Pouco após a apresentação de Lady Gaga no Super Bowl, a revista Time publicou uma das primeiras reviews do show do intervalo, consagrando o espetáculo de Gaga como um dos melhores da história.

Confira a review traduzida:

"O show do intervalo do Super Bowl de Lady Gaga ficou entre os melhores da história, passando ambiciosamente por toda a carreira da artista e colocando à frente as qualidades da mesma. Foi ao mesmo tempo profundamente emocionante e um pouco irônico, com tantas coisas acontecendo que a câmera nem sabia para onde olhar. Foi a artista como um todo - talvez a mais pura expressão do que os fãs de Gaga gostam nela. Lady Gaga chegou no Super Bowl como uma convidada em uma fase não tão boa, com seu álbum Joanne tendo pouco reconhecimento crítico e nenhum single que foi, de fato, um hit. Pior ainda, após ser escolhida, vimos o resultado de uma eleição e a expectativa de que ela - nunca uma artista que se engajava politicamente em excesso, apenas em causas específicas - poderia "ser política" de uma forma não identificada. Eu diria que sua falta de uma afirmação foi uma afirmação: os problemas dos EUA não são responsabilidade dela, e ela tem todo o direito de querer que os eleitores de Trump comprem 'Bad Romance' no iTunes.

Mas talvez o melhor argumento contra qualquer contratempo é trabalhar duro para mostrar o máximo de qualidade e energia que uma pessoa consegue. Sua apresentação começou com ela cantando 'God Bless America' e 'This Land is Your Land', que pareceu menos substancial do que a declaração de independência que ela citou depois - uma popstar que não ligou para as regras normais de gravidade, segurança e bom senso. Qualquer cantor provavelmente conseguiria treinar o suficiente para fazer as acrobacias aéreas de Gaga, mas poucos seriam tão corajosos de abrir o show com elas. Além disso, poucos artistas que têm um hino de direitos civis (no caso de Gaga, a música sobre igualdade LBGT, 'Born This Way', uma música que parece menos brega do que no lançamento) teriam a colocado em terceiro na setlist. Tanto Katy Perry como Madonna - artistas sem pudores no departamento de espetáculos - guardaram suas grandes mensagens para os momentos finais do show.

Tudo foi uma diversão estonteante, uma escapada de realidades difíceis enfeitadas com cetros de cristal (para 'Telephone') e, gloriosamente voltando aos primeiros dias da carreira de Gaga, uma keytar ('Just Dance'). De fato, o show do intervalo pareceu ser um momento para Gaga voltar às suas raízes, e não da forma que ela fez com sua reinvenção musical de 'volta às raízes' no álbum do ano passado. Em seu núcleo, a música pop tem um apelo primário e simples - fazer você dançar e fazer você sentir. Gaga foi esperta o suficiente para, em um palco que apresentava diversas tentações para criar distrações visuais, simplificar sua apresentação apenas com o fundamental. Até a ausência de Beyoncé, a vocalista convidada de 'Telephone', pareceu trabalhar à favor de Gaga; o ícone pop que dominou dois shows do intervalo recentes e as notícias da semana poderiam ter ofuscado as ambições relativamente humildes do ato.

Perto do final, ela flertou com a possibilidade de levar a simplicidade longe demais, como em sua apresentação de 'Million Reasons', que começou com a pergunta de se a plateia estava se divertindo (nós estávamos, Gaga - mas esta é uma música sobre término, então...). Mas ela sempre conseguiu manter a plateia longe dos seus celulares, enfeitando a apresentação com um 'oi' para seus pais que pareceu extremamente gratuito, e um momento final, no qual a cantora desceu do palco e abraçou um membro da plateia enquanto cantava a palavra 'Stay'. Será que foi uma referência à crise dos refugiados e a legislação recente, ou apenas um momento de afeto? Provavelmente não saberemos, mas a hora foi perfeitamente feita para este momento de tentativas: com a estranheza e a tensão resolvida através de humanidade e graça. Em seu número final, 'Bad Romance"', ela apresentou a dança do seu clássico clipe tão perto que até pareceu pouco em um palco tão grande - mas os olhos eram atraídos para o alto devido aos fogos de artifício estourando acima do NRG Stadium, em Houston. Mas isso não importa, e os esforços de um grupo de dançarinos dando o máximo de si, em busca de passar uma mensagem de inclusão, foi afirmação suficiente para uma noite. Pode não ter sido político - mas valeu a pena assistir mesmo assim."

Tradução por Daniel Corzo

Fonte Photos by Getty

Revisão por Vinícius de Souza