Após a mobilização de fãs em uma petição para que fossem disponibilizados materiais inéditos da era “ARTPOP”, conhecido como “ARTPOP: Act II”, o DJ White Shadow, principal produtor do álbum, manifestou-se nas redes sociais apontando a possibilidade de um diálogo com Lady Gaga a fim de revisitarem os materiais do disco. Todavia, ainda não há posicionamentos conclusivos por parte dele ou da cantora.

Nesta segunda-feira (07), além de uma conversa ao vivo com DJ pela rádio Stationhead para falar sobre o álbum, White Shadow também concedeu uma entrevista exclusiva ao site Entertainment Weekly sobre seu antigo projeto com a Mother Monster.

Em suas falas, o DJ comentou ter trabalhado em 40 músicas que não foram finalizadas; seu estado mental após aquele conturbado ano em sua carreira, que o deixou com vontade de nunca mais produzir músicas; além de ter falado também sobre o Act II do álbum “ARTPOP”.

Confira a tradução completa:

O produtor de Lady Gaga, DJ White Shadow, revela os segredos de ARTPOP: Act II

Desde notícias sobre músicas que não foram lançadas ("Onion Girl" confirmada) até "I Wanna Be With You", que se transformou em "Dope'', DJ White Shadow mergulha no álbum de 2013 de Gaga.

Os fãs da Lady Gaga têm incitado um choro por quase uma década: "Justiça para ARTPOP." Agora, oito anos depois, o álbum favorito dos fãs agitou a plumagem conservativa e fez de Gaga uma cantora pop marginalizada e imprevisível por seus temas ousados e estética alucinada. O produtor, DJ White Shadow, tem revelado segredos do processo de gestação do álbum.

Inspirado por uma petição recente pedindo o lançamento de material ainda não ouvido das sessões de ARTPOP, o hitmaker de "Born This Way" e "Applause" — que está atualmente trabalhando em novas músicas para Pitbull — conversou com a EW sobre o status da coleção altamente especulada do outro lado de ARTPOP, conhecida como ARTPOP: Act II, uma coleção de 40 faixas engavetadas que ele e Gaga produziram, junto de histórias de bastidores sobre trabalhar com a cantora antes do Foguete No. 9 decolar no planeta Chromatica no ano passado.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Como foi para você ver o ressurgimento de ARTPOP oito anos depois?

DJ WHITE SHADOW: Tudo é estranho! Trabalhamos duro naquele álbum e estou feliz por ele ter impactado as pessoas tanto que elas ainda ficam animadas. Obviamente, as pessoas falam sobre Born This Way e o impacto que o mesmo teve na cultura, e ARTPOP ficou preso em um lugar esquisito. Havia muitas coisas acontecendo nos bastidores — mudanças de gerência para ela... a mudança na guarda da Interscope, Jimmy Iovine estava saindo e John Janick estava entrando, as pessoas não estavam mais comprando CD na mesma frequência que estavam usando os serviços de streaming. Era bem confuso. Foi um momento fodid* para se lançar um álbum. A forma como ele foi empurrado para fora, os números nem sempre refletem como tudo aconteceu. Aquele álbum já vendeu 3 milhões de cópias. Foi uma boa média de venda, mas quando você está sucedendo as vendas de [Born This Way] 6 milhões de cópias, você parece um idiota.

Eu me lembro de ouvir que o conceito inicial do álbum começou como uma coisa e depois se modificou no que eventualmente era lançado, então me conte sobre os dias do início da gestação.

Não acho que havia um "isso é o que faremos" [uma conversa]. Depois que Born This Way foi finalizado e entregue, eu me lembro de deitar no sofá da minha casa, pegar o telefone e era Gaga. "Tenho o nome do próximo álbum. Será ARTPOP!", ela falou. Tínhamos parado de trabalhar há três dias! Foi quando começamos a trabalhar nele. Nós produzimos "ARTPOP," a música, que foi um dos primeiros instrumentais que eu mandei para ela do álbum. Depois ela conheceu Zedd através da Interscope, e voltamos a nos reunir e fazer novas faixas, depois veio Madeon. Havia diferentes pessoas entrando e saindo… tínhamos diferentes versões. "MANiCURE" era o primeiro single, depois "Aura'' e depois outra música. "Applause" não era para ser o primeiro single até bem mais tarde.

Você disse que em 2017 você perdeu um amigo e um empresário por causa do álbum, e então no seu post no início do ano você disse "fazer música e entregá-la da forma que ARTPOP foi feito e lançado foi particularmente difícil." A quê, especificamente, você estava se referindo?

Tudo estava em um estado de turbulência na época…. Todos estavam fazendo adivinhações sobre como tudo ia acontecer. Era um alvo em movimento. Quando "Applause" saiu, não foi direto para No. 1. "Born This Way' foi para No. 1 imediatamente. Eu sei que não foi um momento tipo "Oh s---, Macy's Day Parade". Nós todos meio que surtamos.

Você disse que te deixou traumatizado. De que forma?

Eu não queria fazer outro álbum pelo resto da minha vida quando finalizei aquele. Foi tão ruim. Eu estava acabado. Tenho uma foto minha saindo do [estúdio de gravação] Record Plant depois que acabamos o álbum e minha aparência estava terrível. Eu parecia ter 150 anos. Dormi na Record Plant por um mês.

O que te motivou a retornar?

Eu fiz algumas coisas boas [com outros artistas], e quando Nasce Uma Estrela começou, ela me ligou. Eu assisti Joanne acontecer. Mark Ronson é amigo meu, mas eu estava feliz por ter ficado de fora. Nós conversamos o tempo todo. Eu fui assistir algumas coisas no estúdio, ouvi o álbum, meu cérebro não estava a fim de fazer coisas naquele momento. Para Nasce Uma Estrela, eu sabia que tudo estava mais estável e é como se tivesse uma base mais sólida para construir algo.

Falando de Nasce uma Estrela, podemos finalmente confirmar que Detroit City, o produtor ‘’anônimo’’ de ‘The Cure’, é você?

Sim, claro! Passei por vários momentos em que eu sou meio que um dummy ou fico brincando com as pessoas. Lancei algumas músicas: "The Cure" e uma música com o Too $hort, fiz algumas faixas com o Austin Mahone e Sage the Gemini. Detroit City fez umas 10 músicas! Eu lutei com a minha identidade de pessoa imprudente. Achei que seria divertido inventar um nome e ser idiota por um minuto.

Voltando para ARTPOP, Gaga tuitou na época que o Act II seria lançado, e mais tarde no festival SXSW ela revelou que estava completo, mas não estava pronto para ser lançado. O quão próximos vocês chegaram de realmente lançá-lo?

Eu acho que fizemos o suficiente para dois álbuns. Estava provavelmente em uma lista de ideias... Nós provavelmente conversamos sobre isso. Tínhamos músicas suficientes para fazer. Eu estava feliz de lançá-lo. Não conseguia nem escovar os dentes por uma semana depois que terminamos, quanto mais pensar em outras músicas...

Até onde você estava envolvido, o Act II não era um projeto concreto formado com uma trilha sonora ou algo assim? As pessoas assumem que era um projeto que estava pronto.

Não. Não quero que interpretem isso de forma literal: foi há muito tempo e eu não trabalho para a Interscope. Não estou inteirado do trabalho nos bastidores, mas, até onde eu sei, não havia outro álbum pronto para ser lançado de forma imediata. Ou seriam músicas suficientes para ter dois álbuns ou para um, e acabou sendo apenas para um álbum.

De todas as músicas que discutimos, você tem uma preferida do cofre do Act II?

Eu não havia escutado ARTPOP havia três anos antes de tudo isso acontecer... Peguei meu computador de ARTPOP de volta e ouvi o álbum e havia 40 músicas ali que estavam finalizadas ou quase finalizadas. Ouvi algumas faixas e honestamente, tem coisa boa. Ainda se sustenta. Mas não é tipo, "Isso é uma boa música! Vamos colocá-la na internet!". Você tem que dar uma reformada.

Sonoramente, essas músicas estão alinhadas com o que ouvimos no ARTPOP?

Sim, muito. ARTPOP é meio que um álbum exagerado, então o que não combina? Se eu tiver uma música polca no álbum, você vai falar "Oh, eu entendi.". Elas são bem pensadas conceitualmente, têm boas ideias... Havia muitas direções sonoras diferentes, então eu não sei mais o que surpreende as pessoas.

Eu acho que músicas como "Tea" e "Onion Girl" são as duas músicas que mais vi as pessoas conversando. Liricamente, que história essas músicas contam?

É difícil para mim falar sobre as composições. Se eu e ela estivéssemos sentados lado a lado, eu contaria. Mas eu não quero passar por cima dela assim. Posso apenas dizer que as duas são ótimas músicas. Há uma música chamada "Onion Girl."

Também tem "I Wanna Be With You," que ela apresentou no iTunes festival e você co-escreveu, música esta que acabou se transformando em "Dope" no álbum. O que aconteceu com esse processo — como e por que ela foi de apresentar aquela música publicamente para mudá-la para uma música diferente no lançamento do álbum?

Quando fizemos o iTunes Festival, ainda não havíamos chegado no momento em que sentamos no estúdio e finalizamos tudo completamente. Então ela quis fazer algumas mudanças! No final das contas, é a arte dela. Se estamos falando sobre um carro, ela vem com o conceito, ela o desenha e eu venho com a chave de fenda e algumas ferramentas e tento fazer o carro funcionar. Às vezes você tem que destruir o carro para montá-lo da forma que ela quer, e é assim. É uma música que tínhamos uma versão, ela gostou e depois quis fazer algo diferente. Não depende de mim dizer não. Eu nunca diria não. Vamos montar isso do jeito que ela quer! No final das contas, "Dope" foi a música que ela quis no álbum, e que começou como algo diferente. Já vi isso acontecer 500 vezes e vocês viram uma. É o microcosmo de como funciona um álbum. Você constrói uma ideia como A, e você não vai para Z, vai para AAA a cinco As e até mesmo cinco Zs. Tenho certeza de que havia 12 versões entre "I Wanna Be With You" e "Dope".

As pessoas ainda perguntam: Você sabe se o altamente especulado videoclipe de "Venus" chegou a acontecer?

Não sei disso! Por causa da natureza do que eu devo fazer, minha parte na linha de montagem, eu não tenho nada a ver com a parte de vídeo. Quando gravaram o vídeo de "G.U.Y." e todo o elenco de Real Housewives estava presente, eu fiquei sabendo desse fato semanas depois do vídeo estar finalizado. Há uma grande possibilidade de ter acontecido, mas eu não faço ideia. Eu sei que é uma das músicas que, quando é hora de animar, ela dá um espetáculo.

Você tocou trechos de "Tea" na estrada. Existem outros instrumentais que você tocou sem contar as pessoas que eram do álbum ou algum desses instrumentais entraram em outros lugares — seja em interludes de turnês ou qualquer outro lugar?

Não! Eu perguntei antes de tocar. Mesmo se eu fizer o instrumental e tocá-lo para ela e ela gostar, por respeito a outro ser humano, eu sempre pergunto. Tive que me virar um pouco no final para encaixar onde deveria no meu set pessoal. Reproduzi parte dos instrumentais.

Havia boatos de que Azealia Banks e Rihanna colaboraram em uma música chamada "Ratchet." Foi real?

Se elas colaboraram eu não tenho a música. Às vezes isso acontece, onde o A&R da gravadora dá algo para alguém, mas eu não tenho a música, então não sei. Eu lembro de ouvir coisas da Azealia Banks, mas não tenho nada.

Então o ARTPOP é eventualmente lançado, ele perdura, as pessoas o amam, recentemente disparou nos charts do iTunes, e essa petição saiu com dezenas de milhares de assinaturas. Com que rapidez depois disso suas conversas com Gaga começaram novamente, relacionado ao possível lançamento do Ato II?

Não é como se nós tivéssemos grandes hiatos sem se falar ou que nós apenas nos falamos quando há algo sobre música. Ela estava gravando [House of Gucci] quando aconteceu. No começo eu estava tipo, "Ah mer--, olha para essa petição!’’ E ela tipo ‘’Ah, legal." Nenhum de nós disse nada por algumas semanas. Depois que o negócio decolou estava tipo, "Pu-- Mer--, o que é isso?" Então nós ficamos conversando por um minuto.

Você falou com ela sobre isso depois que ela voltou das filmagens?

Nós ainda não nos falamos. Eu estou trabalhando em um outro projeto louco agora. Ela terminou com a parada de Gucci e agora eu estou até o pescoço, então estou tentando voltar para Los Angeles na metade do mês.

Na sua perspectiva, com base nas conversas anteriores, você acha que existe um interesse real ou renovado em lançar o Ato II?

Eu não sei. Eu sempre tive um interesse em trabalhar com ela, e eu não falarei por ela…. Eu acho que há um interesse em fazer as coisas. Nós trabalhamos bem juntos. Se nós fôssemos trabalhar juntos novamente, olharíamos esses arquivos. Nós o chamaríamos de ARTPOP: Act II? Eu não sei. Seja lá o que ela queira chamá-lo, é o que nós o chamaremos. Quando se trata de fazer um álbum, é meu trabalho ouvir, pegar o que está em sua cabeça e o tornar em algo que ela queira…. Se ela não quiser fazer isso, eu não o farei.

Se ela não quiser fazer algo, ela será a primeira a dizer. Nós ainda somos bem próximos, eu a amo muito, e nunca tive nenhum momento ‘’vai se fu ---'' com ela. Nós não estarmos trabalhando não é por que estamos chateados um com o outro, ambos somos seres humanos e temos nossas próprias vidas, fazendo mer** . Não há nada nesse mundo que eu gostaria de fazer mais do que dar pra todo mundo o que eles querem, e eu tenho certeza de que ela sente o mesmo. Se todo mundo continuar pedindo, talvez aconteça.

Você despertou o interesse dos fãs em 2017, quando, entre os álbuns, você disse que mal podia esperar para que os fãs conhecessem a "irmã mais nova de ARTPOP". Eram essas as demos do Chromatica?

Não, não eram as demos do Chromatica. Nós trabalhamos em algumas coisas. Nós começamos coisas, nós terminamos coisas, nós nos afastamos de coisas, nós pegamos coisas de volta, não é um processo linear. Nós afirmamos trabalhar em coisas antes do Chromatica acontecer e nós ainda não terminamos. Veremos o que acontece!

Como você se sentiu quando a Gaga twittou ‘’Eu não me lembro do ARTPOP’’ alguns anos atrás? Aquilo enlouqueceu os fans!

Todo mundo vira um analítico sobre cada sílaba! Você está esperando ansiosamente pelas coisas, eu entendo. Não interprete tudo literalmente. As pessoas estão cheias de amor e talento aqui. Ela é inteligente e incrível sobre o que faz, e se preocupa profundamente com todos que se importam com ela! Quando chegar a hora de alguma coisa, será a hora de alguma coisa. Eu estou tentando, ela está tentando, há muitas coisas que ela precisa terminar e outras que eu preciso terminar também. Mas, eu prometo, se a ligação for feita e as coisas começarem a rolar, tenho certeza de que ela contará a todo mundo quando quiser. Ela é a capitã do navio.

E você, o que achou das revelações do Dj White Shadow? Tem alguma expectativa de que algo novo da era "ARTPOP" ainda seja liberado?

Enquanto isso, vamos ouvir os hinos que Gaga e White Shadow produziram para nós!

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz e Alexander Junior Souto

Revisão por Eliza Pildervasser

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