Nesta terça-feira, a Slant Magazine publicou, em seu site oficial, a primeira review do álbum Joanne, cuja nota conta para o conhecido site Metacritic.

Assim como fez com álbuns como The Fame e Cheek To Cheek, a revista não deu uma nota muito favorável ao Joanne.

Leia a review completa traduzida:

NOTA: 60

Lady Gaga é uma estrela pop da geração Glee. Ela não se faz sutil. Independente se está cantando clássicos com o Tony Bennett, prestando homenagem a David Bowie no Grammy, ou interpretando uma garota revoltada no videoclipe de seu single Perfect Illusion, o efeito é o de uma criança do teatro musical experimentando roupas que ela encontrou no armário do ensino médio, não uma performer camaleônica flexionando sua versatilidade inata. Na verdade, Gaga apresentou o seu mais autêntico eu ao cantar um medley de canções de A Noviça Rebelde no Oscar do ano passado.

Assim, sua mais recente encarnação, como cantora romântica country, uma trovadora americana, viajando de um bar de chão pegajoso para o próximo com sua guitarra confiável na mão, sente-se imerecido. "Jovem americana selvagem / Tentando ser alguém / Saiu da escola e está 'go-go dancing' / Por cem ou duzentos dólares", ela canta em Diamond Heart, a faixa de abertura de seu quinto álbum, Joanne. O problema com esta narrativa “da miséria à fortuna” é que a escola em questão era a Universidade de Nova Iorque (e uma escola particular no Upper East Side antes disso), e sua tarefa como uma go-go dancer era, por sua própria conta, mais um experimento antropológico do que um meio de sobrevivência.

Claro, Gaga não seria a primeira artista a romantizar sua ascensão à fama. Se os detalhes de seu conto são fato ou ficção, ou algo entre isso, sua propensão para vogais abertas e sílabas dolorosamente alongadas atrapalha as extremidades do que é liricamente uma de suas canções mais cruas até o momento. "Um idiota me interrompeu / Destruiu toda a minha inocência / Eu vou continuar go-go dancing / E esta dança é por sua conta", ela canta desafiadoramente de uma maneira em sua maioria não afetada antes de lançar o mesmo sotaque duvidoso quase continental que estraga o primeiro single do álbum.

“Enquanto ela pode ter evitado os trajes estranhos, Gaga tem os substituído com um tipo diferente de fingimento.”

Com cinco álbuns, Gaga ainda tem de mostrar vulnerabilidade emocional genuína, para não falar de nuance vocal. A faixa-título acústica, uma homenagem à sua tia que morreu aos 19 anos, possui um refrão sublime e uma performance vocal relativamente contida, mas Gaga garganteia através de outras baladas, como a repetitiva Million Reasons, como um touro numa loja de porcelana. O reggae flexionado Dancin' in Circles, uma ode à masturbação como consolo emocional que fornece alguma leveza em um álbum sem senso de humor, é a única oferta aqui que apresenta o tipo de cadências de vocal pop estudados que levaram muitos a declarar Gaga a nova rainha do pop.

O fetiche de Gaga de homens de colarinho azul como "tesouro de estado vermelho" em John Wayne é entregue com a mesma arrogância que ela brandiu Teeth em The Fame Monster. Mas seja os licks da guitarra snaky de Josh Homme em ambas as canções e em Diamond Heart, o bass line infeccioso de Sinner's Prayer, os loops inversos e floreios de sonhos psicodélicos de Angel Down, as verdadeiras estrelas de Joanne são os seus músicos e produtores convidados.

Mesmo os arranjos e melodias, no entanto, ocasionalmente se deslizam, da “se sentir bem” Come to Mama, que visa à alma do sul, mas soa mais como um jingle de Natal, para o dueto com Florence Welch, Hey Girl, que imita muito Elton John e Prince.

Embora Joanne não tenha os refrãos pop indeléveis que aquelas duas influências - Elton John e Prince (sem mencionar Gaga) - são famosas por terem, o álbum é mais sonoramente consistente e tematicamente focado do que o último trabalho solo da cantora, o regressivo ARTPOP. Com a imagem recentemente despojada de Gaga e a paleta musical estilo rootsy, Joanne teria feito mais lógica como sequência evolutiva para o tingido de rock Born This Way (2011). Mas, enquanto ela pode ter evitado os trajes estranhos, por agora, Gaga apenas os substituiu com um tipo diferente de fingimento.

Notas de álbuns lançados anteriormente por Lady Gaga, pela Slant Magazine:

The Fame: 50
The Fame Monster: 70
Born this Way: 80
ARTPOP: 70
Cheek To Cheek: 40

Tradução por Raul Kul

Fonte

Revisão por Vinícius de Souza