A "Projection, Lighting and Staging News" entrevistou a equipe que trabalhou na produção da Joanne World Tour, atual turnê de Lady Gaga, que contou sobre desafios e curiosidades da criação do projeto.

Leia abaixo como o palco incrível se tornou realidade:

LeRoy Bennett
Designer de Produção e Iluminação

LeRoy Bennett encontrou com Lady Gaga em novembro de 2016 para discutir o design da turnê. Ela pediu na época que tivesse mais vídeo e menos dança.

‘‘Lady Gaga queria fazer o show menos focado na coreografia. A ArtRave Tour (2014) foi a primeira vez que a levamos para o público usando as passarelas de acrílico. Nós queríamos continuar o conceito dela ser capaz de estar imersa na audiência durante todo o show. É uma grande parte de quem ela e o show são. Ela ama estar envolvida na energia do público. Esse foi meu objetivo principal… levar o que fizemos antes para o próximo nível’’.

‘‘A ideia com os palcos era ser capaz de levá-la na sua jornada através das pontes que apareciam e possibilitavam que ela ficasse mais próxima do público. Eu queria que a plateia entrasse na arena e não entendesse o que iria acontecer - você realmente não vê como é o palco completo antes do show começar - o cenário aparece e se desenvolve durante o show. Tudo que você vê é um palco preto plano e três palcos menores no palco da arena. A ideia era levá-la na sua jornada, além de remodelar o local’’.

‘‘Ela estava gravando um filme quando eu terminei o conceito… ela estava muito ocupada. Eu tive que mandar minha versão para Bobby Campbell, seu empresário, para mostrá-la no set. A única coisa que mudou do conceito até a fabricação foi a automação do palco principal e os casulos grandes que ficam na parte de cima. Nos deram um orçamento estrito que tivemos que seguir, então Tait e eu trabalhamos muito para nos ajustar. Mas a integridade do design continuou intacta’’.

‘‘Gaga confiou muito em mim e na minha escolha de como as coisas devem ser iluminadas. Normalmente eu começo pelo vídeo, então amplio a iluminação que combina com o conteúdo do vídeo para que eles trabalhem como um conceito completo juntos. O primeiro show não sofreu alterações. Nós fizemos alguns trabalhos de correção, mas somente detalhes mínimos. Quando ela foi para os ensaios de produção, a primeira coisa que fizemos foi mostrá-la todas as automações e como o palco mudaria o formato, todas as coisas que faríamos com as pontes e os casulos que se transformavam em painéis. Ela pôde definir na mente dela como a jornada deveria acontecer depois de ver o ambiente’’.

‘‘Originalmente, Richy Jackson (o coreógrafo dela) e Michael Bearden (diretor musical) faziam Gaga chegar no palco B dentro das três primeiras músicas, mas eu não queria que isso acontecesse. Eu queria que fosse mais dinâmico e que o show se estendesse. Levou uma massagem para convencê-los, mas tudo deu certo. Eu queria que o mistério durasse mais tempo’’.

‘‘O palco B e o piano eram cobertos em acrílico. Eu queria que fosse um lugar para ela brilhar e realmente se destacar na arena. O piano é muito moderno, de alta tecnologia, uma peça escultural que eu estava tentando criar para ela. O piano é multifacetado - eu queria usar lasers que eram ativados por cada tecla do piano. Às vezes as cordas eram tocadas dentro do piano, então às vezes os lasers atingem espelhos que balançam para fora do piano sozinha, criando um grande efeito’’.

‘‘Eu sempre amei trabalhar com Gaga. Ela é muito talentosa, é uma compositora incrível, cantora e musicista. Mas acima de tudo ela é um ser humano maravilhoso. Ela é muito honesta e aberta sobre quem ela é. Realmente trabalhar com ela torna tudo muito alegre. Harry (Forster), Jason Baeri e Loren Barton (vídeo), fizeram um trabalho incrível programando o show e acompanhando todas as mudanças. Nisha, Dan e o Time de Engenheiros de Imagem fizeram um trabalho maravilhoso trabalhando com Tait para fazer o piano acontecer. Solotech foi fantástico em montar o show com o vídeo e a iluminação e fazendo tudo que eu queria para fazer o show acontecer. Todos os envolvidos fizeram um trabalho incrível’’.

Harry Forster
Diretor de Luz e Programação

Forster trabalha com Bennett em eventos de Gaga há 4 anos. Quando não estão fazendo turnês, eles estão trabalhando em alguma outra performance ou show que Gaga já fez.

‘‘Assim que o design final da produção de Roy foi fechada, nós começamos a fazer planos com Tait e Solotech, garantindo que tudo poderia funcionar junto, já que temos tantas partes que se movimentam. Fiquei cerca de 6 semanas fora, eu estava em L.A. para começar a trabalhar no arquivo do show e 3D, e Jason Baeri se juntou a mim depois de uma semana de programação. Nós passamos 10 dias apenas pré-visualizando antes de mover tudo para as Torres Tait, onde as diferentes peças estavam sendo montadas. Nós não vimos o equipamento inteiro até as três semanas que antecediam o primeiro show em Vancouver’’.

‘‘Jason e eu usamos todos os equipamentos antes e tínhamos um bom conhecimento sobre como testá-los antes do show, além do GLP JDC-1 STROBE. Essa foi a primeira vez que algum de nós os usou. Eu já vi o estroboscópio, mas nada poderia nos preparar mais que colocar quase 300 deles juntos. 90% do show é codificado. Consistentemente, nós todos temos a mesma setlist toda noite. Mas nós temos cerca de 10 músicas extras programadas que eu sei que ela deve usar em certas cidades ou shows. Agora que estamos dentro da turnê, definitivamente é mais calmo. No começo, nós ainda estávamos trabalhando a duração das músicas e das interludes, e muda tão rápido que fica mais harmônico, então ajustamos algumas coisas’’.

‘‘Quando estamos acordados e focados, a correria do show para mim está em conseguir os 13 holofotes, um desafio em alguns lugares. Eu sei em qual entrada ela vai aparecer, ou onde ela se move quando está mais escuro, mas às vezes ela gosta de mudar. O empresário de palco tenta me manter o mais informado possível, então não temos nenhum problema. Conforme o local muda e o acabamento das nossas armações mudam, nós temos que manter o controle, ser o mais estável possível para ela quando ela perceber que uma coisa mudou. Dean (Roney) da Solotech foi muito útil desde o primeiro dia nos dando o que precisávamos para fazer o show funcionar e o apoio continuou na estrada’’.

Dean Roney
Solotech

A Solotech oferece a iluminação e o vídeo para a turnê. "Bennett tinha visto os Strobes GLP JDC1 e gostou do que eles tinham a oferecer e a Solotech estava feliz em aumentar seu inventário com os produtos", diz Roney.

‘‘A parede de vídeo no alto é nosso novo produto, o C-Thru de 28mm. Foi escolhido porque é muito leve. A parede de iluminação no alto tem mais de 400 acessórios de iluminação e pesa mais de 9,5 kg, então nós precisamos usar algo que não irá sobrecarregar o teto na mesma área’’.

‘‘Nos ‘casulos’ há 22 projetores Barco laser - UDX - modelos 4K32. Eles são projetados em três casulos, além das pontes que descem dos mesmos. Eles são novos produtos para nós, e até agora os resultados têm sido bons e as possibilidades são inspiradoras’’.

‘‘Na frente dos propulsores que ficam no palco, nós temos nosso LED de 12 mm que têm 90 refletores que causam um efeito com várias camadas’’.

‘‘Trabalhar com Roy é sempre um prazer, e Hydro [Robert Mullin] e eu trabalhamos juntos várias vezes, incluindo nas turnês de Britney, Justin e Prince’’.

Brian Levine
Tait Towers

Levine menciona desafios incluindo os equipamentos do grande palco que se movimenta e os casulos no ar que acomodam as telas de projeção que descem e se transformam em pontes.

‘‘Cada ponte, que tem o comprimento de um ônibus escolar, tem que ser leve o suficiente para funcionar com os obstáculos dos cabos, mas também devem ser fortes o suficiente para se expandir entre palcos para os performers caminharem. As pontes também se transformam em uma tela de projeção dupla antes de descerem para conectar os palcos. Nossa equipe passou muitas horas e se esforçou bastante nesse elemento e estão muito orgulhosos do resultado’’.

‘‘Nós começamos muito cedo com Roy quando o show estava em sua fase inicial do conceito. Roy tinha uma visão muito clara do que ele queria alcançar, então trabalhamos muito próximos dele e Hydro (Robert Mullin) para combinarmos as necessidades criativas com os objetivos operacionais. O conceito original não mudou dramaticamente em relação à versão final e o processo colaborativo e artístico foi bem tranquilo’’.

‘‘O palco principal é feito de oito propulsores. Nós desenhamos as mecânicas para nos permitir ter um submundo para mudanças rápidas, suporte e manutenção, enquanto mantém o maquinário separado da equipe e dos performers que precisam trabalhar abaixo. Os cinco propulsores principais no centro do palco podem levantar, inclinar e são revestidos de painéis de LED que ficam na beira do palco. Todos os eixos de automação no chão e no ar são controlados através do Sistema de Automação e Navegação da Tait’’.

David Carrodine
Image Engineering

David Carrodine e Nisha Ramnath, da ‘Image Engineering’, encontraram com Bennett no final de 2016 para uma demonstração dos sistemas de laser da empresa integrada com Beam Composer.

‘‘Nós conversamos sobre a capacidade e o poder do perfil de Beam Composer para o grandMA2 e passamos por uma série de experimentações de lasers com camadas junto com diferentes desníveis, como radial, angular, linear, horizontal e vertical misturados com o mecanismo do grandMA2 FX. Nós tivemos um encontro alguns meses depois em Los Angeles para discutir o design da turnê de Lady Gaga. Roy queria um piano de laser para Gaga e perguntou se eu poderia desenhá-lo, construí-lo e integrar os lasers no corpo do piano. Roy queria algo mais dinâmico que apenas alguns lasers integrados.

‘‘John Suehle [Chefe de Tecnologia e co-proprietário da Image Engineering] e sua equipe fizeram os efeitos de laser para o piano, que inclui 44 módulos de lasers customizados, cada um produz 3 watts de luz laser branca, programação personalizada e mapeamento MIDI que permite que Gaga controle os efeitos do laser diretamente no piano’’.

‘‘Simulando as cordas do piano, os feixes de laser viajam pelo comprimento do piano e saem através de frestas cuidadosamente colocadas na parte de cima. As cores do laser e sua intensidade são controladas por sinais MIDI produzidos pelas teclas do piano, permitindo que Gaga os controle em tempo real’’.

Pré-programações, piano com efeitos de arco-íris em ‘Born This Way’ e a modulação das cores complementam o controle em tempo real, oferecendo uma combinação infinita de efeitos visuais. Cada unidade de laser comunica com um microcomputador construído diretamente a essa unidade através do processamento de iluminação rápido e tempo de reação. O controle manda os comandos para cada laser sem atraso ou tempo de processamento.

‘‘Roy também nos ofereceu o set design e possíveis locais para os lasers no palco principal e nos palcos satélites. Ele deixou claro que era importante ter diferentes estilos, diferentes dos tradicionais do seu show. Para isso, nós fizemos um laser vertical de 360º, onde usamos oito lasers ao redor de cada palco-satélite, nosso controle de laser inovador e nossa engenharia de soluções, Beam Composer, para entregar a solução do laser criativo. Beam Composer permitiu o programa LD da turnê, desenvolveu os detalhes dos arquivos, importou e controlou os lasers diretamente com o controle do grandMA2’’.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Vinícius de Souza