Foi divulgado nesta quarta-feira (09) as principais colunas que estarão presentes na edição de outubro da The Oprah Magazine, que possui vínculo com o projeto "2020 Vision", da apresentadora e empresária norte-americana Oprah Winfrey.
Dentre as matérias, encontra-se um artigo escrito por Cynthia Germanotta, mãe de Lady Gaga, que contará um pouco sobre a infância da cantora e como desde a tenra idade, Gaga já buscava melhorar o mundo a sua volta. No fim do artigo ainda há um jogo de 20 perguntas e respostas com Lady Gaga, no qual a Mother Monster expõe sua visão acerca do mundo.
Confira na íntegra o artigo traduzido a seguir:
"Cynthia Germanotta, mãe de Lady Gaga, sobre como sua filha busca 'construir um mundo mais gentil e mais valente'"
"Tanto o talento dela quanto o seu coração já a ajudavam a moldar o seu propósito desde muito pequena" © PHOTO BY CYNTHIA GERMANOTTA
Há duas coisas que eu sempre soube sobre minha filha Stefani, quem você pode conhecer como Lady Gaga: que ela seria uma artista, e que ela sempre teve um coração compassivo. Tanto seu talento quanto seu coração moldaram seu propósito desde cedo. Mesmo durante jardim de infância, se ela visse alguém chorando, ela buscava consolar. Ela também sempre foi única, com seu próprio estilo pessoal e apaixonada pela a vida.
No entanto, nem todos viam essa singularidade como algo especial e quando ela estava no ensino médio, seus colegas começaram a fazer bullying com ela. Esta jovem outrora alegre ficou deprimida e com ansiedade. Ela não entendia o que estava acontecendo com ela, e o pai dela e eu não percebemos os sinais de alerta dessa ansiedade e depressão. Eu não sabia de tudo o que ela estava passando na época, e ela tinha muita vergonha de falar sobre isso. Porém eu sei que ela carrega esses acontecimentos traumáticos até hoje.
Quando a Stefani começou a fazer turnês e conversar com os fãs, eles contavam para ela sobre muitas experiências semelhantes. Ela tinha 22 anos, se conectando com outros jovens que tinham sido, silenciosamente, feridos e ela percebeu que, ao compartilhar sua história, poderia dar esperança aos outros e os convidou para compartilhar o suas vivências também. Essas conexões se tornaram um movimento, o que levou à nossa co-criação da "Born This Way Foundation", em 2012.
Nossa missão é construir um mundo mais gentil e valente. E inspirar os jovens a se atentarem para o seu bem-estar mental, com iniciativas como o "Channel Kindness", uma plataforma para compartilhar histórias de compaixão e resiliência ou o programa para adolescentes "Mental Health First Aid", que ensina como reconhecer e responder aos colegas que possam estar em estado de crise. Cerca de metade dos problemas de saúde mental se desenvolvem antes dos 14 anos, como nossa família experienciou em primeira mão. Em uma sociedade da qual esses desafios ainda são estigmatizados, Stefani vislumbra um mundo onde os jovens estão mais preparados do que ela estava para lidar com essa problemática.
© PHOTO BY THE OPRAH MAGAZINE/BORN THIS WAY FOUNDATION/PROMO Maya Smith, diretora executiva da Born This Way Foundation; Lady Gaga; e Cynthia Germanotta, em novembro de 2019
A Stefani tem sido muito sincera sobre seus desafios e triunfos. Como mãe, acho extremamente difícil ouvir sobre seu sofrimento, mas também admiro profundamente sua vulnerabilidade e coragem. Venho de uma geração da qual não se falava de dificuldades abertamente. Nossos pais cresceram em uma época da verdadeiras durezas, em que se caíssem, tinham de levantar e seguir em frente apenas.
Mas quanto mais ouvia a Stefani e sua irmã, Natali, mais aprendia sobre o poder curativo de compartilhar sua história e o impacto transformador da bondade — com os outros e consigo mesmo. Tem sido um privilégio estar conectada com essa comunidade de jovens que querem ajudar uns aos outros e se curarem. Junto com minhas filhas, elas me inspiraram a me tornar uma mãe melhor e uma líder melhor e assim, eu encontrei meu próprio propósito no mundo.
O QUIZ: Uma rodada de 20 perguntas com Lady Gaga 1. Quando você se sente mais viva? Quando estou na presença da natureza aberta, como o oceano ou montanhas. A internet pode aumentar o meu senso acerca do meu próprio valor. A natureza me lembra que sou pequena e que não sou mais importante do que ninguém.
2. Qual é a coisa na vida que você sempre fez que a deixa orgulhosa? Sempre acreditei em mim mesma. Há uma liberdade em saber, no fundo, que sou boa o suficiente e que a vergonha é apenas um sintoma dos grandes obstáculos da vida.
3. Quem é a pessoa que mais transformou a sua vida? A minha avó. Depois que fui estuprada, chorei no sofá dela por dias. Teve um dia que ela ligou TV na MTV e me disse para eu assistir. Uma artista feminina estava se apresentando. Minha avó disse: "Vou deixar você chorar o restante do dia, mas amanhã você vai voltar e fazer uma mudança real neste mundo. Chega de lágrimas amanhã."
4. O que tem te feito chorar atualmente? Contar a mim mesma histórias antigas que não me servem mais.
5. Qual é o seu lugar favorito na Terra? A minha casa. E também adoro estar na casa da minha família quando estamos todos juntos.
6. Quem é um herói para você? A minha irmã. Eu amo o coração dela, sua mente, sua natureza, que é abundantemente boa e pura. Sua habilidade de rir em momentos difíceis é excepcional. Nós duas podemos estar chorando e, de repente, ela vai e conta uma piada.
7. O que é mais importante para sua saúde mental? A Terapia Comportamental Dialética (TCD). É um método de tratamento baseado em habilidades que mantém minha psique e corpo focados, equilibra minha mente emocional e racional. Eu tenho fibromialgia e mesmo que viver com dor física crônica seja algo difícil, eu aceitei radicalmente que, embora eu não possa encontrar soluções para curar essa minha condição, eu posso me comportar para sair dela com habilidades e rotinas de tolerância à angústia.
8. Se você pudesse enviar uma nota para si mesma em 2030, o que diria? Eu te amo.
9. Sobre o que você já esteve muita errada? Uma vez que me senti tão deprimida que achei que seria uma boa ideia desistir de tudo. É a pior coisa que se pode fazer. Queria ter pedido ajuda. Mas eu me perdôo.
10. O que você adoraria inventar? Uma maneira de enviarmos bondade para as pessoas ao redor do mundo o tempo todo. Não seria algo para alimentar o ego ou uma sinalização de virtude — seria apenas uma simples mensagem diária.
11. Quando em sua vida você precisa de coragem? Sempre. Comecei minha vida com bastante coisa e depois perdi muito. Mas eu escavei fundo nas trincheiras do meu coração para desenterrar uma espécie de velho fóssil amigável. Está dentro de todos nós. Só temos que estar dispostos a fazer o trabalho duro para encontrar isso, e então precisamos descobrir o que fazer com isso. O verdadeiro triunfo é usar nossa coragem para ajudar os outros.
12. Qual é o seu pior hábito? Olhar para retrovisor de o veículo metafórico que é a vida. É um loop que eu não preciso. Minha mãe me dá conselhos sábios: ela diz que não há problema em olhar para o passado, mas é bom que não olhar.
13. Se você pudesse escolher qualquer poder mágico, qual seria? Um que trouxesse paz para mundo instantaneamente.
14. Em quê você pensa durante longas viagens ou voos? Já chegamos?
15. Qual é o sua propriedade mais valiosa? Minha voz.
16. Se você criasse uma cápsula do tempo para ser aberta daqui a 100 anos, o que você colocaria dentro? Cartas dos meus fãs, minha música, e um escrito sobre a história da minha família ítalo-americana.
17. Como você define "alma gêmea"? Alguém que nunca te deixaria para trás se você se perdesse e acho que o sentimento deve ser mútuo. Eu acredito que você pode ter muitas almas gêmeas, e essas não necessariamente têm que ser amantes.
18. O que você mudaria em si mesma? Às vezes eu queria ser mais independente, ter menos medo de paparazzi e de estar em público.
19. Qual é o maior presente que podemos dar um ao outro?A bondade.
20. Qual é o maior presente que podemos dar a nós mesmos? A bondade.
E você, em quê a Lady Gaga mais te inspira? Compartilhe conosco, comente.
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Artigo original em inglês: The Oprah Magazine
