzi' para revelar as camadas de profundidade lírica e pessoal quando ela apresentou as versões acústicas no piano.

Além disso, Gaga terminou os sets dos clássicos do Songbook com versões acústicas em jazz de seus maiores sucessos, frequentemente acompanhada por sua banda, que atingiu um swing completo e cheio de suspense nos pontos climáticos de cada música. Novamente, esses momentos familiares foram complementados por mudanças de traje, incluindo um casaco de ópera Schiaparelli e um mini-vestido de veludo, um vestido transparente de cristais bordados de Ralph Lauren com uma boá branca como acompanhante, e um smoking brilhante também por Lauren. Não só por causa do glamour de Vegas, mas que diabos mais Gaga usaria para seu próprio show de jazz?

Ao longo do show, Gaga mostrou grande reverência por compositores clássicos como George e Ira Gershwin, em uma versão extremamente apaixonada de 'Someone To Watch Over Me' e Billy Strayhorn, que escreveu a complexa 'Lush Life' entre 1933 e 1938. Essa aparece no álbum de duetos de jazz de 'Cheek To Cheek', de Gaga e Bennett. Ela cantou frases em 'Lush Life', como '12 o'clocktails' com um controle que desmentia a profunda tristeza e suspense da música. Durante interlúdios entre as músicas, Gaga inteligentemente misturou sua persona pop nova-iorquina com o humor excêntrico de uma cantora de jazz que adora um martini seco e conversa suja: destaques incluem seus disparates descarados, deslizando uma aliança temporariamente 'roubada' de um convidado no palco em sua calcinha, e, durante a performance de 'Lush Life' uma Gaga de smoking bebendo um uísque duplo - puro, é claro.

Houve algumas surpresas temperamentais para agitar as coisas, incluindo interpretações emocionantes de 'Bang Bang (My Baby Shot Me Down)' de Cher e da sempre animada 'New York, New York', que fechou o show e foi um sucesso com muitas ovações de pé que o show recebeu. Não é de admirar, então, que Gaga tenha dito que, ao ser anunciado, seu show de jazz se esgotou muito antes do 'Enigma'; o público presente também sentiu o abraço de Gaga.

Muitos dos melhores momentos do show homenagearam os grandes nomes, mas também iluminaram a própria ambição estudiosa de Gaga, que reconheceu a tradição do jazz, mas que está determinada a fazer parte de uma nova onda de vozes que fazem o jazz parecer novo para esta geração. ('Eu sou abençoada por estar aqui, para cantar essas músicas', ela disse). Gaga falou no palco e naqueles clipes de Linnetz sobre canções de jazz que possuem mais de um século e ainda são relevantes através da arte da reinterpretação - uma concessão feita pela forma musical solta do jazz. Além disso, considere quão verdadeira e rara é para uma música moderna obter mais de 15 minutos de notoriedade, quanto mais 100 anos. Gaga observou corretamente que o jazz foi popularizado por artistas negros, citando cantoras negras como suas primeiras influências, da já mencionada Washington, Ella Fitzgerald e Billie Holliday. E você não precisa ler um livro para saber que o jazz negro inspira a evolução do hip-hop. Considere as influências de músicos modernos, incluindo Kendrick Lamar, Frank Ocean, SZA e muitos mais. Até mesmo outras artistas brancas como Lana Del Rey escrevem músicas com influência do hip-hop que parecem eternamente devidas à inovadores do jazz como Holliday. Por trás de seus vocais enfumaçados e seções robustas de cordas é um espírito de improvisação.

Essa liberdade é precisamente o que Gaga está buscando em 'Jazz & Piano', para você, para mim, para si mesma. Talvez sua coisa favorita sobre o jazz seja o modo como exige que alguém o aprenda como está escrito. De fato, as músicas de jazz são tradicionalmente escritas em partituras. E, como ela diz, uma vez que você absorve, você pode fazer o que quiser com isso. Porque, novamente, o jazz continua relevante hoje a cada nova interpretação, transformando clássicos em algo mais pessoal, político e atual. Se Gaga percebe isso ou não, quando você considera seu tremendo sucesso, ela já faz parte de uma grande tradição de composição do pop que certamente será reconhecida nos próximos anos. Ao olhar para as raízes do jazz, ela está sempre seguindo em frente. Com tudo isso em mente, se você ouvir atentamente os shows ao vivo e os álbuns de Gaga, você sentirá o mesmo conforto, energia e, o mais importante: a liberdade.

O próximo show da "Jazz & Piano" está marcado para o dia 02 de junho.

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Imagem: YOUTUBE / Divulgação: PAPER MAGAZINE

Revisão por Kathy Vanessa