Nos últimos anos Lady Gaga vem sendo considerada por críticos, especialistas e por quem admire ou não o seu trabalho por ser uma "Camaleoa" do universo do entretenimento.

Após adentrar no mundo da música passando pelos mais diversos estilos musicais, nossa Mother Monster não demorou a explorar seus dons artísticos na teledramaturgia, em filmes e séries de televisão e pouco tempo depois no grande sucesso de bilheterias "A Star is Born", que a consagrou como uma grande atriz.

Além disso, Gaga administra sua própria linha de cosméticos, a Haus Labs, que vem arrecando grandes lucros com seus mais diversos lançamentos.

Atualmente a cantora está na Itália realizando as gravações de seu mais novo trabalho para o cinema. O filme "House of Gucci" contará a história da personagem de Gaga, Patrizia Reggiani, e todo o enredo que levou a mulher a assassinar seu marido Maurizio Gucci.

O renomado jornal britânico The Guardian publicou no último domingo (14) uma matéria especial destacando a versatilidade de Lady Gaga em sua carreira como uma artista de múltiplos talentos. O jornal não poupou elogios ao falar sobre a jornada da cantora no mundo da música, no cinema, na política e no universo dos cosméticos.

Confira a tradução completa da matéria:

Lady Gucci é o último disfarce da sempre transmutável Lady Gaga

Cantora pop, ativista, artista, atriz, Stefani Germanotta já assumiu muitas faces

Como Lon Chaney, o grande ator do cinema mudo conhecido como “O Homem de Mil Faces”, Lady Gaga já percorreu papéis, da música a moda, do cinema até a política, transmutando com fluidez criativa, mas permanece – às vezes com rebeldia – a garota da porta ao lado.

Semana passada, a estrela de 34 anos – dias depois de recuperar seus dois bulldogs franceses de um sequestro o qual o cuidador dos cachorros foi baleado e ferido – postou uma foto dela mesma ao lado do ator Adam Driver onde ela está usando um chapéu branco de pele e foi coberta por joias de ouro. Foi uma foto publicitária de House of Gucci de Ridley Scott, um filme baseado na história de Patrizia Reggiani, vulgo Viúva Negra (interpretada por Gaga), que casou – e mais tarde mandou matar – Maurizio Gucci, dono de uma grife de luxo.

Mais de um décimo dos 40 milhões de seguidores de Gaga no Instagram ‘’curtiram’’ a foto, sem falar de seus 84 milhões de seguidores no Twitter e 56 milhões no Facebook. A legião de “Little Monsters”, como os fãs de Gaga são chamados, que a adotaram inicialmente como um símbolo transnacional de autenticidade e inclusão é numerosa. Ela os usou para lançar sua linha de cosméticos na Amazon, Haus Laboratories, que teve inspiração na sua juventude como aspirante a cantora com uma presença excêntrica e poderosa no palco de clubes do centro de Nova Iorque.

“A cor é completamente transformativa – é poderosa, é bonita e é como encontrei minha voz com a maquiagem,” a cantora contou para uma revista no ano passado. Perguntada se ela alguma vez curvaria seus valores para propósitos comerciais, ela respondeu categoricamente: “A resposta é não. Sem chance. Se não tiver mensagem de autoaceitação, sem acordo.”

Mas apesar da linha de cosméticos de Gaga poder transformar sua fortuna de $274 em uma fortuna de bilhão, a voz de Gaga continua sendo a parte mais fundamental. Sua voz a carregou por numerosos álbuns – e uma performance íntima no Oscar da música Shallow (da sua interpretação no filme indicado no Oscar, Nasce Uma Estrela) com Bradley Cooper; sua interpretação do hino nacional dos EUA na posse de Joe Biden em janeiro; e um show para celebrar a nova espaçonave na sede da Apple em Cupertino.

Todos disseram, notou Dorian Lynsky no Guardian em 2011, “poucos artistas populares … conseguiram criar novos códigos abraçando a ambiguidade sexual, o talento indumentário, os jogos arlequim”. Gaga, Lynsky escreveu, foi “uma camaleoa e visionária, uma cantora e compositora, uma musicista e dançarina, que trouxe a noção de arte, uma mistura tentadora de alto conceito e estética tosca de volta para os corredores desgastados do Top 40.”

Mas isso foi há uma década atrás. Nos últimos anos, Gaga – cujo nome real é Stefani Joanne Angelina Germanotta – se tornou algo mais. “Lady Gaga é a Barbra Streisand da nossa geração,” disse Evelyn McDonnell, autor de Women Who Rock: Bessie to Beyoncé. Girl Groups to Riot Grrrl, ao Observer. Pelo menos em termos de ter uma carreira musical gigante e agora uma carreira gigante no cinema, cantar na posse, onde ela parecia estar encarnando Streisand.”

“Ela tem uma marca excêntrica que Streisand tinha em Funny Girl, uma enorme base de fãs na comunidade LBGTQ e também tem o ativismo político,” diz McDonnell. “Há muitos paralelos ali, mas Lady Gaga também está saindo de uma era diferente de punk e techno.”

O fenômeno Gaga – ela com suas mil faces e que disse uma vez “Eu prefiro morrer a ver meus fãs me assistirem sem um par de salto alto” – não mostra nenhum sinal de desaceleração: ela está meramente se movendo para uma nova plataforma.

Ela tem um talento de saber a quem recorrer. Por alguns relatos, seu antigo diretor criativo – e antigo namorado – Matthew Williams, agora diretor criativo da Givenchy, ajudou Gaga a explorar sua persona transformadora original. Em vários momentos, ela recorreu a fotógrafos de moda e diretores de vídeos como Jonas Åkerlund, que gravou o clipe de sua música Paparazzi, entre outros, que ajudaram a evocar a musa que existe em Gaga.

Trabalhar com Ridley Scott, diretor de Blade Runner, é só a última missão. De acordo com a Vanity Fair, existiram boatos de que Angelina Jolie e Leonardo DiCaprio foram cotados para House of Gucci; em outro momento, Penelope Cruz foi cotada para o papel principal.

O roteiro segue Reggiani, uma socialite italiana, que casou com Gucci, o neto de 20 poucos anos do fundador da Gucci, Guccio Gucci, em 1972. O casal se tornou o casal principal dos jornais italianos. Reggiani, frequentemente em óculos escuros e joias chamativas, parecia uma “Elizabeth Taylor milanês,” de acordo com a Vogue.

Lady Gucci, como ela ficou conhecida, ficou famosa por seu estilo de vida e as dívidas que vieram por causa disso. Ela navegou o Caribe em seu iate de 60 metros ou para a única loja da Gucci fora do solo italiano em Gozo. No auge dos gastos, ela gastou 9.000 euros por mês em orquídeas. E ela alimentou o público com algumas frases memoráveis, como: “Eu prefiro chorar em um Rolls-Royce do que ser feliz em uma bicicleta.” Depois de ser condenada por contratar um assassino de aluguel para matar seu agora ex-marido, Maurizio, perguntaram porque ela mesma não atirou. Ela respondeu: “Eu não queria errar.”

Para Gaga, as opções estão abertas. Morando em LA, a ex-nova iorquina se encontra no centro do poder político progressista, graças em parte às raízes profundas de Kamala Harris na indústria da música, através do contato de seu marido com a indústria do entretenimento, Doug Emhoff. Gaga, assim como Streisand que veio antes dela, viaja na companhia do entretenimento e da sociedade política, de Michelle e Barack Obama em Rancho Mirage, a Jay-Z e Beyoncé em a Bel-Air, e o refúgio de Oprah em Montecito.

“Eu acho que é sobre quem ela é. É sobre ser queer, mas não de forma sexual e não ser hétero e orgulhosa de quem você é,” diz McDonnell. “Ela vem de um ambiente de clube que é multissexual e multicultural – o ambiente de Nova Iorque. É aquela coisa de Funny Girl, mas em uma forma mais extrema.”


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Fonte

Arte da capa por @physicaljudas

Tradução por Vanessa Braz de Queiroz