Quando se fala sobre as diversas potências de Lady Gaga, muito é destacado sobre sua marca enquanto cantora, atriz, filantropa, musicista, compositora, mas uma de suas qualidades mais evidentes é ser a representação da música em sua mais alta qualidade. Em todos os sentidos. Isso torna Lady Gaga uma força geracional que ficará marcada para sempre no imaginário popular de milhares de pessoas. E, quando o assunto é geração, o laço entre Lady Gaga e Tony Bennett é a mais pura representação da união de artistas de tempos diferentes em prol da música - em sua mais alta qualidade.

Ser fã de Lady Gaga é poder ter acesso às mais diversas referências e influências musicais da artista de maneira muito constante. Essa é uma das dádivas de ser Little Monster: ter contato com artistas incríveis do passado e ter acesso natural à música de décadas atrás. A partir de 2014, Tony Bennett expandiu de vez seu nome para uma nova geração e para dentro da música e cultura pop graças ao lançamento de "Cheek To Cheek".

Lady Gaga tem enorme parcela do porquê Tony Bennett é um artista conhecido por nós, consumidores e audiência jovem do pop, nascidos nas décadas de 1990 e 2000, nas suas mais diversas vertentes. Entretanto, não se engane: um artista com mais de 70 anos de carreira já precisou se reinventar diversas vezes para se manter relevante com o passar das gerações.

No Brasil, Tony Bennett não foi lá o mais popular dos artistas internacionais. Na realidade, ele foi um ícone de um estilo de música extremamente elitizado e muitas vezes nichado. Entretanto, não há quem não se apaixone por seu carisma, jeito galante e voz que até os 96 anos se manteve incrivelmente linda.

Ao longo de toda sua carreira, recebeu inúmeros prêmios e honrarias que o elevaram a um patamar seleto dentro da música, incluindo 20 prêmios Grammy, um "Lifetime Achievement Award", o prestigioso "NEA Jazz Masters Award" e dentre outros.

Nascido em 3 de agosto de 1926 em Nova Iorque, seu início de carreira se deu em clubes locais durante a adolescência. Tendo lutado na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), se conectou ainda mais com a música, tendo feito parte da banda do exército dos Estados Unidos. Com o final da guerra, saiu vitorioso contra os nazistas e passou a dedicar sua vida a vencer na música. Em 1949, ganhou um concurso de talentos que o levou a assinar seu primeiro contrato com uma gravadora musical.

A década de 1950 foi crucial para sua carreira, tendo Tony Bennett estreado na indústria do entretenimento musical em boa forma com sucessos como "Because of You" e "Rags to Riches", que o colocaram no mapa da música e o tornaram uma estrela da música pop da época.

Ao longo da década de 1960, Bennett conheceu o estrelato absoluto e mudou o direcionamento de sua carreira inteiramente para o gênero jazz, abraçando um estilo mais sofisticado e refinado. Álbuns como _"I Left My Heart in San Francisco"- (1962), contando com o sucesso de mesmo nome, solidificaram sua reputação como intérprete de clássicos atemporais e o colocaram nos mesmos palcos que Frank Sinatra e Judy Garland.

Entretanto, nem tudo são flores em uma carreira tão longeva. Durante os anos 1970 e 1980, Bennett enfrentou dificuldades com mudanças na indústria musical, tanto com o surgimento de gêneros como a música disco e o new waze e a gigantesca crescente do hip hop, funk, rock’n roll, pop e rock clássico, quanto problemas pessoais, com o abuso de drogas. Em resumo, o jazz se manteve estacionado enquanto a indústria da música dava palco a um turbilhão de novos nomes, vozes, ritmos e costumes. Houve uma gigantesca pressão em cima do artista para que ele mudasse a direção de sua carreira e estudasse largar o jazz. De qualquer maneira, Tony Bennett resistiu às pressões de produtores e gravadoras.

Ao longo dos anos 1990, renasceu no destaque do cenário musical. Com o lançamento do álbum MTV Unplugged (1994), um ao vivo de sua participação no programa de extremo sucesso da segunda metade dos anos 1980 e primeira metade dos anos 1990, ele conquistou uma nova geração de fãs e ganhou um Grammy por sua performance, conseguindo continuar atraindo audiências fiéis com sua música.

Ao seguir das próximas décadas e até o passado próximo, entre vários trabalhos solo, Tony Bennett passou a se dedicar principalmente a gravar álbuns em parceria com outras lendas da música, grandes artistas e jovens estrelas da música. Destacam-se os álbuns "Duets: An American Classic" (2006), "Duets II" (2011) e "Cheek to Cheek" (2014), com Lady Gaga.

Nesse sentido, um dos seus últimos trabalhos em vida, mais precisamente seu último álbum de estúdio, ignorando o lançamento de gravações antigas, coletâneas e compilações, foi o álbum "Love for Sale" (2021), segundo em parceria com a cantora.

O álbum "Love for Sale" é uma joia musical que celebra a magia da colaboração entre dois incríveis talentos da música estadunidense e mundial. Com uma combinação encantadora de jazz clássico e a voz poderosa de Lady Gaga, o álbum oferece interpretações solo e de duetos dos artistas de clássicos do Great American Songbook.

A química artística entre os dois artistas brilha em cada faixa e suas vozes se complementam harmoniosamente, criando um trabalho sofisticado e memorável. "Love for Sale" é uma verdadeira celebração da música atemporal e do talento artístico, deixando uma impressão duradoura nos ouvintes e, novamente, demonstrando que a música é realmente uma linguagem universal que une gerações. Contando com clássicos da música jazz e estadunidense, o álbum traz sucessos como "I ‘ve Got You Under My Skin" e "I Get a Kick Out of You".

Ambas as colaborações com Tony Bennett no álbum "Love for Sale" e "Cheek to Cheek" destacou a habilidade de Lady Gaga de transcender gêneros musicais e mergulhar no jazz clássico com graciosidade e talento. Sua interpretação emocional e paixão pelo gênero surpreenderam a muitos, mostrando mais uma vez sua versatilidade como artista e intérprete, conquistando novos públicos.

Além disso, ao se referir a Tony Bennett, Lady Gaga a todo o momento expressou muito carinho e grande admiração pelo artista. Foi tamanho o respeito mútuo entre ambos. E ainda o é por parte da artista.

Em entrevistas, Lady Gaga mencionou que trabalhar com Tony Bennett foi um sonho tornado realidade e que a experiência foi enriquecedora tanto em termos musicais como pessoais.

Embora Tony Bennett e Lady Gaga possam ter origens musicais distintas, a colaboração entre eles e os pontos em comum em suas carreiras mostram como a música pode unir artistas de diferentes gerações e estilos em projetos criativos e inspiradores.

Tony, um mestre do jazz clássico com uma voz suave e emocional que transcende gerações; Lady, uma artista versátil e inovadora com uma amplitude vocal impressionante e um estilo visual e teatral marcante. "Cheek to Cheek" e "Love for Sale" ressaltaram a beleza da música quando dois artistas de diferentes gerações e estilos se unem para criar algo único e memorável. Quase que celebrativo. Ambos os artistas têm um impacto significativo na música e continuarão a inspirar e encantar o público em todo o mundo por muito mais tempo.

É triste pensar que toda uma gigantesca leva de artistas da segunda metade do século passado está nos deixando. Ano passado, se foram Gal Costa, Elza Soares, Erasmo Carlos, Irene Cara e Olivia Newton-John, por exemplo. Somente neste ano, Tina Turner, Rita Lee e agora Tony Bennett. E Bennett ainda foi um remanescente: tendo o início de sua carreira nos anos 1950 e seu estrelato nos anos 1960, chegando perto de completar um século de vida. Entretanto, Tony nunca mais deixaria o status de imortal da música.

Brilhou como pai, filho, avô e marido. Brilhou nos palcos, nas rádios e na vida. Brilhou ao lado de Lady Gaga. Agora brilha esplêndido no céu. Para sempre.

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