Lady Gaga e Chris Moukarbel, diretor do documentário Gaga: Five Foot Two, foram entrevistados pelo EW e revelaram bastante sobre o que podemos esperar do filme.

Pelo o que foi dito, o documentário mostrará Gaga lutando contra dores crônicas, prazos para entregar seu álbum, ensaios para o Super Bowl e até bastidores de American Horror Story.

Tudo isso começou a ser filmado em junho de 2016. Abaixo, confira a entrevista traduzida na íntegra:

"Patas para o alto, Monsters, porque a barreira em volta da vida de Lady Gaga está caindo.

Após quase uma década redefinindo a música pop contemporânea - e, aliás, a cultura das celebridades - a artista de 31 anos dará aos fãs um vislumbre íntimo por trás das lantejoulas, ombreiras e disco sticks que a catapultaram para o estrelato internacional em 2008, unindo-se ao diretor Chris Moukarbel, de “Eu no Zoológico”, para criar um documentário que abrirá nossos olhos sobre suas batalhas com a fama, solidão, dor crônica e sua evolução como artista durante as sessões de gravação do Joanne, seu álbum mais pessoal até o momento, que carrega o legado espiritual de sua tia falecida, cuja morte em 1974 aos 19 anos fora catalisadora de um período de “dor intergeracional”, como Gaga descreve, permanecendo sobre sua família com o passar dos anos.

O álbum decorrente - e o filme construído em volta dele - é repleto de reflexões e odes a memória e a resiliência, inaugurando uma nova era de sons frescos e figurinos únicos mais sóbrios se comparados às colocações anteriores de Gaga.

“Você verá uma mulher que é artista, cria o dia inteiro, pensa o dia inteiro, e também tem ambas as experiências de artista e celebridade. Essas duas coisas colidem para mim, e você verá como elas são conflituosas”, Gaga contou ao EW, acrescentando que está trabalhando atualmente em um novo álbum. “Estou 100% em meu menor denominador comum. Ninguém está me explicando quem eu sou ou colocando uma etiqueta em mim enquanto artista feminina nesse filme. É sobre isso que se trata esse documentário".

“Gaga apoiou muito o processo criativo e eu senti que ela quis me dar espaço enquanto diretor para fazer algo em que eu acreditasse”, adiciona Moukarbel. “A única coisa que eu disse a ela logo de início era que eu estaria em sua sombra e gravaria tudo que visse, mas eu não estava interessado em fazer uma exposição sensacionalista. Eu só queria estar lá enquanto sua vida desenrolava e criar um retrato de seu mundo interior”.

Gaga: Five Foot Two terá sua estreia mundial no Toronto International Film Festival de 2017, próxima sexta, 8 de Setembro, antes de seu lançamento na Netflix, em 22 de Setembro.

A filmagem começou em Junho de 2016, e a maior parte dela foi um registro da criação da era Joanne.

Gaga: "Esse é um documentário verdadeiro da minha vida, o que significa que eu dei acesso a todos para aquilo que eu queria que todo mundo tivesse acesso. Eu decidi o que eles podiam e o que não podiam filmar e o que poderia entrar no filme. Eu estou empolgada para as pessoas verem, mas não é destinado a estabelecer uma abordagem sobre qualquer coisa. É destinado a ser verdadeiro e honesto".

MOUKARBEL: "Eu comecei a filmar casualmente em Junho do ano passado [quando Gaga acabou de escrever Joanne]. Eu comecei a filmar assim que caminhei pela porta. Ela foi muito amigável e me disse já de início que não faria nada de especial. Ela iria apenas se preparar para ir ao estúdio e eu fui convidado para ir junto. Aquele primeiro dia acabou sendo a primeira cena do documentário. Eu não esperava isso. O documentário passa pelo processo criativo de escrever o álbum Joanne. Nós a vimos gravando American Horror Story e lidando com problemas pessoais bem pesados, incluindo a dor crônica que ela vem tendo há cinco anos. Nós também estivemos com ela enquanto ela se preparava para o show de intervalo do Super Bowl".

O documentário que Gaga tem planejado com Terry Richardson não tem relação nenhuma com esse projeto.

Antes do lançamento de ARTPOP, em 2013, no dia 25 de dezembro de 2012, Gaga anunciou que ela estaria colaborando com o famoso fotógrafo em um documentário não-fictício sobre a sua vida, a criação do álbum, e sua relação com os fãs. Moukarbel enfatiza que esse documentário é completamente novo, sem qualquer ligação com projetos anteriores. "Foi muito importante para nós dois que esse documentário fosse algo completamente novo, separado de qualquer coisa que ela tenha feito antes", ele explica. "Esse documentário é um filme em torno de um tempo muito específico de sua vida. Isto foi a parte mais difícil! Como que você comprime uma vida tão grandiosa em 100 minutos de vídeo? Tínhamos dezenas de formas de tratar disso e eu percebi rapidamente que eu tinha que me focar no momento presente. Ela faz mais em um dia do que muitas pessoas fazem em um ano, então era sobre limitar o alvo para um período de tempo específico".

O filme se desenvolve através da visão de seus amigos mais próximos

GAGA: "É realmente e verdadeiramente a minha vida, mas adaptada para um documentário pelos meus amigos que simplesmente desejam mostrar ao mundo um pouco do que eles sabem que eu sou, de como eles me conhecem. É realmente em nome da arte. Vocês me conhecem; eu não sou do tipo de garota que só quer dinheiro. Para mim, fazer coisas com as pessoas que amo é importante. A equipe do filme são meus amigos, e eu acredito neles como artistas, e eu fiquei feliz que eles criaram esse documentário.

MOUKARBEL: "Tinham algumas coisas que ela sentiu que precisavam ser incluídas e ela tinha uma visão clara sobre como representar esses aspectos de sua vida. Uma dessas histórias é a sua dor crônica no corpo. Foi muito importante que nós representássemos essa experiência de uma forma que pudesse ser de ajuda para outras pessoas que possam estar sofrendo do mesmo problema. Ela foi também bem sensível para a percepção de mulheres jovens e meninas. O seu papel como uma mulher influenciadora foi algo que ela levou bastante a sério".

GAGA: "São os meus amigo gays nesse documentário. Eles me veem e me amam de uma forma muito especial, e mesmo assim me conhecem através dos meus relacionamentos, através da minha família, do meu trabalho, em todos os aspectos. Não importa o que eles me veem passar em minha vida, eles ainda conseguem me levantar, me animar, e é por isso que sou grata".

Talvez possamos ver como que a era "ARTPOP" transformou a abordagem de Gaga em "Joanne"

A sinópse oficial do documentário diz que o filme "Segue a artista enquanto ela se recupera da recepção mista de seu álbum ARTPOP e enfrenta prazo para entregar o seu sucessor de 2016, Joanne", deixando claro que ela está "Em um estado de reflexão, olhando para o seu passado, seu trabalho, mudanças de imagem, tentando achar uma nova definição para si mesma."

Embora ARTPOP tenha tido um dos maiores hits da carreira de Gaga, "Applause", e vendeu próximo de 800,000 cópias apenas nos Estados Unidos, desde sua estreia, sua recepção pelos críticos foi morna. As consequências do lançamento do álbum podem influenciar grandemente em definir o tom de Gaga em "Five Foot Two" e a sua crônica sobre a procura de Gaga por uma nova direção criativa para o álbum influenciado pelo rock, Joanne, que traz o seu nome em homenagem à tia falecida de Gaga, que morreu de Lúpus em 1974.

GAGA: [Respondendo a uma pergunta sobre a inclusão de ARTPOP no filme]: "Você tem que ter certeza sobre quem você é, e fazer com que isso seja o mais importante. Se toda hora que alguém tem um comentário sobre o que fazer ou fale algo sobre seu trabalho, se você mudar para a direção que o vento está soprando, você não tem perspectiva ou independência nenhuma como artista. Todos os meus álbuns, não importa se foram bem ou mal recebidos, eu me dedico 100% ao que eu acredito, e é isso que eu acho que torna um artista honrável. Você sempre terá problemas. É o seu trabalho, e quando eu faço o meu trabalho, existe uma razão e eu acredito nisso e amo isso, e é isso que importa."

Moukarbel filmou no estilo vérité e não entrevistou pessoas próximas a Gaga

Embora documentários musicais normalmente contém comentários de pessoas próximas do artista, Moukarbel sentiu que seria importante limitar o número de vozes fazendo observações sobre a vida de Gaga em um esforço para preservar um aspecto natural, orgânico do filme -- apesar de que o seu pai, Joe Germanotta, e Florence Welch, que faz parte de Joanne,, em "Hey Girl", estejam no filme

MOUKARBEL: "Gaga criou uma vida extraordinária através da força de sua própria personalidade, mas quando você está dentro de seu mundo, você fica imediatamente em choque com o quão tranquila e familiar ela realmente é. Ela é calorosa e genuinamente interessada nas pessoas ao seu redor. Eu decidi usar o estilo vérité ao filmar o documentário. Desse jeito, eu conseguiria focar em Gaga e em suas experiências para que as pessoas conseguissem sentir o seu mundo através de seus olhos. Eu não entrevistei ninguém ao seu redor. Se calhava deles estarem presentes enquanto eu estava filmando, então eles podem aparecer no filme, mas foi realmente sobre a Gaga naquele momento. Ela é incrivelmente próxima de sua família e eles estão com ela o tempo todo. Eles têm uma relação de amor natural, então eu espero que apareça um pouco disso no filme".

O filme irá explorar o legado de Gaga e sua evolução como artista e como pessoa

GAGA: "O documentário não sou eu tomando controle da narrativa, mais do que eu já fiz antes. Quando eu escolhi usar ombreiras grandes e roupas diferentes quando não era sexy fazer isso, em 2008, eu fiz porque eu me recuso deixar qualquer pessoa ao meu redor me dizer o que é bonito sobre uma mulher ou sobre de que forma uma mulher deve ser sexy ou de como as mulheres na indústria da música devem vender seus corpos. Eu sempre fiz isso".

MOUKARBEL: "Eu sempre senti que parte de sua criatividade vem de um problema interno. Ela tem um talento enorme e ambição, mas também precisa de conexões humanas reais para ser feliz. Essas necessidades podem várias vezes estar em desacordo porque uma, na maioria das vezes, atropela a outra. Ela está definitivamente lutando por um equilíbrio. Eu gosto de pensar nesse filme como um simples retrato de uma pessoa verdadeiramente complexa. Ela se colocou em uma posição de bastante influencia e é realmente atenciosa e consciente desse poder. Uma de minhas opiniões pessoais é que existe bastante poder em deixar a si próprio ser vulnerável".

O documentário Gaga: Five foot two será lançado mundialmente dia 22 de setembro, na Netflix.

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Tradução por Pedro Marinho, Vanessa Braz de Queiroz e Aloisio Kreischer

Revisão por Kathy Vanessa

Imagens: Reprodução/divulgação