Nesta quinta-feira, (18) foi ao ar uma nova entrevista de Lady Gaga com Zane Lowe para a Apple Music.

Com profundidade sobre sua trajetória artística e os próximos passos de sua carreira, Gaga falou sobre a criação de "MAYHEM", o fim de sua atual turnê, a "MAYHEM Ball", deu indícios sobre novas músicas em que tem trabalhado, além de comentar sobre os rumores de uma parceria com o cantor "Abel/The Weeknd", e brevemente sobre planos futuros.

Confira a tradução de trechos da entrevista:

Zane Lowe: Bem-vinda de volta para casa. Quer dizer, você acabou de passar o começo do verão lá embaixo, na Austrália, rodando com a Mayhem Ball, todo mundo absolutamente amando. Como foi essa experiência? Que ano para você. Ir para o outro lado do mundo e fazer esses shows enormes.

Lady Gaga: Meu Deus. Eu tive o momento mais incrível dessa turnê. Eu nem consigo explicar. Reencontrar meus fãs tem sido algo tão, tão especial e extremamente significativo todas as noites. Sinto que a comunidade realmente brilha, é algo muito especial. E também é legal fazer esse show porque, toda noite, tento encontrar algo diferente na forma como conto a história. É pela música, pela natureza teatral do espetáculo. E fazer versões únicas no piano todas as noites também tem sido muito divertido. Trazer músicas como Brooklyn Nights, fazer coisas assim e ver todo mundo enlouquecer.

LG: É engraçado como as músicas mudam de significado ao longo do tempo. Seja você compositor ou apenas ouvinte, uma música pode ganhar outro sentido. E eu fiquei muito animada de performar essa.

ZL: Quais músicas passaram a ter um significado diferente para você tocando ao vivo?

LG: Voltar para Born This Way foi algo muito interessante. Aquela música tem um significado enorme para mim na forma como me conecta a Nova York. Eu não moro lá há muito tempo, mas a cidade realmente me formou como artista. Voltar a tocar essas músicas no piano e explorar as histórias agora tem sido muito interessante. Eu me pego aprendendo, repetidas vezes, por que comecei a fazer música. E isso tem muito a ver com não me sentir vista no ensino médio.

ZL: É um momento interessante da vida, quando você está formando sua identidade e depende dos outros para mostrar o caminho. Quando isso não acontece, você acaba procurando essas respostas dentro de si. Acho que isso é muito comum na comunidade artística e criativa.

LG: E, sabe, seja o que você esteja vivendo com sua família, com amigos ou até com quem não é amigo… para mim, a música sempre foi a forma de lidar com isso. Eu não diria que era terapia — nunca gostei muito de chamar assim, parece diferente para mim. Mas revisitar essas músicas me fez perceber como isso ainda está vivo em mim. Não importa o quanto eu avance ou quantas músicas eu faça, essa busca por entender quem eu sou e encontrar meu lugar continua muito presente.

ZL: Eu senti isso quando estávamos em Nova York, no começo de tudo, naquele bar no Lower East Side. Nunca vou esquecer quando você entrou naquele lugar e foi como se tivesse sido transportada de volta no tempo.

LG: Foi uma das entrevistas mais especiais que já fiz. Fazer aquilo com você foi muito significativo para mim. Até hoje, quando você menciona, eu sinto no corpo — aquele nó na garganta — o que o Lower East Side significou e ainda significa para mim. Recentemente, me reconectei com a Lady Starlight na turnê e ficamos relembrando tudo aquilo. É tão importante, quando você está cultivando sua arte e sua vida, encontrar as suas pessoas. Quando eu faço turnê hoje, sinto isso com meus fãs. É outra comunidade artística. Parece que estamos tendo uma conversa muito longa, de duas décadas.

ZL: Vamos falar um pouco mais sobre os últimos 12 meses e essa era incrível. Eu disse antes da entrevista que parecia sua versão 3.0. Mas falando em nó na garganta… o Abel está deixando você a mil com tudo isso, né? Aquela foto que ele postou…

LG: Totalmente. Primeiro, eu amo o Abel, então aquilo foi muito legal. Quando vi aquela foto, eu me vi completamente imersa. Lembrei de como eu dirigia artisticamente cada imagem, cada momento que eu queria que os fãs vissem. Aquela era uma fase da minha persona que surgiu na época da The Fame. Olho para aquela foto e penso: “Uau, você não fazia ideia do que estava por vir”.

ZL: Você parecia saber exatamente o que estava fazendo.

LG: Eu sabia o que estava fazendo, mas não sabia o que ia acontecer. A música sempre foi assim para mim. Eu não sou nada sem minha intuição. Vejo alguém que sabia quem era, mas que ainda estava prestes a descobrir muito mais.

ZL: Você acabou de viver os 12 meses mais bem-sucedidos da sua carreira. O álbum número sete, Mayhem, continua crescendo. Indo para 2026, você ainda não terminou. Como está seu espírito agora?

LG: Estou bem. Estive no estúdio ontem, fazendo muita música. Criar enquanto vejo meus fãs todas as noites é o melhor, porque energeticamente você está exatamente onde precisa estar. Esse álbum se conectou com os fãs de um jeito muito especial. Já fiz discos que conectaram com partes específicas do público, outros mais com o público geral, e alguns que conseguem conectar com ambos. Isso é algo muito especial. O que eu amo nesse show é que, apesar de ser muito coreografado, ainda existe muito espaço para contar a história de forma diferente todas as noites.

ZL: Esse álbum parece reunir tudo o que você fez antes.

LG: Eu acho que sim. E sendo mulher na música, as pessoas sempre tentam entender “quem fez você” ou definir o que te torna boa. É uma corrida estranha. Ao fazer esse álbum, decidi assumir completamente quem eu sou. Sim, faço para os fãs e para o público, mas também foi uma conversa comigo mesma: “Essa é você, e tudo bem”. Eu senti que não tinha nada a perder ao me assumir dessa forma.

LG: Hoje eu sei, sem dúvida, que se você entrega uma obra da forma mais autêntica possível, explorando cada detalhe, você nunca precisa se perguntar se deu o seu melhor. Tentar manipular a verdade para que as pessoas te entendam melhor é o caminho errado. A melhor arte sempre tem algo genuíno de quem a criou. O único “truque” que existe no estúdio é ser você mesma.

LG: Eu até experimentei essas ferramentas de inteligência artificial na música, porque queria entender. E não senti nada. Aprendi nada, senti nada. Eles confundem eficiência com essência. O aprendizado, o tempo e até a dor fazem parte do processo. Acho que vamos ficar bem.

LG: Se eu tivesse que resumir esses últimos anos em uma palavra, seria “ofício”. A curiosidade constante, o aprendizado. O mundo pode ser muito competitivo, mas quando começo a pensar em “ganhar”, eu me pergunto: ganhar o quê? Para mim, ganhar é aprender algo novo.

ZL: Você tem uma amplitude enorme como artista — do mais íntimo ao mais grandioso.

LG: Obrigada. Hoje eu lido com essa dualidade de forma diferente. Sou muito mais presente e consciente no palco. Isso gera performances mais honestas, especialmente com o personagem que abro o show, que é narcisista e egocêntrico. Sempre digo: toque um estádio como se fosse um bar e um bar como se fosse um estádio.

ZL: Origado por falar conosco no fim desse ano incrível. Você sempre foi muito generosa comigo. Você tem os Grammys chegando, o maior número de indicações da sua carreira.

LG: Estou muito animada de estar lá com meu parceiro Michael, os músicos, toda a equipe. Me sinto grata por ser celebrada pela minha musicalidade depois de tantos anos. É especial estar indicada por dois álbuns tão diferentes. Ambos prosperam no caos.

LG: Jazz é um universo totalmente diferente. Sou eternamente uma estudante desse gênero. Harlequin foi meu primeiro trabalho sem o Tony, e isso mudou minha relação com a música.

ZL: Abril é o fim da turnê?

LG: É o fim… até não ser.

ZL: Existe a chance de lançar algo novo no ano que vem?

LG: Não está fora de questão.

ZL: Vai ter algo com você e o Abel?

LG: Eu amo o Abel. Só isso que vou dizer.

LG: Feliz fim de ano para você e sua família. Estamos mandando o maior abraço.


Assista a entrevista completa: