Em entrevista inédita realizada durante um Podcast espanhol, o produtor RedOne falou sobre Lady Gaga, comentando o início de carreira da cantora e o trabalho que os dois fizeram para o "LG5", que acabou descartado.

Confira o áudio e a tradução:

-RedOne: Quando falei com Akon, ele já me disse, quando eu estava trabalhando com Just Dance, Poker Face, LoveGame e muitas outras canções, que estava bem, pois eu já tive contrato com outra companhia, que se chama “Streamline”. Pequena perto da Interscope, pequena mesmo, não tendo nada. Mas quando Akon me perguntou se eu já havia firmado contrato com essa companhia, Interscope... Sendo Akon um grande amigo de Jimmy Lovine, que é o dono da Insterscope, o disse: “tem que alavancar isso!”. E me disse “ok, quando terminar essas músicas, não as entreguem a ninguém”.

-Entrevistador: Se referia a entregar a ele? Para que ele as entregasse a Jimmy?

-E me disse “eu e você vamos até Jimmy Lovine e tocamos as músicas”, isso é o que houve.

-E quantas músicas foram nesse momento?

-Tínhamos sete.

-E todas sete da Gaga?

-Sim.

-E você foi para onde, para “LA”?

-Eu já vivia em Los Angeles.

-Já estava em Los Angeles?

-Eu e Gaga tínhamos decidido viver em Los Angeles. Quando tinha contrato, eu pensei que, sendo Akon amigo de Jimmy Lovine e vivendo em Los Angeles, seria melhor pra mim. Então me mudei para Los Angeles.

-Quando tempo demoram para produzirem juntos, com Gaga?

-É muito fácil. A princípio, antes de Gaga se tornar uma superestrela, foi muito fácil porque eu... nesse momento, meu nome estava por toda parte, então eu a trazia comigo em cada sessão, porque seu estilo de escrever letras é o melhor com os quais eu trabalhei na minha vida. Como letras de uma artista. Então a cada sessão que estava presente, que fazia, a trazia comigo. Então as pessoas pensavam em ouvir a Gaga e sempre disse a Akon: “você tem que dar a ela uma oportunidade. Ela é incrível”. Então estava escrevendo com Akon algumas canções para as Pussycat Dolls a mando de Jimmy Lovine. E LoveGame foi uma canção primeiramente escrita para elas e depois a trouxemos para nós. E depois, quando terminei todas as canções de Gaga, assim como quase todo seu álbum, eu, Akon e um amigo tocamos as músicas para Lovine.

-E o que ele disse?

-“São um grande sucesso. Mas quero essas músicas com as Pussycat Dolls”.

-Ah, não. Meu Deus”

-Exato! Pensei: “Jimmy, são ótimas!” E ele retrucou: “há um problema com essa menina”. E disse que ela o fazia pensar em algo já repetido.

-Madonna?

-Não, Gwen Stefani. Porque contribuíram muito a essa companhia. E eu disse: “não, é muito diferente! Tem seu diferencial!”. E continuei insistindo, insistindo. E Jimmy me disse: “ok, se a coloco como prioridade, você estará com ela em sua promoção? E principalmente, vai estar na divulgação com ela?”. E o respondi que sim, que a faria. E por isso que compartilhou grande parte do projeto à companhia de Konvict. Então posso dizer que eu fiz as canções, mas Akon fez algo que mudou tudo, pois sem esse processo de indicações a Jimmy Lovine, tudo isso nunca haveria ocorrido.

-Quanto foi difícil convencer Jimmy Lovine? Quanto tempo?

-Uma hora e meia. Estávamos muito animados ao tocarmos as canções, como faria em performances. Foi algo muito especial.

-Jimmy é um cara difícil.

-Sim. Jimmy é um gênio, mas um cara difícil. Difícil mudar sua opinião. Mas graças a Deus tudo aconteceu.

-E financiou o “projeto Gaga” e por aí vai...

-Exato. Mas o problema é que demorou um pouco mais de tempo, porque as pessoas não aceitavam.

-Então você quer dizer que quando Gaga, quando seu disco surgiu, foi muito difícil sua aceitação?

-Sim. Just Dance foi muito difícil de ser aceita.

-Just Dance foi difícil de emplacar?

-Sim. Outro que também é um gênio e importante para que tudo isso tenha vindo a tona é Martin Kierszenbaum, o diretor de propaganda internacional.

-As grandes mentes de promoção foram incríveis. Grandes e arrasadores promoters. Me faziam ouvir sempre “RedOne, Konvict...” e eu me perguntava “o que é isso?”. É muito inovador!

-É isso que sempre penso, que se deve fazer algo surpreendente às pessoas. Se você tem uma artista como ela, faça algo especial.

-Era extremamente adiantado ao momento. Para as rádios era muito difícil de se entender e eu sempre reafirmava: “veja, vamos a colocar em momentos de maior cautela”. E todos os promotores me diziam: “nada acontecerá com Lady Gaga”.

-E isso é o que realmente houve. Eu disse a Martin Kierszenbaum: “por favor, não desista. Por favor!”. E essa canção foi sempre assim, nunca perdeu força. Sempre com grandes números no iTunes. Ele também me disse que havia uma solução: a divulgue na Suécia. Ele tinha conhecidos na Suécia e me fez esse favor pessoal, com pedido para alavancar ainda mais a música. E começaram a tocar a música na Suécia, chegando ao número 1 muito rápido. Chegando ao Canadá, também número 1. E, depois, Finlândia. Sempre número 1 porque já tinha uma trajetória. E em todo o mundo, a música Just Dance alcançou o número 1. Até mesmo nos Estados Unidos e Reino Unido, que achávamos que seria muito mais difícil, também alcançou o número 1. Geralmente depois de 11 meses à 1 ano.

-O processo foi muito fácil. Cada canção fizemos em uma, duas horas. Isso porque foi divertido, não tínhamos o que nos atrapalhasse, foi muito fácil.

-Em que momento decidiu acompanhar Gaga em seu caminho?

-Bem, quando as vendas dos álbuns estavam enormes e quando me recorreram se eu poderia fazer mais algumas canções. E assim surge Bad Romance. Depois bombou Alejandro, em seguida. Quando foram divulgadas Bad Romance e Alejandro, com o “The Fame Monster”, 20 milhões de álbuns praticamente foram vendidos. Foi um grande sucesso depois disso. Mas depois, tudo se mostrou mais difícil, muita gente envolvida no corpo criativo... Me entende? A fama.

-Sim... Que pena isso, não?

-Uma pena. Em todo aniversário eu trabalhava, me diziam que tinha que trabalhar e nada sai como era. Não era a mesma coisa. E eu percebi que aquilo não funcionaria. Já está feito. Porque se não funciona, não funciona. Em outros tempos, trabalhar juntos era divertido, mas quando a pressão está grande, e as vezes o artista não se sente bem, não confia em si como confiava antes... foi isso o que aconteceu.

-Isso é notável, não?

-Isso se nota, os números dizem isso.

-Os números dizem e os álbuns dizem isso também. O álbum novo é um álbum que te propõe desfrutar como você desfrutou “The Fame”.

-Quero dizer algo. Me chamaram para esse último álbum. Me disseram: “Red, precisamos trabalhar, já faz tempo que isso não acontece”. E sabe, não tínhamos tentado outra vez. Não tínhamos tentado e acabamos por fazer músicas incríveis. Mas algo aconteceu e foi resolvido que mudariam seu estilo, para algo mais country... E eu pensava o porquê, já temos algo que vai surpreender o mundo! E na verdade é que, quanto a classe discográfica, nossos amigos das rádios, quando escutassem uma música, por exemplo, que se chama “Frankenstein”, poderia surpreender ao mundo e enlouquecer os fãs da Gaga. Mas isso não foi aprovado. Foi decidido fazer outra coisa.

A única música trabalhada por Lady Gaga e RedOne para o "LG5" que chegou a ser lançada é "Angel Down", presente no álbum "Joanne".

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Tradução por Gustavo Duarte Martins

Revisão por Kathy Vanessa