Nesta sexta-feira (07), teve início o TIFF 2018 (Toronto Internacional Film Festival), sendo o primeiro dia do evento, no qual aconteceu a primeira exibição de "Nasce Uma Estrela", especialmente para os críticos.

Por conta do evento, é esperado que sejam liberadas algumas reviews sobre o filme, feitas por sites conhecidos, além de comentários de pessoas diversificadas da mídia.

A Vanity Fair (revista americana sobre cultura pop, moda e política) já se fez presente postando sua review sobre o filme, onde faz vários elogios ao mesmo e enfatiza o desempenho de Cooper e Gaga.

Leia a review completa (contém spoilers):

Quando alcança suas maiores e mais ressonantes notas, o remake de "Nasce Uma Estrela" de Bradley Cooper – estrelado pelo diretor ao lado do ícone pop Lady Gaga – atinge uma dor triunfante e romântica que muitas vezes é exatamente o que queremos vivenciar no cinema. O filme, que foi exibido no "Toronto International Film Festival" após uma estreia muito comentada em Veneza, é solidamente tradicional, sem ser sutil ou excessivamente familiar. Isso é complicado para qualquer grande drama romântico, e ainda mais complicado quando a história foi contada três vezes na tela, mais recentemente em um filme de 1976 estrelado por Barbra Streisand. Ainda assim, Cooper e sua radiante co-estrela mais do que empolgam, elaborando um melodrama sentimental que é, de de certa forma, novo, moderno e vital.

Gaga possui um Globo de Ouro por atuação, então ela não é exatamente uma novata. "Nasce Uma Estrela", no entanto, apresenta-se como uma estreia impressionante, uma consumada artista finalmente revelando o completo gradiente e a natural facilidade de seus talentos. (Bem, quem sabe, talvez ela possa fazer malabarismos também). Mas Gaga é tembém uma verdadeira atriz, transformando-se numa performance fluida e intuitiva que combina perfeitamente com as de suas co-estrelas mais experientes (Sam Elliott também está no filme, com bom efeito. Assim também, de forma estranha, está Andrew Dice Clay.)

Enquanto Ally e o Cooper grisalho, alcoólatra e astro da música country, Jackson Maine, mergulham no amor e na carreira juntos, Gaga encontra maneiras sutis de comunicar a timidez e a força de Ally, como a admirante hesitação de se inclinar para um sonho, talvez finalmente se tornando realidade, é igualada, ou melhor, superada, por uma convicção profunda em seu talento. Gaga, como Cher antes dela, prova que atuar é apenas mais um canal através do qual ela canaliza seu gênio inato (e também difícil de conquistar, com certeza) para entretenimento.

E cara, ela tem um parceiro de cena em Cooper, com o qual talvez tenha feito a performance da sua carreira. (Tudo isso enquanto dirige algo muito bom também!) Jackson é uma bagunça em conserva, uma desordem autodestrutiva que range com tristeza um passado amargo. Mas ele também é arejado em decência; Jackson não é mau ou vingativo. Ele talvez seja cruel numa cena ou duas, mas nós entendemos de onde isso vem. E Cooper é cuidadoso em mostrar a genuína contrição de Jackson, seu anseio de não infligir sua própria dor aos que o rodeavam e a dor de tudo isso quando ele falha. Com seu grunhido engolido e marcha cambaleante, o desempenho de Cooper é grande, mas não sobrecarrega. A totalidade do que Cooper está fazendo existe proporcionalmente a tudo envolta dele, e ele e Gaga fluem com perfeita e terrena química. Estou surpreso que eles não tenham se apaixonado loucamente enquanto faziam o filme.

É algo tão caloroso e generoso. Cooper e seu diretor de fotografia, Matthew Libatique, fotografam em tons exuberantes e saturados, o turbilhão de cenas de concertos dando lugar a trocas íntimas e estreitamente filmadas nos bastidores. Que bons rostos esses dois têm! Um novo, alerta e curioso, o outro enrugado com a bondade cansada. O roteiro de Cooper – co-escrito por Eric Roth e Will Fetters – possui uma redondeza compassiva, mostrando uma afeição por quase todos os personagens, desde os pais falantes de New Yawk até as apoiadoras drag queens (William Belli e D.J "Shangela" Pierce estão no filme, pessoal). O romance no centro - sondando para cima e para baixo enquanto a carreira de Ally explode e Jackson afunda ainda mais em seu desespero - mantém sua verdade visceral por toda parte. É uma conexão convincentemente forjada na criação de outras coisas, fortalecidas por uma necessidade compartilhada de expressar as correntes emocionais de se estar vivo da maneira mais pura e persuasiva possível.

O que eu acho que me leva ao real prazer desse filme: a música. Gaga e Lukas Nelson compuseram uma amostragem de músicas que existem confortavelmente no ambiente do filme, mas que também poderiam (e provavelmente existiriam) existir por conta própria. Cooper tem um sotaque agradável quando canta, projetando uma vibe de fim de tarde e melancolia que lembra "Crazy Heart" (pelo qual Jeff Bridges ganhou um Oscar. Hmm). Gaga faz uma versão divertida de "La Vie En Rose" em um bar gay, um aceno para os fãs gays já legionados do filme (a maior parte dos quais ainda não o viu).

Tudo isso é bom. Mas quando Gaga e Cooper estão cantando em dueto, uivando a música "The Shallow", que é assinada pelo filme, tendo Ally sido arrastada ao palco relutantemente, o filme explode com vida vívida. A câmera de Cooper captura a pressa envolvente quando os corações se abrem e as vidas mudam. Essas cenas de performance são verdadeiramente mágicas, revelando-se na indução arrepiante de um reavivamento religioso e uma coroação. Eles são alguns dos trechos mais espirituosos de filme que você provavelmente verá neste outono.

Como inevitavelmente acontece em histórias como essas (e, especificamente, essa história), uma reviravolta deve ser tomada e as dificuldades enfrentadas a partir de então. Em toda essa crescente escuridão, "Nasce Uma Estrela" pode ser um pouco assombrado pela glória edificante do que veio antes. Mas Cooper sabe que não precisa chafurdar muito, dando a pancada que a maioria de nós sabe que está por vir sem muita enrolação. É a sabedoria desse filme finamente produzido (que estreia auspiciosa para Cooper, o diretor - e graças a Deus, Clint Eastwood, não o dirigiu, como planejado uma vez), que reconhece seu próprio gracioso peso, e que se calibra com tal equilíbrio.

Estou tentado a dizer que, sim, claro, há um pouco de 'breguice' a ser encontrada no filme. Porque é assim que amamos filmes como este, com ressalvas e qualificações que mostram que estamos cientes de que tudo é um pouco bobo. Mas sabe o quê? Eu achei que praticamente tudo em "Nasce Uma Estrela" teve algo de moleza ou exagero emocional. O que eu acho que tantas vezes é confundido com isso é um sentimento grande, sincero e de alto drama, que o filme tem em abundância. Eu amo o ritmo e o barulho desta velha história contada tão bem e tão ricamente marcada com música. Tantas estrelas diferentes nascem - ou, pelo menos, são reinventadas - em "Nasce Uma Estrela" que você sai com o brilho persistente de uma constelação ainda deslumbrante em seus olhos. Se isso é algo brega de se dizer, que seja. Estou impressionado demais com esse filme adorável e satisfatório para me importar.

Nota: 90/100

No Brasil, "Nasce Uma Estrela" tem sua estreia marcada para 11 de outubro.

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Fonte

Tradução por Maria Eduarda Seabra

Revisão por Kathy Vanessa