Ao longo de sua carreira, Lady Gaga sempre foi vista por sua capacidade inovadora e irreverente quanto ao seu estilo, especialmente no que diz respeito às roupas utilizadas, e um dos principais responsáveis por isso é o estilista Nicola Formichetti, que trabalha junto com a Mother Monster desde 2009.

Neste domingo (13), a revista Vogue UK divulgou uma matéria com falas do estilista a respeito de suas atividades com Gaga: como eles se conheceram em um shoot da V Magazine, a escolha de alguns looks, um pouco sobre o processo criativo da estética de “Chromatica” e como ele e a cantora trabalham em parceria para criarem, visualmente, as ideais pretendidas.

Abaixo, você confere a tradução completa:

Trabalhar com Lady Gaga novamente deixou Nicola Formichetti, mestre por trás do vestido de carne, “empolgado como uma criança”

Quando os Little Monsters - a legião leal de fãs super-engajados de Lady Gaga - descobriram que a mega estrela avant-garde do pop estava trabalhando com Nicola Formichetti nos visuais de 'Chromatica', aconteceu, praticamente, um 'Baile dos Monstros'. O lendário estilista, que começou a trabalhar com Gaga em 2009, é o cérebro por trás da estilização do 'vestido de carne' e é também responsável pelo look em látex criado por Hussein Chalayan, usado pela artista e os seus dançarinos - revestidos em borracha - que a apoiaram em sua entrada embrionária no Grammy; além de incontáveis repaginadas do visual desde então. Formichetti deixou a Haus of Gaga, uma equipe criativa à moda do The Factory, de Andy Warhol, para se tornar o diretor criativo da Mugler e Diesel. Mas agora ele está de volta e, uma década depois, a dupla compartilha a mesma empolgação pueril, como faziam quando jovens, punks que quebraram barreiras.

Acontece que Formichetti sentiu falta da emoção de participar da cultura pop. Ao revisitar memórias, quando ajudou sua amiga na curadoria de uma série dos looks “O Melhor De” para residência dela em Las Vegas, lhe fora acesa a mesma faísca que ele experimentou ao conhecer Gaga pela primeira vez em um ensaio fotográfico da revista V. “Nos apaixonamos instantaneamente”, disse ele à Vogue britânica sobre seu encontro casual em um set em Los Angeles. “Gaga deu vida às roupas, ela brincava com as coisas, enquanto eu estava acostumado com modelos estáticas.”

Os shows de Vegas de 2019 contribuíram para discussões criativas em torno de "Chromatica", o sexto álbum de estúdio de Gaga, e a esfera retro-futurística em torno deste. “Chromatica é o mundo que existe na mente dela”, diz Formichetti. “Gaga exclui as coisas que não gosta e cria coisas novas neste lugar.” Originalmente programado para um lançamento anterior à pandemia, os temas de tons apocalípticos do álbum parecem estranhamente adequados, considerando o clima atual. Formichetti não deixa isso escapar: “É a música para o hoje, com uma justaposição de yin e yang, bom e mau, cor e escuridão.” Mas, ele afirma, o trabalho de Gaga sempre explorou esses assuntos: “'Chromatica' tem todo o DNA de Gaga: é muito futurista, mas também há notas de civilizações antigas; tem uma vibração estranha; criaturas reptilianas estranhas; punk rock; cor brilhante”, ele reverbera.

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“STUPID LOVE” THE NEW SINGLE & MUSIC VIDEO OUT NOW #StupidLove #ShotOniPhone

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Para cada single, incluindo as colaborações virais com BLACKPINK e Ariana Grande, Gaga e Formichetti trilharam um caminho específico no universo Chromatica, antes de se aventurarem em novos caminhos. Foi, diz ele, uma catarse para os dois criativos, que estão tão sincronizados, que terminam as frases um do outro. “As músicas possuem assuntos obscuros, mas nós os pintamos com muito brilho. Tem sido um processo de cura.”

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#Chromatica ⚔️???? 2020

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Lançar e promover música em uma paisagem cultural destruída por uma crise de saúde global, obviamente traz implicações sérias. Para o VMAs - a primeira grande apresentação das canções ao vivo, desde o acontecimento da Covid-19 - Gaga usou uma máscara de proteção em cada uma das apresentações e discursos de aceitação (ela ganhou cinco estatuetas na noite). “A música é importante para trazer alegria para um mundo que está em um estado de loucura, mas, no fim das contas, criamos uma bela mensagem sobre o respeito ao usar máscaras”, diz Formichetti sobre sua missão de tornar os EPIs interessantes através de looks, no palco, inspiradores.

Há também a responsabilidade em manter o legado de Lady Gaga, para com os seus 'seguidores de culto', que buscam um significado oculto em cada mudança de cor do cabelo dela. “Chromatica é todas as eras misturadas e tingidas com uma paleta de arco-íris”, diz o diretor de imagem, não querendo se envolver em detalhes que possam alimentar uma nova onda de teorias sobre o que está por vir. “É avançar enquanto olha para trás e aprecia o bem e o mal - nossa forma de terapia fashion.” E comenta o trabalho do cabeleireiro Frederic Aspiras com as cores - “Eu podia observar ele misturar pós, tinturas, tonalizantes e depois estragar tudo depois, por horas”, admite Formichetti - isso significa que a conjuntura icônica de Gaga, muitas das vezes depende de um dia em que seu cabelo está comportado. “A beleza é um ótimo ponto de partida para ir com tudo ou apenas deixar de lado”, ele confessa.

Estar de volta à Haus foi revigorante. “Não estou interessado em só colocar uma celebridade em um vestido”, afirma Formichetti. “Nós criamos as coisas virando tudo de cabeça para baixo, estamos sempre evoluindo.” O designer, que se mudou para Los Angeles para ficar mais perto da casa de Gaga (carinhosamente a chama de "útero"), diz que seus assistentes ficam sempre muito apavorados com os processos malucos da dupla. “Ainda somos as crianças do mal tentando cortar tudo”, ele ri por ter sido, literalmente, proibido de usar tesouras no estúdio. “Claro que levamos as coisas a sério, mas nunca nos esquecemos de ver as coisas como se fossem a primeira vez.”

Quando pressionado a escolher um visual favorito ou um momento de definição de carreira, Formichetti se volta ao quadro geral. “É uma honra fazer parte da positividade que Gaga traz para todas as gerações”, ele compartilha. “Ela é divertida, mas representa grandes coisas e aproxima as pessoas.” Ele admite que o vestido de carne, que agora está no museu de Las Vegas de Gaga, foi a mistura perfeita de polêmica e emoção que faz surgir um fenômeno cultural. “Foi um dia estranho”, lembra ele do MTV Video Music Awards 2010. “O vestido era guardado em um freezer e colocado do lado de fora para descongelar antes do show, para depois secar 'como carne seca'. O vestido de carne foi, na verdade, inspirado em um biquíni de carne que fizemos antes para uma sessão de fotos da Vogue Japão. Nunca planejamos uma ideia singular”, aponta Formichetti sobre suas pesquisas constantes. O visual de Gaga que definirá a próxima década já poderia estar no éter, ou no verso de Chromatica.

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In #Chromatica no one thing is greater than another ⚔️???? 4 days

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Enquanto Lady Gaga não confirma seu próximo single ouça e assista um dos maiores hits de 2020:

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Fonte

Tradução por Gustavo Kolliner