Em fevereiro, o profissional responsável por passear com os cachorros de Lady Gaga, Ryan Fischer, foi baleado enquanto fazia seu trabalho; a ação resultou em dois dos cachorros da cantora sendo roubados enquanto um deles, Asia, conseguiu escapar.

Após o ocorrido, Lady Gaga ofereceu uma quantia em dinheiro para quem os devolvesse ou achasse. Uma moça, que disse ter os achado, os levou a polícia, acalmando um pouco mais o coração da Mother Monster.

Quanto ao profissional, Gaga o descreveu como um "herói", sendo eternamente grata e afirmando que arcaria com as despesas médicas do mesmo.

Após isso, Ryan falou pela primeira vez sobre o assunto nas redes sociais.

Hoje, dia 29, pouco mais de um mês após o ocorrido, Ryan publicou um vídeo se vestindo e contando como está sendo sua recuperação.

Assista ao vídeo + publicação completa traduzida:

"Recuperação não é uma linha reta".

J, um Parceiro Clínico no hospital, me disse isso enquanto eu parava para recuperar meu fôlego e processava outra peça de arte na parede. Foi uma das minhas primeiras caminhadas desde que fui transferido da UTI para outro andar, e apenas o ato de considerar e consumir arte – especialmente depois de um ano não indo a museus por causa da Covid – pareceu um presente. Tudo parece um presente nesse momento. Eu sorri ao encarar um jacaré abstrato, me apoiei no suporte de soro e no braço dele e comecei a caminhar novamente. A conversa retornou para sonhos futuros e, apesar do apoio proporcionado por ele e outros terem me oferecido conforto, eu não compreendia totalmente as palavras de J.

Para mim, eu estava me recuperando extraordinariamente rápido. Em poucos dias eu fui de uma pessoa sangrando na calçada para um paciente altamente ativo da UTI (algo que eles não estavam muito acostumados), a apenas esperar meu pulmão se curar para que eu pudesse ir para casa: tudo parecia bem simples e direto.

Com o dreno torácico removido (algo que eu posso comparar somente com uma extração de um bebê alienígena) e o oxigênio no sangue estável, a jornada fora do hospital para recuperação com os meus entes queridos começou. Eu estava preparado para começar silenciosamente um caminho de cura do trauma emocional e seguir meu caminho. A vida voltaria ao normal em breve. Infelizmente, o assobio estranho e borbulhante que vinha do meu peito todas as vezes que eu respirava discordava daquela minha análise. Depois de uma visita do médico e um raio-x, fui arrastado para o mesmo pronto-socorro onde eu tinha estado na semana passada: meu pulmão havia entrado em colapso e o ar estava enchendo a cavidade do meu peito. Junto de aceitar as notícias de que eu estava para ser readmitido no hospital, várias enfermeiras e médicos me disseram que estavam ali quando cheguei com meu ferimento de bala. Falaram sobre acharem que eu não ia conseguir sobreviver. Minha mente me transportou para aquela noite quando eu estava avaliando o choque e a preocupação no rosto deles enquanto o meu sangue jorrava neles, na mesa, no chão (e eu tentei dar leveza para a situação fazendo piada e declarações óbvias como, "Bem, isso não parece bom", enquanto eles corriam ao redor tentando me estabilizar), mas ouvi eles realmente dizerem...

Eu fui verdadeiramente confrontado com minha mortalidade.

De volta ao hospital, meu pulmão entrou em colapso de novo mesmo com o novo tubo torácico cutucando minhas entranhas. E então entrou em colapso novamente. E de novo. Toda vez era uma surpresa divertida para mim e para os médicos à medida que o oxigênio do meu sangue permanecia perto ou em 100%, então eu evitei uma nova detecção até eu fazer um raio-x, Ressonância Magnética ou Tomografia para checar outros problemas (como a lesão nos nervos que eu estava começando a perceber que eu tinha no meu ombro direito e no tríceps). Em breve, uma equipe de pessoas entrou às pressas mais uma vez para consertar a torção no meu tubo torácico, ou seja lá o que estava causando o colapso. Se tornou bem claro que meu pulmão não estava se curando e o ferimento da bala tinha machucado meu tecido como uma queimadura. Poderia levar meses, ou até nunca, para o buraco se fechar. Refeições como queijo grelhado, sopa de tomate e caminhadas artísticas se transformaram em um só até que o dia de remover porções do meu pulmão chegou. Enquanto eu estava sendo levado para a cirurgia, eu finalmente aceitei que minha recuperação tinha se tornado tudo, menos uma linha reta.

Agora que estou encontrando meu caminho no mundo de fora onde gatilhos são reais e trabalhar através do trauma é BEM mais que lidar com um momento desagradável da vida, eu olho para trás para a minha saída do hospital e sorrio por eu continuar a abordar cada dia da mesma forma. A jornada é difícil, certamente dolorosa e escolhas questionáveis que não me servem mais, assim como calças jeans skinny, são feitas. Mas eu tento. E em algum lugar dentro de mim eu encontro o absurdo, a maravilha e a beleza que essa vida oferece para nós todos.

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Tradução por Vanessa Braz de Queiroz