O jornal norte-americano LA Times divulgou, neste domingo (16), um review da apresentação de Lady Gaga no primeiro final de semana do Coachella.

Leia a matéria na íntegra:

A performance de Lady Gaga no Coachella foi absolutamente emocionante - até que não foi mais

Lady Gaga, citando um dos seus muitos sucessos, estava à beira da glória. Sendo a headliner do Coachella na noite de sábado em frente ao maior público do festival no fim de semana até agora, a estrela do pop entregou uma performance tão emocionante e complexa como qualquer outra que já vi no festival anual do deserto. Foi selvagem mas controlada, engraçada mas assustadora, profundamente afetuosa mas cheia de agressividade.

Ou ao menos foi isso que pareceu por cerca de 45 minutos. Foi aí que Lady Gaga, tão perto da grandeza que até nós da plateia podíamos sentir o gosto, tristemente empacou, e seu momento foi desfeito por uma pobre escolha das músicas e um agressivo material promocional que fez o show inteiro parecer uma mera indução a comprar algo.

Mas, ah, os primeiros 45 minutos! Entrando no palco com um casaco de couro que ia até o chão estilo Os Caçadores da Arca Perdida, Lady Gaga abriu o show com uma música cujo título na Alemanha é, vagamente, traduzido como Merda, uma música relativamente desconhecida do seu álbum de 2011 Born This Way. Foi uma escolha louca, que ninguém poderia ter previsto, mas a batida delirante de uma rave deu o tom da apresentação cheia de energia que estava por vir. Ela refez Just Dance com uma melodia de hard-rock. Ela tocou um pouco de "Nuthin' But a 'G' Thang" do Dr. Dre antes de LoveGame. Ela dedicou John Wayne a todos os "homens perigosos" que vão aos festivais de música, e então rosnou durante a música de uma maneira que fez ficar claro que eram eles que deveriam temer algo.

Antes da música-título do Born This Way, o hino de empoderamento que fez dela uma heroína para muitos fãs LGBTQ, Lady Gaga disse que nunca se esquecerá de quando lançou a música porque ela "causou muito problema". "E eu amo causar problemas", ela disse, adicionando uma palavra inconveniente para enfatizar. Ao longo dessas músicas - e de outras que foram tão intensas quanto, incluindo Venus e A-YO - Lady Gaga se mexia e cantava com o que parecia e soava como a real naturalidade. Em Sexxx Dreams ela estava cercada por um grupo de dançarinos vestindo pequenos pedaços de tecido, e por uma vez num show de pop a exibição da coreografia conseguiu transmitir uma sensação realista de desejo.

Ainda assim Lady Gaga não estava perdida no momento. Nos frequentes zooms que apareciam nos telões gigantescos do Coachella, você podia ver o quão concentrada ela estava no trabalho, que ia mais a fundo do que simplesmente entreter um enorme público de festival. Ela precisou nos fazer ignorar o fato de que ela estava substituindo uma Beyoncé grávida, que havia sido selecionada para o Coachella mas precisou cancelar em fevereiro por conselhos médicos. No seu melhor, Lady Gaga teve sucesso nessa missão - e não porque nós esquecemos da Beyoncé. Na verdade, ela lembrou a todos quem deveria estar lá originalmente ao cantar o dueto das duas cantoras, Telephone. Em vez disso, ela estava nos dando a sua própria e única energia, um feixe intensamente focado no carisma que faltava no álbum mediano do ano passado Joanne e na sua performance decepcionante no halftime do Super Bowl. Se a cortina tivesse descido naquele momento, eu estaria feliz em dizer que a Lady! Gaga! Está! De! Volta!

Mas não foi isso que aconteceu. Ah, uma cortina desceu, tudo bem - uma aproximação digital de uma, de qualquer forma, que serviu como pano de fundo para uma performance de uma das suas músicas menos convincentes, Alejandro. Então ela cantou Teeth, mais cansativa ainda, mais desconhecida que a música com título em alemão que não tinha a vantagem de uma melodia. Como ela faz frequentemente, Lady Gaga usou um teclado em diversos números, o que é bom, na teoria: qualquer pessoa precisaria de um momento para respirar depois do que ela fez, e poucos têm a voz natural como ela. Mas cantar The Edge Of Glory, talvez a música mais triunfante do seu catálogo, como uma balada triste de piano? A ideia foi loucura, especialmente dado que logo depois ela cantou numa pegada country Million Reasons - uma música que justifica uma apresentação mais contida - na sua tola forma de remix eletrônico.

Foi nessa parte do show, também, que Lady Gaga lançou The Cure, um novo single sobre o qual ela não havia falado até o momento. É uma batida pop-soul midtempo intrigante - bem Madonna em Human Nature. (Com suas texturas sintéticas, também sinaliza que a cantora está deixando o mais rock Joanne para trás.) Mas o posicionamento de The Cure na setlist apenas diminuiu ainda mais a excitação que ela estava construindo. Lady Gaga sabiamente aumentou o ritmo - e a atitude 'rosnante' - para o seu encore, passando por Poker Face e Bad Romance de um jeito que, de alguma forma, fez os clássicos parecem frescos. Infelizmente, depois de Bad Romance, ela ainda teve alguns minutos antes do fim do Coachella, então ela aproveitou a oportunidade para falar com a plateia. E o que ela disse para nós nesse tenso momento histórico? Que a sua nova música estava disponível para download no iTunes. Que inspirador.

Assista ao show completo da cantora no Coachella clicando aqui.

O novo single de Lady Gaga, The Cure, já está disponível nas plataformas digitais. Ouça aqui.

Revisão por Vinícius de Souza