No último sábado, dia 04, aconteceu o primeiro evento da Oprah’s 2020 Vision Tour, no qual Lady Gaga, durante uma entrevista de uma hora, foi a atração principal.

Na entrevista, a cantora vez várias revelações, e também reforçou algumas coisas ditas durante sua outra entrevista com a apresentadora, para a ELLE Magazine, como o estupro sofrido aos 19 anos, as dores fortes em todo seu corpo, sua automutilação, entre outros assuntos.

Após a entrevista, em uma nova publicação feita em seu site, a Billboard reuniu os principais assuntos, com citações da cantora, que nos fazem pensar um pouco mais sobre eles.

Leia a publicação completa traduzida:

10 Coisas que aprendemos na entrevista da Lady Gaga com a Oprah

"Raramente alguém tão famoso é tão honesto", Oprah Winfrey disse depois de entrevistar Lady Gaga na frente de 15.000 pessoas em Fort Lauderdale no sábado (4 de janeiro). A entrevista íntima de uma hora de duração da famosa magnata com a vencedora de 9 Grammys foi o ápice para a edição de estreia da Oprah's 2020 Vision Tour, que convida uma estrela diferente para ser entrevistada em cada uma de suas nove paradas.

A turnê acontece em arenas em toda a América durante esta primavera com a intenção de inspirar o público em direção a um estilo de vida mais holístico. Havia exercícios de dança seguidos por um lanche Daybreak e coreografias com Julianne Hough, apresentações inspiradoras do líder do grupo de meditação, Jesse Israel, e a cantora gospel que já ganhou Grammy, Tamela Mann, e mais do que alguns plugs para os patrocinadores da turnê, os Weight Watchers.

Sem sombra de dúvida, a conversa profundamente genuína e acessível de Gaga sobre suas próprias batalhas com a saúde mental foi a parte mais poderosa.

A Billboard estava lá para cada momento aconchegante e de partir o coração. Aqui estão as 10 declarações mais ressonantes sobre Lady Gaga.

Ela não vai mais chocar o mundo

Lady Gaga cresceu, e ela não precisa de um vestido de carne para conseguir a atenção de alguém – não que ela seja qualquer coisa além de orgulhosa de seu passado. "Era algo que eu gostava", ela contou a Oprah, "chocar as pessoas para que elas ouvissem a música… A verdade é que isso fazia parte da minha forma de arte… apesar de que parecia um tanto quanto superficial para muitas pessoas".

"Mudou desde então porquê, número um, não é mais chocante pintar o cabelo de rosa. Número dois, eu acho que a coisa mais chocante que eu poderia fazer é ser completamente vulnerável e honesta com você sobre a minha vida, o que eu passei, as lutas que eu já vi [e] que já vivi, e compartilhar isso com o mundo para que eu possa ajudar outras pessoas que estão sofrendo".

Ela é sobrevivente de estupro

Gaga foi incrivelmente sincera sobre suas batalhas.

"Eu fui estuprada repetidamente quando eu tinha 19 anos", ela disse. "Eu desenvolvi PTSD como resultado de ter sido estuprada e também por não ter processado aquele trauma. Eu não tinha ninguém para me ajudar. Não tinha um terapeuta. Não tinha um psiquiatra. Não tinha um médico para me ajudar a passar por isso. De repente eu me tornei uma estrela e estava viajando o mundo, indo do hotel para a garagem, da garagem para a limousine e da limousine para o palco, e eu nunca lidei com isso".

Gaga ficou comovida e reconfortada com o movimento #MeToo, mas ela escolheu não dizer o nome do seu estuprador, sabendo que é sua escolha pessoal não reviver aquele momento mais do que já teve que reviver.

Ela lutou contra a automutilação

Ao invés de encarar seu trauma, Gaga mergulhou no seu trabalho, bombando nos charts e no estrelato internacional com a ferocidade de um meteoro destinado a destruir o planeta. Sem terapia e um cuidado próprio adequado, ela se voltou para a autodestruição.

"Gosto de dizer que eu costumava me cortar em oposição a eu ser uma cortadora", ela disse. "Eu também costumava me jogar contra a parede. Eu costumava fazer coisas horríveis comigo mesma quando eu estava sentindo dor".

A automutilação era uma distração para a dor psicológica, bem como um meio de dar ao seu sofrimento invisível alguma prova física, mas ela sabe muito bem a natureza de curto prazo de métodos tão tóxicos.

"Você vê sangue, e então sente o caos, e então você fica mais e mais fora de controle", ela disse. "Na verdade, não ajuda de forma alguma. Vai te fazer ficar pior. Fará com que o estado neurótico que você se encontra seja prolongado ao invés de encurtar a quantia de tempo que você está naquilo… [Minha mãe e] eu sempre dissemos com a Born This Way Foundation: 'Me conte, não me mostre [sua dor]'".

Ela teve um esgotamento cerebral

Quase uma década de rebeldia contra a necessidade de refletir a deixou despedaçada e exausta, e um dia, o corpo dela apenas desistiu.

"Eu estava no sofá, Oprah", ela disse. "Eu estava deitada. Eu não conseguia me mexer. Eu estava sendo avaliada por médicos para ver se eles podiam fazer com que eu me movimentasse… Eu acionei um gatilho emocional gravemente em um depoimento judicial, e aquela parte do meu cérebro onde você fica focado e não consegue dissociar? Desligou".

Uma vez acionado, o corpo dela inteiro começou a formigar, e então ficou dormente. Ela foi levada para o hospital gritando: "Por que mais ninguém está entrando em pânico?"

"Me levaram em um psiquiatra e eu disse: 'Você pode me oferecer um médico de verdade?'", ela disse, notando o quão hipócrita isso soava vindo de uma mulher que comanda uma fundação para saúde mental. "Digo, foi assim que eu fiquei tão separada do mundo. Uma vez que começamos a conversar, ele percebeu o que tinha acontecido comigo, então ele me deu remédios que eu tomei, relutantemente no início. Ele se tornou meu psiquiatra e reuniu uma equipe para mim. Eu fui para um lugar que eu vou às vezes para recarregar minhas energias. Eles cuidaram de mim e conseguimos colocar tudo em ordem".

Ela foi diagnosticada com Fibromialgia

"Eu comecei a presenciar essa dor incrivelmente intensa pelo meu corpo inteiro, que imitava a dor que eu senti depois de ser estuprada", ela disse para a plateia. "Foi uma resposta-trauma".

Agora, ela vive com uma condição chamada Fibromialgia, que a deixa em constante dor, da cabeça aos pés. Depois de anos de Ressonâncias Magnéticas e incontáveis viagens para inúmeros especialistas, ela finalmente foi diagnosticada com a misteriosa doença em 2017.

"Eu lembro de sentar com meu médico", ela disse. "O nome dele é Andy, e o Andy disse: 'Você precisa aceitar que você vai estar com dores todos os dias'". "Eu disse: 'Você tá brincando? É assim que eu vou me curar, aceitando que eu vou me sentir horrível o tempo todo?'".

Pouco a pouco, um regime de medicação, meditação, terapia e exercícios acalmaram a dor e tornou tudo controlável.

"Apesar de tudo, eu pude funcionar", ela disse, e ela se dedicou a aprender mais sobre a doença. "Existe o aspecto neuropsíquico. Têm também um aspecto autoimune, onde existe uma possibilidade de que o sistema imunológico tem alguma coisa a ver com a Fibromialgia ou Resposta Traumática ou Dor Neuropática, como você quiser chamar. Existem algumas similaridades na minha condição com doenças autoimunes, mas Fibromialgia não é uma doença autoimune".

"O que eu gostaria que vocês soubessem e para dar uma luz sobre isso é que muitas pessoas não sabem o que é a doença, e nós precisamos nos unir e dar um jeito nisso", diz Gaga.

Ela quer dissipar o estigma sobre a medicação

Enquanto a sociedade sofre para aceitar e reconhecer doenças mentais como uma condição médica legítima, também é uma luta normalizar o uso da medicação correta. Gaga diz que as prescrições salvaram sua vida.

"Se eu mostrar minha caixa de remédios, ela vai soar como um chocalho", ela diz. "Eu não queria rir, mas é engraçado - eu estou mais saudável do que nunca estive na minha vida toda… eu tomo um antipsicotico. Estou no percentual de 1.4% das pessoas que o usam. [Se eu não tomasse esse medicamento] eu me contorceria muito frequentemente e teria espasmos enquanto durmo".

Ela e seu psiquiatra vieram com uma medicação que a deixa se sentindo criativa e capaz, e enquanto ela apoia o tratamento médico psicológico, ela sente fortemente que nenhum humano deveria fazer o uso de narcóticos como analgésicos.

"As pessoas se viciam", ela diz, "e existe uma correlação entre saúde mental e dor crônica, e saúde mental é uma das maiores crises no mundo. O que acontece é, enquanto saúde mental é uma das maiores crises que temos, dor neuropática crônica vem sendo produzida".

Como solucionar nossa Depressão

Junto com sua medicação, Gaga acredita fortemente em terapia, incluindo Terapia Comportamental Dialética, ou TCD. As sessões dão a ela ferramentas para incorporar mecanismos saudáveis de cópia no seu dia a dia, como prática de ação reversa (se você está depressivo e esteve dentro de casa por uma semana inteira, saia com um amigo confiável) e então solucione o problema.

"Digamos que eu estou chateada", ela explica, "Aí eu diria: 'Por que estou chateada?' Eu iria escrever todos os motivos e checar os fatos. Se a sensação de estar chateada se encaixar nos fatos, aí eu sigo para o próximo passo e diria: 'Que ação eu vou tomar para solucionar este problema? Se eu estiver chateada por estar com dor, qual vai ser minha ação?' Eu vou tomar a minha medicação, que vai me ajudar. Eu vou chamar um amigo ou meu médico e dizer a eles que não estou me sentindo bem. Eu vou tentar chegar a raiz do problema e fazer o trabalho cognitivo de dizer: 'Eu estou chateada hoje pois meu gatilho sobre ter sido estuprada aos 19 anos foi ativado, e eu estou tendo uma resposta traumática, eu vou tomar minha medicação, e tentar acalmar o meu sistema nervoso o melhor possível para que essa dor se dissipe'".

Ela está combatendo a Crise da Saúde Mental de frente

Sua experiência com com depressão e fibromialgia acordou Gaga para sua própria dor e sofrimento e como se curar disso. Agora, ela quer compartilhar essa preocupação e sabedoria com o mundo.

"Eu deveria seguir em frente com isso, até com o estupro, tudo isso", ela diz. "Eu acho que isso aconteceu pois Deus estava dizendo para mim: 'Eu vou te mostrar a dor, e aí você vai ajudar outras pessoas que estão com dor, pois você vai entender'... Eu levo essa promessa como um comprometimento hoje com vocês: É 2020, e durante a próxima década e até depois, eu vou conseguir os mais inteligentes cientistas, médicos, psiquiatras, matemáticos, pesquisadores e professores em uma mesma sala, juntos. E nós vamos passar problema por problema, e nós vamos resolver essa crise na saúde mental".

A fundação "Born This Way" já ajudou a colocar um kit de primeiro socorros para saúde mental nas escolas pelo país, e Gaga está comprometida em conseguir essa ajuda para toda a escola que ela puder.

"Eu quero que saúde mental ganhe sua própria aula", ela diz. "O que é aula de saúde, educação sexual? É isso que ainda estamos fazendo? Nós deveríamos estar aprendendo sobre o cérebro e o coração, e a mente, o corpo e sua conexão, todas essas coisas. Eu quero que tenha uma pessoa em cada escola que alguém possa procurar se precisar de ajuda, ou que alguém possa procurar se elas verem que alguém precisa de ajuda. Ao mesmo tempo [deveria ser] um requerimento em toda escola que você aprendesse sobre a importância da gentileza, sobre gatilhos, e sobre depressão".

Ela está trabalhando em músicas novas

Oprah deixou escapar que ela está trabalhando com o Príncipe Harry em um programa para Apple TV, e parte deste programa vai seguir Lady Gaga e sua jornada com a saúde mental, mas Oprah também foi direta ao assunto: "Quando os fãs vão receber o LG6?"

"Não se preocupe", ela diz tímida. "Eu estou trabalhando nele por anos… Nós estamos tendo uma conversa sobre auto cuidado, mas eu ainda vou fazer música".

Assista ao vídeo completo da entrevista:

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz e Marilia Bueno

Imagem: Instagram / Divulgação: Billboard