Foi divulgado nesta quarta-feira (17) que Lady Gaga é a capa desta semana da revista The Hollywood Reporter, além de conceder entrevista falando sobre seus recentes projetos, especialmente o filme House Of Gucci.

Abaixo, você confere a entrevista completa, traduzida:

Era um dia de primavera em Roma quando o senso de realidade de Lady Gaga começou a derreter. Por nove meses, enquanto se preparava e filmava Casa Gucci, Gaga ficou no personagem como Patrizia Reggiani, que se casou e, por fim, ordenou em 1995 o assassinato do herdeiro da Gucci, Maurizio Gucci. Ela falou num sotaque do Norte da Itália mesmo quando as câmeras não estavam gravando o filme de Ridley Scott e explorou a sua própria história de trauma, incluindo ser estrupada por um produtor musical quando ela tinha 19 anos, para retratar o desenrolar de Patrizia."

Um dia, enquanto filmava uma cena com Salma Hayek, que interpreta a confidente de Patrizia, Gaga estava deitada em um sofá se utilizando de uma técnica de atuação de Stanislavski (na qual ela examinaria memórias sensoriais de um evento emocional) quando as linhas entre suas próprias experiências e as de Patrizia começaram a se confundir. “É uma cena em que derrubo uma vela acesa na sala e me lembro que causei um ataque cardíaco em Salma naquele dia”, diz Gaga. "Eu estava desmoronando como [Patrizia] desmoronou. Quando digo que não saí do personagem, parte disso não foi por escolha própria." Gaga havia experimentado esse tipo de estado dissociativo antes – incluindo uma vez em que ela foi hospitalizada. No set de Gucci, Scott interveio, preocupado com o impacto que a performance parecia ter sobre sua atriz principal. “Ridley disse: 'Não quero que você se traumatize’”, diz Gaga. "E eu disse: 'Eu já me traumatizei. Já passei por isso de qualquer maneira. É melhor pelo menos canalizar pra você.' E ele disse: 'Bem, pare aqui e não faça mais isso com você mesma.'"

São 9 da noite no começo de novembro em um estúdio fotográfico bem iluminado em Culver City, e Gaga tem posado em dramáticos chapéus e vestidos por algumas horas, ocasionalmente arrastada pela sala por seu atencioso cabeleireiro, Frederic Aspiras, abanando a sua nuca. Ela se trocou para um moletom folgado de cor azul real da Celine para uma entrevista em seu camarim, seu cabelo varrido em arrumados coques de cabelo no estilo da Princesa Leia, seus olhos castanhos frequentemente se preenchendo de lágrimas enquanto ela fala. Como cantora, Gaga, 35 anos, tem criado personagens no palco e em vídeos durante toda sua carreira de 20 anos, mas em Casa Gucci, que a MGM lançará nos cinemas na final de semana da Ação de Graças, ela achou um novo tipo de papel em que ela poderia canalizar a considerável dor de sua vida real, uma personagem levada à loucura pela rejeição e mágoa. ”Tirei a dor que sinto por ter sido atacada quando era jovem, por me sentir deixada para trás por pessoas que amo, por me sentir presa por não poder sair a um mundo que amo", Gaga diz. "Eu peguei essa dor e dei a ela."

Sua performance em Casa Gucci é uma que vai cimentar o lugar de Gaga não como uma cantora que atua, mas como uma atriz e ponto final, e confirma que a sua indicação ao Oscar por Nasce uma Estrela (2019) não foi por acaso. O filme chega no fim do que tem sido um ocupado, e, caracteristicamente para Gaga, variado ano. Em 2021 ela lançou Love For Sale, um álbum de standards de jazz, com seu amado colaborador de 95 anos de idade, Tony Bennett, performou uma série de shows de jazz em Las Vegas, e lançou Dawn Of Chromatica, um álbum de remixes avant-garde do seu álbum dance pop de 2020, Chromatica, na qual ela se juntou com artistas jovens, e em maior parte LGBTQ. Em janeiro ela cantou o hino nacional na posse do Presidente Biden enquanto usava uma veste à prova de balas costurada em seu vestido Schiaparelli (com um enorme broche de pomba dourada), e – em outro momento de grande importância nacional – em maio ela performou a canção “Smelly Cat” vestida como a Phoebe na reunião do programa da HBO Max, Friends.

Sofisticada, cantora popular, patriota, Amiga com A maiúsculo: Gaga pode se tornar quem ela quiser, exceto uma pessoa normal que pode andar pelas ruas sem ser conhecida. Algumas vezes, o peso dessa fama é opressivo. “Eu fiz uma troca quando decidi correr atrás de minha carreira do jeito que eu fiz,” diz Gaga. “Eu não sabia o que essa troca seria, mas ela aconteceu. E, de várias maneiras, eu sinto como se tivesse perdido tudo.”

Caso Scott estivesse fazendo Casa Gucci a 40 anos atrás, ele diz, ele teria escalado Elizabeth Taylor. “Há essa beleza,” diz Scott. “E ainda assim, há essa inteligência e uma coisa felina e perigosa sobre a Liz Taylor. E eu compararia muito disso com Stefania.” (Scott chama Gaga de “Stefania,” Italianizando seu primeiro nome, Stefani, uma brincadeira com a imersão da atriz na mulher italiana que ela interpreta). A organização do diretor inglês, Scott Free, tem tentado fazer Casa Gucci por quase 20 anos, desde que a esposa e parceira de produção de Scott, Fiannina Facio, comprou os direitos do livro de 2001 de Sara Gay Forden: Casa Gucci: Uma história de glamour, ganância, loucura e morte. Sempre houve algum tipo de barreira – o script nunca estava direito ou os estúdios não estavam interessados em um filme que não se encaixava perfeitamente em um gênero específico ou existia uma preocupação de o que a Gucci, como empresa, poderia achar disso.

Na época em que Scott finalmente conseguiu um script que gostou, de Becky Johnston e Roberto Bentivegna, a Warner Bros. lançou Nasce Uma Estrela. Até esse momento, Gaga havia aparecido em American Horror Story de Ryan Murphy, ganhando um prêmio no Globo de Ouro, e em Sin City: A Dama Fatal e Machete Mata, de Robert Rodriguez, todos papéis que capitalizaram no gosto pelo drama que ela demonstrava em sua persona de palco, mas nenhum que sugeriu que ela pudesse carregar um filme. Com Nasce Uma Estrela, que acabaria arrecadando $ 436.2 milhões no mundo inteiro e ganhando oito indicações ao Oscar, incluindo uma para Melhor Filme, Hollywood percebeu que Gaga não era apenas uma peça publicitária no elenco. “Nasce Uma Estrela é uma coisa tão específica, e sempre há um metaelemento no projeto” diz Bradley Cooper, o diretor e co-estrela de Gaga no musical. “Ela é tão terrivelmente carismática e bela. Quando a conheci, eu pensei, ‘Se eu pudesse me aproveitar disso... então seria apenas culpa minha se desse errado.’ Mas então, quando começamos a trabalhar juntos, eu percebi, “Oh, oh, o céu é o limite em termos do que ela é capaz de fazer e no seu nível de comprometimento.’”

Depois de ver Nasce uma Estrela, Scott queria Gaga para Casa Gucci e rapidamente marcou uma reunião. "Havia apenas uma pessoa em minha mira neste momento que poderia carregar esta mulher bonita e direta,” Scott diz sobre o papel de Patrizia, que, apesar de sua criação humilde, encanta Maurizio em uma festa, se casa com ele em 1972 e abre seu caminho dentro dos negócios da família Gucci, antes de eventualmente encomendar o assassinato de Maurizio quando ele a acotovelou no divórcio de 1994. ”Eu achei Stef desordenadamente acessível e, francamente, muito divertida. Ela é muito inteligente e muito, muito perceptiva. Eu soube, depois daquele primeiro encontro, que era essencial que ela fizesse esse papel. Ela tinha que fazer. E, claro, por causa de seu sucesso recente [em Nasce uma Estrela], tornou-se muito mais fácil para nós começarmos e obtermos um orçamento adequado." (O filme custou mais de US$ 75 milhões.)

Gaga vê Patrizia como a performance de uma vida "significando que coloquei toda a minha vida nela" – e um conto de advertência sobre o que acontece com uma mulher que aprendeu que todo o seu valor está no homem com quem ela se casa. Em uma cena em que um advogado da família entrega os papéis do divórcio de Patrizia na escola de sua filha, "Eu gritei com ele por cada mulher na terra, como fazemos todas", diz ela. “Como mulher, sinto que realmente posso me agarrar a algo que não seja sobre a pessoa com quem estou gritando. É como se eu estivesse gritando com todos os homens que vieram antes dele, mas é real." Sua interpretação de Patrizia é feminista – de o que levou uma mulher ao assassinato foi não ser vista nem ouvida pelos homens ao seu redor. "Posso garantir que você nunca deve atacar seu marido", diz Gaga. "Mas meu amor, meus melhores votos e meu coração estão com todas nós, mulheres, que tentamos sobreviver e ter importância num mundo de homens. Enquanto muitos homens tentavam descobrir que fatia deste bolo eles conseguiriam manter, enquanto eles estavam cuidando do dinheiro, eles deveriam estar cuidando dela. E porque eles não prestaram atenção nela, eles perderam tudo."

Com Gaga a bordo, Scott focou em convencer a própria casa de moda, para ter permissão de usar o nome Gucci e o arquivo de roupas. “Há algo mágico sobre a palavra ‘Gucci,’” diz Scott. “É uma palavra sexy que sugere tudo que você quer ir e ver como uma forma de escapismo”. Nesse aspecto, ele teve ajuda de outras mulheres dinâmicas, incluindo sua esposa: Facio é amiga de Hayek, da qual o marido, o empresário François-Henri Pinault, é o CEO da Kering, a empresa-mãe dona da Gucci. Scott procurou Pinault antes de começar a pré-produção, e o executivo leu o script e não escreveu nenhuma nota, além da palavra “Espetacular,” diz Scott. O nome e o arquivo seriam disponibilizados. Scott completou o elenco com Adam Driver como Maurizio, o elegante, porém tímido empresário que se apaixona por Patrizia assim que está se preparando para assumir o império Gucci de seu pai (Jeremy Irons) e tio (Al Pacino), junto com seu as vezes trapalhão primo (Jared Leto) e Hayek, como uma vidente que Patrizia consulta e acaba virando amiga.

Conforme detalha a figurinista britânica Janty Yates, "Ridley [Scott] queria que Lady Gaga se parecesse mais com Gina Lollobrigida do que com Joan Collins de Dinastia, então basicamente olhamos todas as fotos de Gina em seu auge nos anos 60, e eu fiz uma versão posterior dos anos 70 do vestido de renda." (Para criar a roupa, o cortador a mão da equipe de figurino, Dominic Young, aplicou individualmente cada pedaço de renda.)

Por seis meses antes da produção começar, Gaga trabalhou em seu sotaque, o qual ela tratou como aprender um novo gênero musical. “Se eu posso cantar rock ‘n roll ou jazz, ou country, ou música pop, Eu sei que poderia falar num sotaque específico do norte da Itália,” diz Gaga. “É sobre saber como usar a sua voz, porque, e onde, e com quem, e qual é a sensação enquanto você faz isso”. Ela comeu mais massa e pão do que o usual, deliberadamente ganhando peso para ter uma figura mais arredondada. "Minha mãe e meu pai me conheceram como Patrizia algumas vezes", diz Gaga. "E eles estavam rindo principalmente porque minha família se divertia com meu amor pela arte... Há uma desvantagem em se comprometer com um papel dessa forma, porque é um ajuste para todos ao seu redor. De repente, você não está mais falando com uma Stefani de sotaque. Você está falando com Patrizia Gucci." Hayek elogia o resultado final, "o frescor do desempenho [de Gaga] e a criatividade em suas escolhas". "Ela foi uma definitiva profissional", diz Hayek. Na maioria dos dias durante os três meses e meio de produção, Gaga acordou por volta das 3 da manhã para começar sua transformação, um processo que incluiu colocar uma careca protética sob suas várias perucas. Muitas vezes, depois de acordar, ela vomitou, de alguma mistura de "ansiedade, fadiga, trauma, exaustão, compromisso e amor", diz ela. "Você acorda, vomita, vai para o set, vomita de novo."

Gaga sabe que o melodrama é parte de sua marca, porém, ela espera que as pessoas entendam que está sendo sincera quando fala sobre sua total absorção no papel. “Eu me sinto tão insegura falando sobre isso,” ela diz. “Eu fico nervosa pensando que as pessoas vão achar que estou sensacionalizando um certo tipo de atuação.”

Ela também se valeu da herança Italiana de sua família, que, enquanto crescia, frequentemente se revelava na mesa de jantar. “Nós tínhamos tanta comida quanto poderíamos ter na mesa e celebrávamos a boa sorte que veio do suor e do trabalho duro” diz Gaga. Quando seus avós emigraram da Sicília, ela diz, eles assimilaram. Para Casa Gucci, Gaga fala, “Eu trabalhei muito cavando em minha ancestralidade e meio que revertendo o carro, numa assimilação reversa. Como eu saio do negócio Ítalo-Americano e entro no que significa ser uma mulher Italiana?”. Ela se identificou com Patrizia de maneira central no assunto da ânsia por amor familiar e aprovação. “Parte do que faz um bom personagem é saber qual é a necessidade mais profunda do personagem,” ela diz. “Mas você não pode entender qual a necessidade mais profunda de seu personagem a menos que você entenda a sua própria. Minha necessidade mais profunda sempre foi fazer que meu pai se orgulhasse. Para Patrizia, eu acho que era fazer que sua mãe se orgulhasse com ela sendo importante para um homem. Um homem como Maurizio.”

Nascida Stefani Joanne Angelina Germanotta na cidade de Nova Iorque, Gaga começou a tocar piano com 4 anos e logo aprendeu que a música lhe trouxe o que ela mais desejava, que era a atenção de seu pai, Joe, um empresário que começou uma empresa que vendia WiFi para hotéis, e agora comanda um restaurante Italiano no Upper West Side, Joanne Trattoria. “É um poço sem fundo,” diz Gaga. “Eu sei que meu pai tem orgulho de mim, mas o meu corpo não sabe. Quando eu cantava, meu pai se deitava no sofá e batia os pés e eu tocava o piano. Quando eu cantava, eu sabia que estava fazendo algo que meu pai amava”. Sua mãe, Cynthia, era uma executiva de telecomunicações e agora chefia a organização não governamental de Gaga, a Born This Way Fundation, e sua irmã mais nova, Natali, uma designer de moda, trabalhou em alguns dos projetos de Gaga.

Enquanto estudava música como criança, Gaga também aprendeu atuação, incluindo no Lee Strasberg Theatre and Film Institure, a Circle in the Square Theatre School e, brevemente, antes de desistir para buscar a música em tempo integral, a NYU’s Tisch School of the Arts. Ela performou em peças da escola e conseguiu um pequeno papel como uma estudante de ensino médio em um episódio de Família Soprano em 2001 (“The Telltale Moozadell”), mas não conseguiu trazer a confiança à atuação que ela trazia à música. “Eu era terrível em audições,” diz Gaga. “Eu era tão ruim. Eu nunca conseguia arrumar um papel. Eu costumava congelar”. Um episódio de paralisia induzida pelas câmeras particularmente sinistro aconteceu quando a chamaram para um comercial para a LensCrafters “Eu ficava de pé lá e pensava, ‘Ai meu Deus. Ah! Você precisa fazer isso perfeitamente. Eu não estou deixando meu pai orgulhoso.’” (Ela não conseguiu o papel).

Em maio de 2020, durante os primeiros meses sombrios da pandemia, Gaga lançou Chromatica, inspirado na música house, seu sexto álbum consecutivo em primeiro lugar. Embora ainda seja um sucesso, vendeu apenas uma fração de seus primeiros álbuns de dance music, como The Fame de 2009 e Born This Way de 2011. Ela atribui parte disso ao momento, uma época em que as pessoas ficavam com medo e isoladas em casa, e não dançando em clubes. “[A pandemia inicial] foi uma época em que o entretenimento era, de certa forma, tão necessário”, diz Gaga. "Mas também não estávamos totalmente no lugar para receber isso. E acho que está tudo bem. Às vezes, o mundo simplesmente não está em um lugar para ser capaz de absorver a arte e fazer com que seja agradável." Gaga diz que lutou contra a depressão enquanto produzia Chromatica. “Esse álbum foi tão difícil”, diz ela. "Quase todos os dias em que entrava no estúdio, não queria estar lá. Quando entrava no estúdio, costumava dizer: 'Estou tão deprimida, em um nível clínico profundo, que não quero criar coisa alguma. Não estou entretida agora.' ...Naquela época, aquela música não me deixava feliz, o entretenimento não me fazia feliz, performar não me fazia feliz."

Como figura pública, Gaga vem sendo excepcionalmente aberta sobre suas batalhas com a saúde, compartilhando sua experiencia de ter fibromialgia, uma doença crônica, no seu documentário de 2017 da Netflix, Gaga: Five Foot Two e falando sobre o impacto do abuso sexual que sofreu e gravidez decorrente do abuso, que segundo ela, causou transtorno pós-traumático e um episódio psicótico, na série da Oprah Winfrey na Apple TV+, The Me You Can’t See, que estreou em Maio. “Para mim precisou acontecer algo muito psicologicamente prejudicial para que eu percebesse o quanto eu tinha pressionado a mim mesma,” ela diz sobre a hospitalização que aconteceu no auge de sua fama. Ela começou sua organização sem fins lucrativos, a Born This Way Fundation, em 2011, como parte de desestigmatizar problemas de saúde mental para a juventude, e tem feito parcerias com o National Council for Behavioral Health para ensinar estudantes de colegial sobre saúde mental, o Yale Center for Emotional Intelligence para fazer uma pesquisa entre estudantes de colegial sobre problemas emocionais. “Ela ajudou tantas pessoas contando sua história.” Diz Cooper. “Qualquer pessoa que pode mostrar sua humanidade e se sentir segura fazendo isso, isso é uma coisa grandiosa. Eu a admiro muito por isso.”

Cooper e Gaga se aproximaram durante a produção e lançamento de Nasce Uma Estrela, demonstrando tanta química performando o dueto “Shallow” juntos no palco do Oscar que fãs especularam se eles estavam realmente atuando. Cooper diz que eles definitivamente estavam atuando durante “Shallow”, que acabou vencendo o Oscar de Composição para Gaga, e ele tinha feito a performance para se desdobrar como uma cena do filme, em partes para ajudá-lo com seu próprio medo de cantar ao vivo. “Apenas de um ponto de vista pessoal, reduz os níveis de ansiedade,” diz Cooper. “Eles meio que se apaixonam naquela cena do filme. É aquele momento explosivo que acontece com eles no palco na frente de milhares de pessoas…teria sido estranho se estivéssemos os dois em banquinhos na frente da plateia”.

Gaga já cantou no palco do Oscar três vezes e duas vezes no Super Bowl (inclusive no show de intervalo), mas 2021 trouxe uma performance com um novo tipo de aposta para ela – a posse, que aconteceu duas semanas após o ataque ao Capitólio e em um mês quando 3.135 americanos morriam por dia de COVID-19. “Tive que falar com o país e com o mundo de uma maneira diferente”, diz ela. “Aquela apresentação foi através de Stefani, ou seja, eu mesma. E no mundo em que todos passaram os últimos quatro anos juntos, com Donald Trump. De várias maneiras, pensei comigo mesma: 'Como eu poderia ser patriótica?' Lembro-me de pensar que estávamos em guerra. E aquela era uma canção de guerra. Cantando ‘The Star-Spangled Banner’ a 5 pés de Mike Pence, a 4 pés de George W. Bush, a 10 pés do presidente eleito, eu realmente percebi enquanto estava lá em cima, ‘Oh, isso mesmo. Nem tudo é como Donald Trump. Podemos estar todos sentados no mesmo lugar juntos, ser civilizados e seguirmos em frente.’ E eu encontrei paz naquilo. Eu achei ordenado. A bondade pode ser ordeira. O governo pode não ser perfeito, mas nós podemos aprender a nos comportarmos melhor."

O namorado de dois anos de Gaga é Michael Polansky, que gerencia os negócios e organizações de caridade do co-fundador do Facebook, Sean Parker, e ele, junto com seus três buldogues franceses, Asia, Koji and Gustav, fazem sua vida em casa em Los Angeles. Em fevereiro, enquanto estava em Roma gravando Casa Gucci, dois homens atacaram seu passeador de cães, Ryan Fischer, numa rua em West Hollywood, dando dois tiros nele e fugindo com Koji e Gustav. Fischer se recuperou de seus machucados, e os dois cachorros foram devolvidos, e a polícia prendeu cinco pessoas com conexão com esse crime. “Todo mundo está bem,” diz Gaga. “Todo mundo está se curando. Eu rezo pelo Ryan o tempo todo. Eu sou tão grata que não perdemos ele. E todos os dias eu agradeço a Deus pelo retorno seguro de meus cachorros. Meus cachorros e o homem que eu amo são a minha vida”. Autoridades disseram para ela que não acreditam que Fischer foi alvejado por ter os cachorros de Lady Gaga. “Foi aleatório,” ela diz. “Foi o que me lembra que eu sou como qualquer outra pessoa em algumas formas. Somos todos suscetíveis a esse tipo de coisa.”

De muitas maneiras, Gaga é totalmente única. Ela tem uma habilidade rara de olhar para si mesma como um objeto artístico e ver o que um diretor ou fotografo vê, no enquadramento e na composição. “Eu gosto dela,” ela diz, apontando para uma foto específica de si mesma entre um grupo de fotos na sessão de fotos. “É meu trabalho ser um veículo para artistas contarem sua história,” ela diz, explicando sua relação com a pessoa por trás da câmera. Quando falamos de atuação, ela se vê como uma estudante. Ela gostaria de melhorar, e descobrir como ela poderia trazer emoção para um papel sem permitir que isso tome conta dela do jeito que aconteceu no set de Gucci. “Eu estou animada na verdade para aprender como, e eu acho que eu consigo,” Gaga diz. “Eu acho que isso é minha nova missão.”

Acompanhe todas as novidades sobre a Lady Gaga em nossas redes sociais: Facebook e Twitter.