Nesta quarta-feira, dia 8, um nova entrevista com Lady Gaga foi publicada pela revista InStyle, da qual a cantora é a capa da edição de maio.

Na entrevista, a cantora comenta sobre diversos assuntos, como sua vontade de ser mãe, como ela vê as redes sociais, como os fãs devem olhar para o seu novo álbum, seus desejos para o futuro, saúde, entre outros.

Além da entrevista da cantora, a revista também divulgou um photoshoot com a mesma, com fotografias assinadas por Nathaniel Goldberg.

Confira as capas divulgadas por Lady Gaga:

Leia a entrevista completa traduzida:

"O Próximo Ato de Lady Gaga

O sexto álbum de estúdio da superestrela pop é um eufórico retorno para a pista de dança, mas antes de Chromatica ser lançado, a Mother Monster está cuidando do mundo — e pensando no seu futuro.

Lady Gaga tem total consciência de que nosso mundo às avessas precisa de um pouco de alívio sonoro — e se ela está sendo totalmente honesta, ela também precisa. Caso em questão: Poucos dias depois do lançamento de Stupid Love, o primeiro single do seu novo álbum, Chromatica, todas as notícias eram sobre a crise do coronavírus. Mas um vídeo de uma coletiva de imprensa na Itália se tornou viral, quando o toque de celular de uma pessoa acidentalmente tocou a música e produziu algumas risadas muito necessárias. Gaga retweetou o link com o comentário: "É por isso que eu faço música".

Para verdadeiros fãs de Gaga, Chromatica vale a pena a espera. O álbum originalmente seria lançado no dia 10 de abril, mas quando a história do coronavírus se tornou uma pandemia, a estrela colocou esses planos em modo de espera para focar em uma missão ainda maior: fazer parceria com a organização internacional de defesa, a Global Citizen, para arrecadar $35 milhões de dólares (e contando) para o Fundo de Resposta à Solidariedade para a COVID-19, da Organização Mundial da Saúde. Ela também criou o lineup de musicistas para um especial de duas horas, "One World: Together at Home", que será transmitido em todas as grandes emissoras de televisão no dia 18 de abril.

Até agora, Gaga ainda pretende seguir seus planos de promover o álbum com uma turnê em seis cidades, a Chromatica Ball, começando no final de julho. Se os shows chegarem a acontecer, use seus sapatos de dança. Considerando que seu lançamento anterior, Joanne, foi um álbum tingido de folk para bares, Chromatica é um retorno para a Gaga em sua forma pop mais pura. Ao ouvir uma prévia, o volume das primeiras notas foi um alívio instantâneo, como se faixas perdidas há muito tempo da era Paparazzi acabassem de ser encontradas, melhoradas e recentemente lançadas. É o seu som original com um toque adulto. Ela até mesmo trouxe alguns de seus famosos amigos como convidados. Co-produzido pelo prodígio de 29 anos, BloodPop®, que trabalhou anteriormente com Grimes, Justin Bieber, Madonna, e Britney Spears, Chromatica fala com o alcance prismático de experiências que fundamentaram a vida de Gaga.

"Me sinto muito grata por ter sido parte disso e pelo que fui convidada para ser parte", Gaga diz. "Todas essas experiências artísticas me tornaram quem eu sou hoje. É igual quando as pessoas se casam e dizem: 'Nos melhores e nos piores momentos'. É assim que me sinto sobre mim mesma. E penso: 'Sabe de uma coisa, Gaga? Sabe de uma coisa, Stefani? Na saúde e na doença estou com você, vou segurar sua mão seja lá o que for acontecer'".

Quando criança, Gaga diz, ela provavelmente teria admitido querer se tornar uma cantora, mas a pequena Stefani Joanne Angelina Germanotta da cidade de Nova Iorque não poderia ter previsto a dimensão do seu impacto: que ela se tornaria uma lenda viva perto dos 30 anos, com cinco álbuns de estúdio, todos alcançando No.1 nos charts da Billboard, com músicas que teriam 32 bilhões de streams. Jamais ela imaginou que iria vencer 11 Grammys e fazer história como a primeira pessoa a levar para casa dois Grammys, um Globo de Ouro, um BAFTA, e um Oscar no mesmo ano (em 2019 por Shallow, a música principal de "Nasce Uma Estrela"; ela também foi indicada ao Oscar como "Melhor Atriz" por seu papel de protagonista no filme). Ou que no final de 2019, ela lançaria sua própria empresa de maquiagem, a "Haus Laboratories", e que bateria recordes de vendas de ingressos em Las Vegas com sua residência no Park MGM Resort.

A Gaga de 34 anos parece estar no seu melhor nível ao conduzir o lançamento de "Chromatica", mas chegar nesse lugar foi um processo espinhoso. Ela foi ao inferno e voltou e viveu para contar a história através de sua música. A fama estratosférica já é esmagadora o suficiente, mas por anos Gaga tem sofrido de TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático) por ter sido estuprada quando tinha 19 anos. Como disse para Oprah Winfrey em janeiro durante sua 2020 Vision Tour em frente a centenas de pessoas, um "colapso psicótico" forçou-a a encarar o que havia acontecido com ela. Gaga, que sempre foi sincera sobre seus problemas de saúde mental, disse que a dor psicológica levou a uma dor física crônica intensa que foi eventualmente diagnosticada como fibromialgia. Seu ciclo de tratamento atual de medicação, meditação, terapia de aceitação radical e auto-cuidado está ajudando-a a sentir o melhor que ela já se sentiu em anos.

"Eu acho que levei um tempo para sofrer o luto sobre coisas que aconteceram comigo, e eu não poderia ficar com raiva de mim mesma por causa do tempo que levou", ela diz, admitindo que sua fachada reluzente era frequentemente apenas isso, uma fachada. "Já estive deprimida, fui no supermercado e quando vi fotos minhas pensei: 'Bem, eu pareço como se tudo estivesse bem'. Mas secretamente eu estava surtando, e o mundo não tinha ideia. Ou algumas pessoas no mundo. Eu odeio usar a frase 'o mundo'. É tão egocêntrico achar que o mundo inteiro pensa em mim ou me conhece. Não é assim".

O que alguém que já viveu tanta coisa realmente quer da vida? "Casamento", diz a estrela (que, de acordo com o seu feed do Instagram, atualmente namora o empresário da tecnologia Michael Polansky). "Mais música, mais filmes, mais caridade com a "Born This Way Foundation" [uma fundação sem fins lucrativos dedicada a empoderar jovens e apoiar a saúde mental e o bem-estar]. Eu quero muito mais filantropia. Quero ajudar a fundar mais pesquisas sobre a fibromialgia e dor neuropática e crônica, juntando uma equipe de médicos. Eu tenho muitos sonhos e esperanças. O que eu irei realmente realizar eu não tenho a menor ideia, mas eu sei que estarei fazendo isso com as pessoas que eu amo".

Talvez o mais importante para a mulher que se chama de Mother Monster é começar sua própria ninhada. "Devo dizer que estou bem animada para ter filhos", Gaga admite. "Estou ansiosa para ser mãe. Não é incrível o que podemos fazer? Mantemos um humano dentro de nós onde ele cresce. Então ele sai, e é nosso trabalho mantê-lo vivo. É tão engraçado — todos trabalham fora da minha casa todos os dias. Quando eles aparecem, eu sempre digo: 'Bem-vindos ao Útero!'".

Política também está na sua mente, apesar de que Gaga, que conhecidamente fez campanha para Hillary Clinton em 2016, ainda não demonstrou apoio a nenhum candidato. (Nossa entrevista aconteceu poucos dias antes do antigo Vice Presidente, Joe Biden, ter vencido as primárias da Carolina do Sul). "Eu quero tomar uma decisão fundamentada como cidadã sobre quem vou votar na eleição, mas eu não fico obcecada com figuras que não merecem", ela diz. "Eu não vou colocar o destino da humanidade nas mãos de um único indivíduo. Também é responsabilidade nossa governar esse país. Dar tanta importância ao governo como se fosse uma força global que sabe de tudo e que governa as nossas vidas — eu não acredito nisso. Eu acredito que temos o poder de decidir qual é a cultura deste país. Nós temos o poder de decidir como lidamos um com o outro socialmente. E não precisamos colocar poder demais nas mãos de ninguém. Dito isso, estou observando o que acontece. Acho que todos nós sabemos em quem eu não irei votar".

Gaga sabe do poder de sua influência, o que pode ser uma bênção e uma maldição. Ela admite ter uma relação de amor e ódio com as redes sociais. "Eu posto algumas coisas da minha vida pessoal, posto algumas coisas da minha vida empresarial, posto algumas coisas da minha vida musical", ela diz. "Mas devo dizer que eu não sou super obcecada em ler comentários, contar likes ou garantir que todos estejam amando tudo. Honestamente, às vezes eu me pergunto se as pessoas que inventaram as redes sociais se encontraram em um cômodo e disseram: 'Vamos começar algo no qual ninguém tem que ser corajoso e todos podem se esconder e serem maldosos'. Não é de todo ruim, mas uma mudança significativa tem acontecido como resultado. Essa ideia de se conectar socialmente era para nos aproximar, mas acabou construindo um monte de paredes e tornou mais difícil para sermos nós mesmos perto uns dos outros".

De vez em quando ela entra e tuíta coisas aleatórias como a letra "f" ou "Eu não lembro de ARTPOP" (seu terceiro álbum). O que acontece? "Eu estou tentando decifrar o código que é o algoritmo da internet, e farei isso de diversas formas", ela diz. "Você pode nem sempre entender porque um tweet de 'f' consegue tantos likes. Quem sabe o porquê? Foi apenas um experimento social. Estou tentando entender as pessoas".

Dada toda a dissonância cultural e política, não é coincidência que no vídeo de "Stupid Love", as "Hauses" baseadas em cores estão — alerta de metáfora! — lutando por suas diferenças. Gaga veio com o conceito e o revelou para o diretor Daniel Askill em uma mensagem de áudio. Seu retorno à forma incluiu se reunir com seu amigo e estilista de longa data, Nicola Formichetti, responsável por alguns dos looks mais resplandecentes do início de sua carreira (aham, o vestido de carne!). Formichetti se mudou de Nova Iorque para L.A. para estar a meros cinco minutos do Útero.

"A ideia desses grupos continua pelo ciclo do álbum", ele diz, citando o "núcleo punk-rock" de Gaga. Ele também está cavando nos arquivos para desenterrar algumas peças familiares e torná-las novas: "Eu quero trazer de volta o sexo e a falta de limites dela com materiais como látex, couro, spikes, tachinhas e misturá-los com alta costura".

Então sim, ela vai estar com a melhor aparência e se sentindo no seu melhor, mas Gaga espera que "Chromatica" ajude os outros a se curarem também. "Eu fiz essa música, ouvi tudo de novo e realmente contou a história da minha vida como uma tapeçaria", ela diz. "Estou muito orgulhosa porque apesar de ser divertido e ser uma celebração, se você realmente ouvir as letras, você conhecerá meu coração. É como se a música estivesse te dando permissão para seguir em frente. Mesmo se você tiver tido o pior dia de todos, está tudo bem dançar".

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Fonte

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz

Revisão por Vinícius de Souza

Imagem: Nathaniel Goldberg / Divulgação: InStyle