Hoje (31), aconteceu a estreia do filme "Nasce uma Estrela", em Veneza, em um festival de filmes que acontece anualmente. Após a exibição do filme, para um público fechado, incluindo críticos dos principais portais de notícias do mundo, começaram a sair as primeiras reviews do filme.

O portal The Guardian, um dos maiores sites da Inglaterra, foi um dos primeiros a publicarem uma crítica feita por Peter Bradshaw, crítico especializado de filmes.

O site aclamou o filme como um todo, dando nota máxima (5 estrelas), e destacando alguns pontos, como a atuação "brilhante" de Lady Gaga e a ótima direção que Bradley Cooper fez no comando do filme, e como soube fazer com o filme, mesmo sendo um remake, algo que surpreende os fãs e também as pessoas que irão assistir pela primeira vez.

Confira a crítica completa e traduzida aqui:

A crítica contém alguns possíveis spoilers do filme.

"Lady Gaga hipnotiza no lugar de Streisand

Bradley Cooper dirige e co-estrela nesta atualização absurdamente assistível da história de amor amaldiçoada pela instabilidade da fama.

É o romance épico do ferido sacrifício masculino e tem regenerado como Doctor Who. Tivemos ele em 1976, com Barbra Streisand e Kris Kristofferson, em 1954, com Judy Garland e James Mason e originalmente em 1937, com Janet Gaynor e Fredric March. Tem regenerado inclinadamente até mesmo em filmes como ‘O Artista’ e ‘La La Land’. Agora, Bradley Cooper interpreta a estrela alfa alcoólatra e em declínio colocando seu orgulho no altar do showbiz da mulher que ele ama. Cooper dirige e co-estrela nesta nova versão absurdamente assistível e grandemente agradável, super carregada com cristais de dilítio de puro melodrama. Ele surge o oposto da sensacionalmente boa Lady Gaga, cuja habilidade de ser parcialmente uma pessoa normal e parcialmente uma imperatriz-celebridade extraterrestre funciona no mais alto nível todas as vezes.

Aqui está o galanteio de partir o coração do cantor mal-humorado e bêbado oscilando no auge da sua fama, que descobre uma jovem mulher inconvencionalmente bonita e talentosa - lançando-a sozinha em uma gloriosa carreira enquanto a dele cai em espiral, redimindo sua própria arrogância com esse ato maravilhosamente altruísta. Ele deve aceitar o destino de ser um perdedor e, finalmente, nem mesmo permitido de ser o vento sob as asas dela.

Cooper e o roteirista veterano, Eric Roth, são claramente inspirados mais diretamente pelo filme de Streisand/Kristofferson. Mas nessas cenas que Cooper se condecora, e os seus grandes momentos de agonia emocional… Bem, ele está incorporando um pouco de Judy. Ele certamente se aprofunda no papel, e cria uma história de fundo de vulnerabilidade. Ainda assim, a grande questão é: Como Lady Gaga e Bradley Cooper vão reinventar aquela cena assustadora da cerimônia de premiação, quando ele a envergonha publicamente? Bem, o clímax da provação deles é maior do que eu esperei ser possível. É a última Via sacra.

Cooper leva sua voz algumas oitavas para baixo para interpretar Jackson Maine, um roqueiro country de voz áspera fazendo turnês em estádios e fazendo isso com grandes doses de álcool e comprimidos. Ele ainda é um grande sucesso, mas pessoalmente e emocionalmente ele está vazio (Cooper até co-escreveu algumas de suas músicas aqui, e sua banda é composta pelo grupo de apoio de longa data de Neil Young: Lukas Nelson e Promise of the Real). Ele também está sofrendo de surdez e zumbido, o que periodicamente o deixa próximo de ataque de ansiedade e desequilíbrio emocional. Ele tem que ser conduzido por seu empresário e irmão mais velho, Bobby, interpretado por Sam Elliott, por quem ele tem os sentimentos mais duradouros de rancor, rivalidade e culpa.

Sem bebida depois do show em uma noite, Jackson faz seu motorista encostar o carro quando ele vê o que parece ser um bar drag, onde o chefe deixa uma mulher cantar sem caracterização: é a extraordinariamente talentosa Ally (Lady Gaga), que canta uma versão de matar de La Vie En Rose. Jackson fica impressionado, como tem que ser. Eles têm uma aventura juntos e a atitude pouco impressionada de Ally a respeito da celebridade e a sua atitude vocal em relação a música hipnotiza Jackson. Ele se apaixona profundamente, até mesmo aparecendo na casa da família dela, onde ela vergonhosamente ainda mora com seu pai, interpretado por Andrew Dice Clay. Jackson finalmente consegue levar ela para o palco para um dueto, e sua grandeza é óbvia, mas uma sombra negra aparece quando ela se aproxima do estranho agente de talentos Rez (Rafi Gravon), sob tutela a qual Ally seriamente explode. Ela é compositora, cantora, dançarina e uma bomba sexual. A fama do pobre Jackson é 1.0 e ele percebe que a de Ally é 2.0, e a crise vem quando ele é humilhadamente trucidado de um lugar na abertura do Grammy que já estava prometida, de cantar um cover de tributo a Roy Orbison - de todas as estrelas obsoletas e ultrapassadas. Ally, enquanto isso, concorre a três prêmios naquela mesma noite.

Cooper é indiscutivelmente mais bonito que Lady Gaga, mas ela é a que comanda sua atenção: aquele rosto forte, excêntrico, leonino e hipnotizante - um rosto simpático, muito diferente da franqueza de olhos arregalados de Streisand ou Garland (estranhamente, ela se parece mais com Marta Heflin, que interpretou a fã/entrevistadora que foi para cama com Kristofferson em 76). Suas músicas são lindas e a transparência ingênua das suas cenas com Jackson são maravilhosamente simpáticas. Enquanto Cooper, cuja presença na tela é frequentemente sem graça e sem desafios, faz essa tendência conservativa funcionar para ele no papel. Ele está tão triste que você quer abraçá-lo. Sem dúvida, esse filme põe Jackson em um lado obscuro, dando a ele uma surdez parcial e alcoolismo, mas ainda é um espetáculo ricamente simpatizante.

Para todo esse lenga lenga, o filme faz alusão estrategicamente para algo bem real. Poderia se chamar: Uma Estrela Morre. A nova geração ultrapassa a existente. Para uma estrela ganhar um prêmio, vários indicados derrotados têm que engolir suas dores, enquanto o holofote se afasta deles. Para uma estrela entregar o choque do novo, outra tem que receber o choque do velho. A Star Is Born transforma essa operação em uma história de amor."

Nota: 100/100

A estreia do filme no Brasil acontece dia 11 de outubro.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Kathy Vanessa