No 15° episódio da coluna “Lady Gaga e suas Influências”, o tema central será uma das principais influências de Lady Gaga presente no cenário do pop dos anos 2000, momento que antecede seu surgimento. Um grandioso ícone da cultura pop internacional, Britney Spears trilhou o caminho de todas as cantoras desse ramo da indústria musical pós-2010.
Britney Spears foi estabelecida como um expoente na música estadunidense e creditada por influenciar o renascimento do “pop adolescente” no final dos anos 1990, tornando-se a "artista adolescente mais lucrativa de todos os tempos”. É vencedora de um Grammy Award, seis MTV Video Music Awards (incluindo o Lifetime Achievement Award), nove Billboard Music Awards, e uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood. Em 2009, a Billboard classificou-a como a oitava "Artista da Década" e também a reconheceu como a artista feminina que mais vendeu discos na década de 2000.
A Recording Industry Association of America (RIAA) nomeou a cantora como a oitava artista feminina que mais vendeu nos Estados Unidos, com 34 milhões de álbuns certificados. Em todo o mundo, já vendeu mais de 100 milhões de álbuns e mais de 100 milhões de singles.
O canal VH1 a considera uma das "100 Maiores Mulheres na Música", de acordo com um ranking publicado em 2012, a colocando na 11ª posição, enquanto a Billboard já a nomeou como mulher mais sexy na música. Em 2012, a revista Forbes informou que Spears era a artista musical feminina mais bem paga do ano, com ganhos de US$ 58 milhões, tendo aparecido no topo da lista no mesmo ano.
Há muito tempo Britney Spears vem declarando em entrevistas que gostaria de colaborar com Lady Gaga em alguma música. A última vez que a cantora citou esse desejo foi em 2017, em entrevista ao jornal OSEN. Anteriormente a essa declaração, Gaga também já havia expressado desejo de ter uma parceria com Spears.
"Eu quero cantar com Shakira, Beyoncé, Lady Gaga [...] e Kate Hudson" - Britney Spears, ao ser questionada sobre com quem gostaria de uma parceria no futuro.
Entretanto, não só o desejo de uma colaboração unem as duas artistas. Há algo de concreto nessa ligação: o single “Telephone” Em março de 2009, Gaga escreveu a canção para Britney Spears, mas a música não foi utilizada pela cantora e acabou entrando no primeiro extended play (EP) de sua carreira, “The Fame Monster” (2009). Além disso, “Quicksand”, outra música composta por Lady Gaga para Britney Spears, foi gravada e lançada pela mesma em seu álbum “Circus” (2008).
”[...] Escrevi algumas músicas para Britney. Uma das que eu escrevi e que ela lançou foi Quicksand, e também escrevi Telephone, que ela chegou a gravar em estúdio mas não lançou em seu CD. [...] Britney Spears cantando minhas músicas, você está brincando comigo? Eu dei piruetas e bebi para comemorar” - Lady Gaga para Howard Stern
Anos atrás, a versão demo de “Telephone” na voz de Britney Spears foi vazada na internet. Ouça:
Ambas nunca se apresentaram juntas, mas já estiveram no mesmo palco. Lady Gaga foi a artista a entregar o prêmio VMA Vanguard Award daquela edição da premiação para Britney, em 2011.
Assim como Lady Gaga, Britney Spears teve ao longo de sua formação musical artistas femininas estadunidenses de destaque e donas de discursos emponderadores e representativos. Assim como divas pop do passado, o grande elo que junta Britney Spears e Lady Gaga é sua presença de palco - e todos os aspectos por trás disso.
Em cima do palco, Lady Gaga e Britney Spears se tornaram grandes performers. Seja pela troca constante de figurino em shows, com a presença vasta de dançarinos, o talento para o show business e para a dança, ambas tornaram-se referência de como ser uma popstar.
A grande influência que Lady Gaga tomou para si pelo que já fazia Britney Spears foram as formas de entreter. Alternando entre apresentações repletas de sensualidade, coreografias marcantes e cativantes ou pela forma de se lidar com seu público de maneira receptiva, Gaga teve em Britney seu norte para conseguir ser o que Spears possibilitou e mostrou ser possível às mulheres da música internacional dos anos 2000: uma mulher com força e imposição de seu papel no mundo, sem deixar de lado suas vulnerabilidades.
Afinal, ambas possuem músicas que tratam sobre representatividade e força feminina. Enquanto Lady Gaga conta com as faixas “Free Woman”, “Scheiße” e “Dance In The Dark”, Britney possui os hits “Stronger” e “Womanizer”, canções estas - as duas últimas -, que, inclusive, representam o modus operandi de alguns dos diversos sucessos de Spears e Gaga: a mescla da representatividade e da sensualidade feminina.
Outro grande ponto presente na discografia de Britney Spears encontrado na de Lady Gaga é a dominância feminina a partir de seu poder enquanto mulher forte. “G.U.Y.”, um dos singles do álbum “ARTPOP” (2013) é um representante desse aspecto muito característico de Spears dentro do repertório de Gaga, de completa valorização da figura da mulher mesmo que contando com uma conotação sexual.
Além disso, Lady Gaga é extremamente conhecida por suas baladas, como “Speechless”, “Million Reasons” e “Always Remember Us This Way”, tendo Britney Spears a famosa canção e sua principal nesse estilo “I’m Not a Girl, Not Yet a Woman”.
Enquanto Lady Gaga é um dos principais nomes responsáveis pela valorização da música pop e de sua ascensão e retorno com força nas paradas de sucesso no final da década de 2000, Britney Spears é creditada pelo renascimento do pop adolescente no final dos anos 1990, além de ser um ícone da música desde seu início de carreira. Afinal, Britney Spears alcançou o estrelato ainda uma adolescente.
"Críticos musicais saudaram-na como a mais talentosa ídolo do pop adolescente por muitos anos, mas Spears mirou um pouco mais alto, ela fixou como objetivo atingir o nível de estrelato que tem sido alcançado por Madonna e Janet Jackson.” - The Daily Yomiuri
Tanto Lady Gaga quanto Britney Spears são um sucesso desde seu início de carreira, isto é, desde seus primeiros trabalhos. Seja com “The Fame” (2008) ou “...Baby One More Time” (1999), ambas as artistas conquistaram as paradas e deram voz e personalidades a hits conhecidos até os dias de hoje, que definiram uma época.
"Britney Spears carrega consigo o arquétipo clássico da rainha do rock & roll adolescente, a dungaree doll, o bebê angelical que apenas tem que fazer uma cena.” - Rolling Stone
Seu primeiro grande sucesso foi o single de mesmo nome que seu álbum de estreia. Originalmente, a Jive Records queria um videoclipe animado; no entanto, Spears rejeitou e sugeriu a ideia final de uma escola. A canção vendeu 500 mil cópias no primeiro dia, e atingiu o número #1 na Billboard Hot 100, liderando a tabela por duas semanas consecutivas. Ele já vendeu mais de 10 milhões até os dias atuais, tornando-se um dos singles mais vendidos de todos os tempos.
A faixa-título também ficou no topo da parada por duas semanas no Reino Unido, tornando-se o single que vendeu mais rapidamente por uma artista feminina, com mais de 460 mil unidades vendidas.
Musicalmente, Britney Spears sempre buscou fazer uma ligação do pop com outros gêneros musicais - nada além do que Lady Gaga buscou e ainda busca fazer em sua trajetória na música. Spears consegue misturar a música pop característica e mesclá-la ao rap e à batidas mais suaves em seu álbum de estreia.
“Oops!...I Did It Again” (2000) e seus álbuns seguintes a fizeram trabalhar com vários produtores de R&B contemporâneo Já em “Britney” (2001), tenta voltar às suas raízes com um pop adolescente, com ritmos e melodias mais voltadas a manter ganchos com seu primeiro trabalho.
Desde “In the Zone” (2003), a cantora tem explorado gêneros de electropop e dance music em seus trabalhos, além de já começar incorporar elementos de urban e do hip-hop em seu quinto álbum de estúdio, “Blackout” (2007).
Lady Gaga, ao longo de seus primeiros álbuns, explorou, para além da música pop, elementos de R&B, glam rock, heavy metal, jazz e, em seu último álbum, o EDM.
Nesse sentido, ambas as artistas conseguiram se manter relevantes e, em suma, manterem suas sonoridades atuais para cada tempo, a cada passo dado pela sonoridade em constante mudança no pop. A prova disso é que em sua segunda década de carreira Britney Spears continuou a emplacar sucessos, como as canções “Till the World Ends”, “Hold It Against Me”, “I Wanna Go”, Slumber Party” e “Work Bitch”.
Lady Gaga é uma artista não só em cima dos palcos musicais: a mesma já estrelou um longa-metragem, fez parte de uma série de terror e já fez participações pontuais em outros filmes, além de possuir um Oscar e dois Globos de Ouro pelas suas contribuições ao cinema. Nesse sentido, Britney Spears também possui uma relação com a sétima arte.
O primeiro filme em que Spears fez uma participação foi lançado em 2001, durante o auge de sua carreira. Em “Longshot”, a artista interpretou uma comissária de bordo, enquanto que em 2002 a mesma interpretou a personagem Lucy e ela mesma em “Crossroads” e “Austin Powers in Goldmember”, respectivamente. Em “Corporate Animals” (2019), emprestou sua voz para representar o fantasma de si mesma no longa-metragem.
Além disso, Britney Spears já fez, assim como Gaga, diversas participações em programas de televisão nos Estados Unidos e episódios de seriados, dentre eles o The Simpsons, Glee,Will & Grace e How I Met Your Mother.
Lady Gaga e Britney Spears são, em essência, artistas definidoras de uma época, para além da expoentes da música. São mulheres que trilharam o caminho do pop internacional, com suas particularidades e tópicos em comum. A música atual, independente de ritmos e origens dos novos artistas, ganhou espaço tanto na excentricidade e qualidade da música de Gaga quanto no surgimento de um novo astro adolescente no final do século passado, com Spears, que quebrou estereótipos e barreiras para que sua voz fosse ouvida.
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