A revista Vanity Fair publicou em seu site um artigo sobre Lady Gaga e seu novo material de trabalho Joanne, que chega às lojas oficialmente nesta sexta-feira (21). Confira na íntegra:

"Em uma noite de sábado no outono de 2009, eu fui anfitrião de uma festa de aniversário em meu apartamento em Nova Iorque e, conforme a noite se acalmava, os retardatários que permaneceram se amontoaram em nosso sofá semi-arruinado para assistir ao Saturday Night Live daquela noite. Lady Gaga era a convidada musical e ela estava cantando seu sucesso 'Paparazzi' - como também um medley de 'Bad Romance', 'LoveGame' e 'Poker Face'. Ela cantou o medley sentada em um piano, enquanto anéis metálicos gigantes orbitavam seu corpo, como se fosse um planeta. E, naquele momento, ela era um planeta; o resto de nós podia apenas observar, extasiados. Eu lembro vividamente que, conforme ela terminava sua segunda performance, um amigo (que, sendo justo, já havia tomado mais que algumas doses de bebidas malfeitas com vodka aquela noite) comentou: 'Ela é diferente de todos que nós já vimos'.

Claro, muitos refutariam esta declaração, mas no momento, certamente parecia que ela representava algo chocante e fresco e renegado. Seus videoclipes eram eventos: composições de oito minutos de duração com sequências de título e pausas para diálogos e dúzias de trocas de roupa. Sua mensagem maior era que o 'estranho' era 'legal' - a maior popstar da Terra usou um vestido de carne para o VMAs e foi vestida como um alter ego masculino no ano seguinte - e isso era uma mudança afiada da concepção à la Spears que a antecedia. Sua ênfase em auto-empoderamento e auto-expressão - que seria espelhada por shows como Glee - tornou-se o ethos cultural do tempo. Em um nível puramente sônico, sua produção musical consistia de um hit pop chiclete após o outro; as músicas eram robustas em estrutura, operando efetivamente tanto como faixas dance pulsantes quanto como baladas acústicas emocionantes quando ela sentava-se ao piano.

No entanto, tem sido uma trajetória incomum desde então. Enquanto Gaga - cujo quarto álbum, 'Joanne', sai esta semana - ainda é uma força cultural pervasiva (ela irá se apresentar no próximo show do intervalo do Super Bowl e ganhou um Globo de Ouro mais cedo este ano), ela não é mais, agora uns sete anos mais tarde, a popstar proeminente. E no que se pode dizer, desde que seu álbum ARTPOP foi lançado em 2013 (para decepção crítica e comercial), Gaga não está ativamente tentando captar aquele nível de atenção mainstream. Ela passou um ano essencialmente focada em gravar e promover um álbum conjunto com Tony Bennett. Enveredou-se para a atuação, apresentou um tributo a 'A Noviça Rebelde' no Oscar, posicionou-se menos na faixa de popstar, alguém tentando manter-se nas tendências da indústria, e mais como uma veterana, que toca no mundo da música quando e como preferir, muito mais preocupada com a visão artística que com o resultado comercial. ('Perfect Illusion', primeiro single de 'Joanne', teve pico na 15ª posição da Billboard Hot 100 e atualmente está instalado na posição 95). Ela agora é o tipo de celebridade que pode decidir estrelar um filme dirigido por Bradley Cooper em vez de escalar Bradley Cooper para atuar em um videoclipe altamente conceitual.

De fato, o videoclipe para 'Perfect Illusion' foi extremamente simples, contendo a cantora, vestida de short jeans e camiseta preta, cantando no deserto. E é isso; uma longa distância das pupilas dilatadas e saltos de vinte e cinco centímetros de anos passados. A estética de Gaga para o ciclo do álbum 'Joanne' é a da crueza, simplicidade e autenticidade perceptível. O disco foi batizado como sua tia falecida (e também é seu nome do meio), e Gaga tem de fato pedido aos fãs que a chamem de 'Joanne', como se estivesse criando uma diferenciação maior deste tipo de apresentação que aquela 'Lady Gaga' que nós encontramos em uma pesquisa no Google Imagens. Gaga promoveu 'ARTPOP' apresentando-se no Brooklyn Navy Yard vestindo o que foi anunciado como o primeiro vestido voador do mundo; agora ela promove 'Joanne' com uma turnê por alguns botecos.

Alguns têm notado que esta versão Joanne de Gaga aproxima-se na verdade da Lady Gaga pré-fama, Stefani Germanotta, que rodava por botecos no Lower East Side, sem babados ou perucas - em uma época anterior ao Instagram. Isso certamente parece ser a narrativa em sua mira agora, tendo dito à T Magazine esta semana: 'Estou sempre provando a mim mesma, que sou realmente uma musicista, que tenho algo para oferecer na sala. Que mulheres podem ser musicistas, mulheres podem ser rockstars, mulheres podem ser mais que uma ideia objetificada de popstar... Quando eu faço música, posso ouvir todas as partes, todos os instrumentos. Posso ouvir o que deveria ser'. O sinal aqui não poderia ser mais claro - este álbum é sobre a música, pessoal!

No vídeo acompanhando seu perfil na T Magazine, Gaga foi filmada discutindo seu álbum em uma camiseta creme desabotoada, seu cabelo em um coque simples; enquanto ela ainda seria classificada por muitos como excêntrica (a forma que pronuncia a palavra 'love' no refrão de 'Perfect Illusion' parece a cicatriz de uma tatuagem removida), ela parece estar rejeitando - ou, no mínimo, ter superado - a pompa e circunstância da excentricidade sobrecarregada. Sua apresentação em 'Joanne' talvez seja o fim definitivo da era 'Popstar Boba e Estranha' do início da década de 2010 (Katy Perry vestindo um cubo na cabeça para uma premiação; Miley Cyrus construindo um esqueleto de batatas fritas em um videoclipe). Tudo isso pareceria bobo agora, se uma popstar o tentasse. Gaga inaugurou esta fase, como agora nos despede da mesma. Quando ela performar no Saturday Night Live próximo sábado, as fantasias serão provavelmente mínimas, e a 'maluquice' será silenciada, e dificilmente festas de aniversário tarde da noite serão interrompidas para ver como ela se apresentará. Mas sete anos depois, enquanto ela canta 'Million Reasons' em um short jeans e chapéu cowboy cor pastel no Studio 8H, o comentário 'ela é diferente de todos que nós já vimos' será tão apropriado quanto antes, se não mais".

Adquira o álbum Joanne através da pré-venda nas lojas FNAC ou Saraiva.

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Tradução por Pedro Marinho
Revisão por Milena Rodrigues